Associação critica demolição da "casa de Camilo"

por Agência LUSA

A Associação de Defesa do Monte de Santa Luzia, Viana do Castelo, criticou hoje a anunciada demolição de uma casa onde Camilo Castelo Branco viveu durante dois meses e apelou à Câmara para "salvar" aquele "importante" património cultural.

"Seria um crime de lesa-património histórico e cultural e uma perda irreparável para Viana do Castelo", disse à Agência Lusa o presidente do Conselho Executivo daquela associação, António Monteiro Afonso.

A referida casa situa-se em S. João d'Arga, na encosta do Monte de Santa Luzia, e nela viveu o escritor Camilo Castelo Branco, durante cerca de dois meses, no ano de 1857.

Para a referida associação, a permanência de Camilo naquela casa, embora curta, foi "culturalmente muito significativa", porque foi ali que escreveu os romances "Carlota Ângela" e "Cenas da Foz".

No mesmo período, o escritor assumiu também o cargo de redactor principal do jornal local "A Aurora do Lima", estando estas memórias perpetuadas através de uma lápide afixada na casa há anos, numa iniciativa de "um grupo de amigos da cultura".

Ao longo dos anos, já várias pessoas propuseram, nomeadamente em artigos de imprensa, que esta casa se transformasse em casa-museu, pelo simbolismo cultural que guarda.

A Câmara de Viana do Castelo também já registou explicitamente a Casa de Camilo no Plano de Urbanização da Cidade (PUC), no volume relativo ao Património Cultural Construído e Arqueológico de Viana do Castelo.

"Por tudo isto, pensamos que a Câmara pode, e deve, evitar a demolição da casa", sustentou António Monteiro Afonso.

Contactada pela Agência Lusa, a vereadora da Cultura, Flora Silva, disse que a Câmara "não tem como obrigar o proprietário" a manter a casa de pé, até porque, apesar da tal referência no PUC, "não se trata de um imóvel classificado" nem tem "qualquer valor patrimonial".

"O que a Câmara fez foi sensibilizar o arquitecto responsável pela obra e o proprietário da casa para a importância de conservar a memória de Camilo, e parece-nos que isso vai ser plenamente conseguido, nomeadamente através da afixação de um texto lindíssimo do escritor", acrescentou Flora Silva.

A vereadora assegurou que, com as obras, a memória de Camilo não só vai ser preservada "como até melhorada", e poderá mesmo, como é intenção da Câmara Municipal, "ser integrada no Roteiro Camiliano".

Nada que "convença" a Associação de Defesa do Monte de Santa Luzia, cujos responsáveis prometem para breve novas tomadas de posição e até novas medidas para convencer a Câmara a preservar o imóvel original.


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