Associação de vítimas de abuso na Igreja Católica critica processo de compensação

A Associação Coração Silenciado não entende que a Conferência Episcopal Portuguesa continue sem divulgar o montante global disponível para a reparação das vítimas de abusos sexuais e fala de um "padrão de opacidade, lentidão e desrespeito pelas pessoas que sofreram abusos".

RTP /
Foto: Ana Sofia Rodrigues - RTP

A Associação Coração Silenciado manifesta "profunda preocupação e indignação perante a condução do processo de análise e compensação das vítimas de violência sexual no contexto da Igreja Católica Portuguesa". 

Em comunicado, a associação aponta que se torna mais evidente, a cada nova etapa, a existência de "um padrão de opacidade, lentidão e desrespeito pelas pessoas que sofreram abusos".

O porta-voz da associação, António Grosso, lamenta que não haja informações concretas para as vítimas.
"Até ao momento, não foi divulgada qualquer infromação quanto ao montante global disponível para a reparação das cerca de 90 pessoas já reconhecidas pela Igreja", lê-se no comunicado da associação Coração Silenciado. 

A associação Coração Silenciado critica que cada uma das vítimas não tenha acesso sequer ao texto que vai servir de base à fixação das compensações por parte da Igreja Católica. E exige que as vítimas tenham acesso "imediato e integral" aos pareceres "que lhes dizem respeito". 

"Declara-se que 'o sofrimento não tem preço', ao mesmo tempo que se aguarda a definição de uma tabela que hierarquizará graus de dor e trauma. A tentativa de quantificar o indizível através de escalas internas é, além de eticamente problemática, contrária ao princípio da dignidade igual de todas as vítimas", lê-se ainda. 

Pede-se que o processo "se torne plenamente transparente, digno e centrado nos sobreviventes" e que a Igreja "ponha termos à cultura de ocultação". 

Contactada pela RTP, a coordenadora do grupo Vita não quer, para já, comentar o comunicado da associação que representa as vitimas de abusos na Igreja Católica Portuguesa.

Rute Agulhas diz apenas que estão a distorcer os factos e promete um comunicado para o final do dia. 

Já a Conferência Episcopal Portuguesa, questionada pela RTP, diz não ter "mais a acrescentar além do que já foi dito por diversas vezes", garantindo que quem pediu uma indemnização receberá "informação devidamente fundamentada sobre a decisão."
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