Syed Salah Kamall, secretário de Estado britânico para a Saúde e Segurança Social, garantiu esta quinta-feira que vai ser possível identificar de forma exata a origem dos traços de vírus da poliomielite recentemente detetados nos esgotos de Londres.
Responsáveis sanitários sublinharam que o risco para a população se mantém extremamente baixo mas que existe a possibilidade do vírus, erradicado no
país em 2003, se espalhar à comunidade.
A Agência de Saúde e Segurança do Reino Unido (UKHSA) lançou um alerta nacional na quarta-feira depois de traços do poliovírus terem sido identificados entre fevereiro e junho em amostras de vigilância de rotina na Estação de Tratamento de esgotos de Beckton que serve cerca de quatro milhões de pessoas no norte e leste da capital.
A deteção deste poliovírus "sugere que é provável que tenha havido alguma disseminação entre indivíduos com relações próximas no norte e leste de Londres", disse a UKHSA, embora até agora não tenha identificado nenhum caso de pessoa infetada. O vírus apenas foi encontrado nos esgotos.
Detetar a origem
Membros do Parlamento questionaram o executivo sobre as medidas adotadas após a identificação das amostras.Lord Kamall garantiu que o NHS, o serviço nacional de saúde britânico, iria “contactar” os pais das crianças em Londres que não foram vacinadas contra a poliomielite. Acrescentou que a mensagem “clara” do Governo era para que toda a população assegurasse que as suas vacinas estavam atualizadas.
O secretário de Estado frisou que o vírus detetado teve origem provavelmente numa pessoa recentemente vacinada contra a pólio noutro país.
A deteção anual nos esgotos de um dos três tipos de poliovírus de estirpes de vacinas é considerada normal no Reino Unido devido a pessoas vacinadas no estrangeiro com vacinas de toma oral que são feitas com o vírus vivo que pode deixar vestígios nas fezes.
A descoberta desta semana, contudo, encontrou o vírus numa série de análises na Estação de Tratamento de Esgotos tendo sido identificado como um organismo que continuou a evoluir e que agora é classificado como um "poliovírus tipo 2 derivado de vacina", que pode causar sintomas graves, como paralisia, em pessoas não vacinadas.
“Está misturado com uma data de outras coisas”, afirmou o Barão Kamall. “Mas o que temos de tentar e perceber é como ir ao longo da conduta, de certo modo, e investigar os canos individuais para perceber se conseguimos localizar a origem”.
O que é e como se dissemina o vírus da polio
O vírus da pólio é altamente contagioso e pode ser transmitido através de tosse e dos espirros da pessoa infectada, mas também através de alimentos, de água ou de objetos que tenham estado em contacto com fezes de alguém infetado.A doença pode provocar a paralisia e não tem cura, afetando sobretudo crianças menores de cinco anos, apesar de poder infetar adultos não vacinados.
O vírus foi erradicado na maior parte do mundo graças a programas globais intensivos e contínuos de vacinação, mas é ainda encontrado no Afeganistão, na Nigéria e no Paquistão.
No Reino Unido, onde o último caso de poliomielite foi registado em 1984, as estatísticas apontam que 95 por cento das crianças até aos dois anos foram vacinadas com o número correto de doses da vacina.
Em Londres os números caem abaixo dos 90 por cento. Segundo a BBC, em Londres apenas 86 por cento dos habitantes têm as três doses contra mais de 92 por cento no resto do Reino Unido.
A UKHSA acredita que o vírus pode ter chegado ao Reino Unido no início deste ano através de uma pessoa vacinada no estrangeiro, possivelmente no Afeganistão, Paquistão ou Nigéria e que essa pessoa possivelmente infetou outros indivíduos.
A agência instou os médicos e profissionais de saúde a "investigar e relatar exaustivamente quaisquer casos suspeitos de paralisia flácida aguda" que não possam ser explicados por causas não infeciosas.
Com agências