Apoio aéreo retomado no combate às chamas em Lindoso

por RTP
Arménio Belo - Lusa

O incêndio que deflagrou na madrugada de sábado em Lindoso, no Parque Nacional da Peneda-Gerês, continuava ativo domingo, apesar dos esforços de mais de 150 operacionais. O apoio aéreo foi retomado, depois de a nebulosidade ter impedido atuação de aeronaves durante a manhã. O co-piloto do avião Canadair que caiu no sábado, enquanto combatia o incêndio, está "estável e fora de perigo".

Ao fim da tarde de domingo, o  secretário de Estado da Conservação da Natureza anunciou que as chamas consumiram cerca de 200 hectares, e que os principais esforços de proteção se centravam na Mata do Cabril.

"Dentro do território nacional, estamos a falar de uma área entre 150 a 200 hectares de valores ambientais de proteção parcial e complementar", referiu João Catarino, que tem a pasta da Secretaria de Estado da Conservação da Natureza, das Florestas e do Ordenamento do Território.

"Estamos a fazer tudo para que não chegue à zona de proteção total que é a Mata do Cabril. Aí, sim, temos enormes valores ambientais. É o ex-libris daquele parque nacional, que é o único que temos", declarou, acrescentando esperar que o incêndio consiga ser neutralizado ainda hoje.

Mais de 150 operacionais têm estado a combater o incêndio em Lindoso, Ponte da Barca, desde a manhã de hoje. Embora com dificuldades de acesso no terreno, as operações estão a correr bem, segundo a Proteção Civil.

Ao final da manhã, um dos meios aéreos mobilizados para o combate às chamas voltou na área, depois, de a nebulosidade ter impedido durante algumas horas o recurso a qualquer aeronave.

O comandante operacional de serviço na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) revelou que às 13h00 já estava no teatro de operações um helicóptero pesado ‘Kamov’.

"Temos previsto o empenhamento de meios aéreos ligeiros e de meios aéreos pesados de asa fixa, portanto aviões bombardeiros, agora no início da tarde", acrescentou.

Na página da ANEPC na Internet, cerca das 13h30 estavam já seis meios aéreos alocados ao combate a este incêndio que lavra em Portugal e Espanha, na zona do Parque Nacional da Peneda-Gerês.

Neste momento, estão três helicopetros a ajudar no combate a este incêndio - um transporta água, os outros dois levam bombeiros até às frentes de chamas - , depois de uma manhã de nevoeiro.

"Todo o suporte aéreo que se possa dar nas operações é de extrema importância", afirmou o segundo comandanteda CDOS de Viana do Castelo, Paulo Barreiro.

Embora tenha sido impossível contar com o apoio de qualquer aeronave, as equipas apeadas estiveram "24 dobre 24 horas, desde o dia de ontem", o terreno.

Ouvido pela reportagem da RTP no local o segundo comandante de operações sublinhou que a orografia da Peneda-Gerês oferece uma "possibilidade imensa para ter fogo durante dias".
O incêndio está, nesta altura, a devastar uma zona de dificil acesso, complicando o trabalho dos operacionais no terreno. Por isso, são mesmo necessários os meios aéreos.

À RTP, o segundo comandante das operações que tanto do lado português como do lado espanhol estão "muito meios empenhados de forma dificil" e mantém-se cerca de 150 operacionais no terreno.

O terreno e a "própria vegetação não permitem outro tipo de trabalho"
, explicou ainda.

Depois do acidente aéreo verificado este sábado no combate ao fogo que lavra no Parque Nacional da Peneda-Gerês, as autoridades nacionais decidiram, incialmente excluir os aviões pesados neste cenário.


Esta é uma zona de montanha, com declives muito acentuados, o que tem dificultado o trabalho de combate.
Do lado espanhol, o combate ao fogo está também a ser feito apenas com equipas apeadas.

Cerca de 150 operacionais mantém-se no terreno no combate a este incêndio, que tem sido feito por meios terrestres, com pessoal apeado e com recurso a ferramentas, por se desenvolver numa zona de difícil acesso, devido à inclinação do terreno e a 800 metros de altitude.

