A precisar de descanso

Imagino que se pudesse Jorge Jesus daria uns largos dias de férias ao plantel do Sporting mas o problema é que isso não será possível porque, na quinta-feira, jogam com o Belenenses, para o campeonato, e logo a seguir ao Natal há mais um jogo a contar para a Taça da Liga. O calendário não dá tréguas mesmo que a equipa se prepare para ter alguns dias de folga.

Tive a oportunidade de relatar, para a Antena 1, os jogos com o Légia, em Varsóvia, e, em Setúbal, com o Vitória, para a Taça de Portugal, bem como assistir, pela televisão, à derrota caseira com o Sporting de Braga. Os leões pareceram-me sempre uma equipa pouco intensa e muito cansada, fisicamente, mas acima de tudo do ponto de vista mental. Mais do que treinarem ou jogarem, os jogadores do Sporting parecem precisar de descansar. De parar. De fazerem uma pausa, de ganharem fôlego e recarregar baterias para as próximas batalhas.

Já aqui o escrevi que, em minha opinião, o Sporting tinha à partida para esta temporada um plantel repleto de soluções. Achava mesmo que tinha mais soluções em quantidade e qualidade do que na época passada. É certo que não tinha ninguém como João Mário - o que continuo a pensar - porque Bruno César não é propriamente a mesma coisa e o jogador do Inter de Milão é um bem raro. Mas entendia que Bas Dost seria uma ótima alternativa a Slimani, o que até se tem confirmado. Chegados a este ponto, o facto é que os reforços, talvez à exceção do avançado holandês, têm estado muito longe daquilo que era a expetativa geral e as necessidades do clube.


Markovic tarda em confirmar as suas qualidades. Aliás é uma desilusão. Douglas é um central igual a tantos outros. Petrovic, Meli e Castaignos nem vale a pena perdermos muito tempo com o assunto. Salva-se Joel Campbell. Ou seja, sem reforços de qualidade, as opções de Jorge Jesus têm recaído quase sempre sobre os mesmos jogadores, pelo que não espanta que, neste momento, estejam desgastados e cansados, até porque os resultados não ajudam.

Comparativamente com a época passada, o Sporting já teve mais derrotas, em apenas 14 jornadas, do que na totalidade dos 34 jogos. Em 2016/2017 os leões já averbaram três derrotas – Rio Ave, Benfica e Sporting de Braga – enquanto que, em 2015/2016, perderam apenas por duas ocasiões – União da Madeira e Benfica. Não deixa de ser curioso que esta temporada a equipa de Jorge Jesus perdeu, quase sempre, pontos nos jogos a seguir às jornadas da Liga dos Campeões. Ou seja, foi uma equipa pensada e formada para atacar todas as frentes mas à qual falharam redondamente aqueles que a podiam tornar melhor. Com a reabertura do mercado, agendada para daqui a menos de duas semanas, estão abertas as portas a várias saídas, bem como para algumas entradas. Há pois que por mão à obra.

A partir de agora, com oito pontos de atraso para Benfica, quatro para FCPorto, dois para Sporting de Braga, com os mesmos pontos do Vitória de Guimarães e fora das competições europeias, o Sporting terá de se concentrar exclusivamente nas competições internas. O discurso terá obrigatoriamente de mudar. Jorge Jesus terá de adotar uma comunicação mais condizente com a realidade porque estou em crer que em todas as conferências de imprensa lhe vão perguntar se o título ainda é o objetivo da época. 

O treinador do Sporting terá de passar a dizer que o mais importante será ganhar um jogo de cada vez e que no fim é que se fazem as contas. Para qualquer um dos grandes ser campeão só pode ser o objetivo mas, no caso dos leões, chegar à Liga dos Campeões da próxima época – seja por que via for – terá, neste momento, de ser o objetivo principal. As finanças a isso obrigam. Isso e tentar ganhar uma das taças porque mais um ano sem vencer qualquer prova para as bandas de Alvalade – tal como acontece no Dragão – pode transformar-se num problema ainda maior.

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