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Que Deus nos ajude

Talvez seja um pouco ingênuo mas sempre achei que os árbitros erram porque são humanos. Uns mais competentes do que outros, como em todas as profissões, porque entendo os árbitros como uma profissão, ainda por cima muito bem paga.

Confesso que nunca alinhei com aqueles que olham para os juízes como tendo uma agenda escondida ou ao serviço de qualquer coisa estranha ou de qualquer clube.


Nunca alinhei nas teorias da conspiração que existem no futebol português desde sempre e que não existem noutros campeonatos. Ainda esta semana, em Inglaterra, um árbitro expulsou mal um jogador – West Ham – nos primeiros instantes da partida, com o M. United, e ele pegou nas suas coisas e foi-se embora tranquilamente e sem dramas. Aliás, as decisões são tomadas num tão curto espaço de tempo que se houvesse qualquer tipo de condicionamento ou de preconceito faria dos árbitros uns seres de tal forma superiores do ponto de vista mental que estaríamos em presença de super-homens que, na realidade, não são.

Aqui há uns anos fui convidado pelo então presidente da Comissão de Arbitragem da Liga de Clubes, Vitor Pereira, para participar numa sessão do curso de arbitragem da primeira categoria, em Tomar. Os jornalistas tiveram oportunidade de ver uma série de vídeos que são mostrados aos juízes para uniformizarem os critérios, de fazer uma série de testes e de, no final da sessão, dirigir um jogo em que os árbitros faziam de jogadores e os jornalistas de árbitros. 

Fui árbitro-assistente durante um quarto de hora e percebi que tomar conta de jogadores que só criam dificuldades é algo muito complicado. Ou seja, não foi uma tarefa nada fácil. Não seria uma função que gostasse de desempenhar, principalmente para quem não está treinado para o fazer, como foi e é o meu caso. No entanto, percebi que os árbitros trabalham diariamente, tal como os jogadores, para desempenhar esta função o melhor que sabem ou que podem. E, na verdade, alguns têm mesmo muita qualidade.

Nesta jornada da Taça da Liga tive oportunidade de narrar para a Antena 1 o desafio entre o Benfica e o Vizela. Um jogo tranquilo em que os jogadores não criaram problemas ao árbitro mas onde houve uma grande penalidade, a favor dos campeões nacionais, que não foi assinalada, embora o árbitro tenha marcado a falta fora da área. Foi um erro de avaliação que se aceita. Para Manuel Oliveira foi falta só que à entrada da área. 

A televisão – esse papão – mostrou o contrário. O que já não consigo aceitar foi aquilo que se passou em Moreira de Cónegos quando um árbitro expulsou um jogador – por duplo amarelo – por entender que este o atingiu deliberadamente quando é evidente ter havido um choque casual entre um que estava de frente e parado e outro que recuava de costas. É a velha máxima da física: onde está um corpo não pode estar outro…Bem pode o juiz Luis Godinho – um dos novos internacionais da arbitragem lusitana – dizer que foi por palavras que mostrou o segundo cartão amarelo.

Volto ao início. Não quero ser ingênuo e, com esta idade, já não acredito nem no Pai Natal, nem nos glutões, para além disso não conheço o juiz eborense – nunca falei com ele - mas aquela decisão deixou-me muito preocupado. Foi uma decisão tomada por alguém que julgou uma atuação de um atleta sem ver, sem analisar, sem ponderar, sem ouvir a sua equipa – têm intercomunicação para estas coisas – e bem pode vir agora afirmar que foi por palavras que Danilo Pereira foi para os balneários mais cedo porque, por aquilo que vimos na transmissão televisiva, não foi nada disso que aconteceu. 

Não quero ser injusto mas pareceu-me – é a minha opinião por aquilo que vi – que o juiz tinha o médio portista debaixo de olho e que mais tarde ou mais cedo o desfecho seria este. Foi apenas uma questão de tempo e de oportunidade. Se assim foi…que Deus nos ajude!

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