Washington critica Israel pelo uso de armas norte-americanas em Gaza

por Lusa

Os Estados Unidos criticaram hoje o uso de armas norte-americanas por Israel na Faixa de Gaza, sem conseguirem concluir que o Exército israelita violou o direito humanitário internacional e as regras que Washington estabelece para a venda de armas.

Esta posição consta de um relatório do Departamento de Estado, divulgado hoje depois de a sua publicação ter sido adiada por vários dias e cujo objetivo era determinar se Israel tinha violado o direito humanitário internacional, o que poderia ter levado os Estados Unidos a deixar de enviar ajuda militar a Israel.

O relatório não chega a concluir que Israel violou o direito internacional e as suas obrigações para com Washington, embora utilize uma linguagem dura ao afirmar que "é razoável avaliar" que armas norte-americanas foram utilizadas pelo Exército israelita, "em alguns casos" de forma inconsistente com as suas obrigações ao abrigo do direito internacional.

Embora estas conclusões representem as declarações mais fortes deste género por parte de autoridades do Governo liderado pelo democrata Joe Biden, o facto de que os EUA não serem capazes de associar imediatamente armas específicas norte-americanas a ataques individuais das forças israelitas em Gaza dão à administração margem de manobra em qualquer decisão futura.

A avaliação inédita, que foi solicitada pelos democratas no Congresso norte-americano, ocorre após sete meses de ataques aéreos, combates terrestres e restrições de ajuda que custaram a vida de quase 35 mil palestinianos, a maioria mulheres e crianças, de acordo com dados do movimento islamita palestiniano Hamas, no poder na Faixa de Gaza.

Embora as autoridades dos EUA não tenham conseguido reunir todas as informações de que necessitavam sobre ataques específicos, perante "a dependência significativa de Israel em artigos de defesa fabricados nos EUA, é razoável avaliar que os artigos de defesa (...) têm sido usados (...) desde 07 de outubro em casos inconsistentes com as suas obrigações de DIH (direito humanitário internacional) ou com as melhores práticas estabelecidas para mitigar os danos civis", pode ler-se no relatório.

Embora os militares de Israel tenham a experiência, a tecnologia e o conhecimento para minimizar os danos aos civis, "os resultados no terreno, incluindo elevados níveis de vítimas civis, levantam questões substanciais sobre se as FDI [Forças de Defesa de Israel] os estão a utilizar eficazmente em todos os casos", sublinha ainda.

Biden está nos últimos meses de uma dura campanha de reeleição contra o republicano Donald Trump e enfrenta exigências de muitos democratas para que corte o fluxo de armas para Israel e denúncias dos rivais políticos que o acusam de vacilar no apoio a Israel num momento de necessidade.

A administração democrata deu um dos primeiros passos para condicionar a ajuda militar a Israel nos últimos dias, quando interrompeu um carregamento de 3.500 bombas devido à preocupação com a ameaça de ofensiva de Israel em Rafah, uma cidade do sul repleta de mais de um milhão de palestinianos.

Israel diz que está a seguir todas as leis dos EUA e internacionais e que investiga alegados de abusos por parte das suas forças de segurança e se a sua campanha em Gaza é proporcional à ameaça existencial que diz ser representada pelo Hamas.

Tópicos
pub