A maior parte deste incêndio está a ser combatido em território espanhol. Mais de 24 horas depois de ter sido dado o alerta, os bombeiros portugueses e espanhóis ainda não conseguiram dominar este incêndio.
Co-piloto ferido no acidente do `Canadair` "estável e fora de perigo"
O co-piloto do avião `Canadair` que caiu no sábado enquanto combatia o incêndio que lavra em Portugal e Espanha, na zona do Parque Nacional da Peneda-Gerês, está hoje "estável e fora de perigo", revelou fonte do hospital de Braga.

O homem, de 39 anos e nacionalidade espanhola, sofreu ferimentos graves, está desde sábado internado no Hospital de Braga e encontra-se "estabilizado e fora de perigo"
, confirmou também o autarca de Ponde da Barca.

O acidente com o avião que combatia um incêndio no Parque Nacional da Peneda-Gerês, em Lindoso, concelho de Ponte da Barca, no distrito de Viana do Castelo, vitimou no sábado o piloto, de nacionalidade portuguesa e 65 anos.

Segundo o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), quando o primeiro helicóptero mobilizado para o socorro aos pilotos do `Canadair` chegou ao local, cerca de uma hora depois do alerta, o piloto português estava "em paragem cardiorrespiratória".

A equipa do INEM fez manobras de suporte básico de vida "sem conseguir reverter a paragem".

O INEM assegurou este domingo que o primeiro helicóptero mobilizado para o socorro aos pilotos do ‘Canadair’ que caiu no sábado, quando combatia o fogo que lavra no Parque Nacional da Peneda-Gerês, chegou ao local cerca de uma hora depois do alerta.

“Recebemos às 11h25 o alerta para o acidente [da queda do ‘Canadair’]. Às 12h28, chegou ao local o primeiro helicóptero do INEM mobilizado para o acidente. Aterrou a 300 metros do acidente porque não foi possível aterrar mais perto. Às 12:43, a equipa do INEM, que fez o resto do percurso a pé, estava junto da vítima a prestar-lhe socorro”, disse à agência Lusa fonte oficial do INEM.

O Instituto rejeitou assim que tenha havido atrasos no socorro às duas vítimas do acidente e a fonte contactada pela Lusa acrescentou que o piloto português, de 65 anos, estava “em paragem cardiorrespiratória” quando chegou ao local a equipa do INEM, que fez manobras de suporte básico de vida “sem conseguir reverter a paragem”.
Liga para a Protecção da Natureza preocupada com biodiversidade única da Peneda-Gerês
A maior preocupação neste incêndio, em zona remota, é o impacto ambiental porque está a atingir o Parque Nacional da Peneda Gerês.

"Queremos minimizar os riscos ambientais ao máximo", afirmou o comandante.

Quanto à área devastada pelas chamas em Lindoso, no distrito de Viana do Castelo, o comandante da proteção civil diz que, comparado com outros incêndios no país, "não tem muita extensão".

Pedro Araújo, comandante da Autoridade Nacional de Proteção Civil, diz que a cooperação dos dois lados da fronteira está bem definida.

O presidente da Liga para a Protecção da Natureza, Jorge Palmirim, revela algumas preocupações sobre o incêndio que está a decorrer no Parque Nacional Peneda-Gerês.

Joaquim Palmirim, contactado pela rádio pública refere que este fogo pode estar a destruir fauna e animais neste parque nacional.

Para esta Liga é importante salvaguardar o património natural., sendo este o único parque natural que temos.

Uma região impar e pouco humanizada que se quer preservar, diz o presidente da Liga para a Protecção da Natureza.

Recorde-se que foi no combate às chamas em Lindoso que, no sábado, um piloto português morreu e um piloto espanhol ficou gravemente ferido quando o avião Canadair português em que seguiam se despenhou em território espanhol, a cerca de dois quilómetros da fronteira.

O Ministério da Administração Interna determinou à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) a abertura de um inquérito ao incêndio, que deflagrou no Parque Nacional da Peneda-Gerês, disse à agência Lusa fonte oficial.
Tópicos
pub