Aurora Dantier, subcomissária da PSP: "Devia ser sempre pena efetiva para violência doméstica. Não devia haver pena suspensa"

Está na PSP há 30 anos. Quando começou, mandaram-na "ir coser meias" e "fazer o jantar ao marido". Uma mulher polícia grávida era vista como inútil. A subcomissária da Polícia de Segurança Pública responsável pelos casos de violência doméstica e abusos a crianças não quer "pena suspensa" para os agressores.

Acabou de fazer um turno de 24 horas. Habituou-se a dormir pouco?

Sim, há muitos anos. Quando ainda era guarda, fazia serviço de segurança. Trabalhávamos três horas, descansávamos três horas, sempre assim. Dormir cinco horas para mim era uma bênção.


Quando é que decidiu ir para a Escola Prática de Polícia?

Não fui eu que decidi. Eu tinha dez anos quando vim para Portugal, sou a mais nova de oito irmãos. Somos de Angola. Na altura, Angola estava em guerra civil e nós eramos mestiços - o meu pai é branco e a minha mãe é negra - e a minha mãe disse que, para a nossa sobrevivência, era melhor voltarmos às origens do meu pai, que é de cá.
 
Acabei o liceu, estava complicado para arranjar emprego e uma tia minha disse-me: "Olha, concorre para a polícia". E eu meti a folha azul de 25 linhas no comando geral da PSP e inscrevi-me.

Que tipo de perguntas eram?

Não eram tão exigentes como atualmente. Vinham a nossa casa, perguntavam aos nossos vizinhos como é que nós eramos, se havia queixas, se tinha tido problemas com a justiça. Pouco mais do que isso. Entretanto chegou a carta a dizer que eu tinha de prestar provas físicas. Eu tinha acabado de sair do liceu, era muito jovem, não tinha muito peso, portanto foi fácil (risos). A minha mãe dizia: "A minha herança deixei-a em Angola. A única coisa que vos posso dar será um emprego, e um emprego consegue-se estudando". Não iam conseguir pagar-me uma faculdade, era muito difícil, eu tinha que garantir pelo menos o meu sustento e o da minha família.


Quando entrou para a escola prática, já tinha um filho...

Sim, quando entrei ele já tinha quatro meses de idade. Eu tinha 22 anos, não foi planeado. Custou um bocadinho, mas a minha mãe e as minhas irmãs ajudaram a tomar conta dele. Foram nove meses na Escola Prática, apliquei-me, tirei boas notas. A seguir vim para Lisboa, passei pela divisão de segurança e instalações, depois pelos serviços administrativos do Comando Geral, depois vim para a 2ª divisão, que era nos Olivais. Entretanto concorri ao Trânsito.

Porquê?

Não era que eu gostasse muito de Trânsito. Cada vez que passava nos transportes públicos, via os meus colegas a regularizar trânsito nos cruzamentos, todos molhados, a apanhar chuva, coitados. Aquilo custava-me imenso! Mas tinha colegas lá que me diziam para ir, que o horário era melhor, fazia-se menos noites. E eu fui.

Entretanto nasceu a minha filha, fiquei de licença e aí tive alguns problemas. Eu e as minhas colegas grávidas. A polícia não estava preparada para receber mulheres polícias grávidas. Foi muito difícil.

Não estava preparada porquê?

Não aceitavam as licenças, as ausências... Os direitos que tínhamos não eram respeitados.

Por exemplo?

Não nos queriam dar as duas horas de amamentação. Na altura a licença era três meses e só ter isso já custou bastante. O ir ao médico... tudo o que fosse estar fora do local de trabalho era muito difícil. Os nossos colegas, quando viam que íamos entrar de licença, ficavam muito chateados. Porque quando ficávamos grávidas já não íamos muito para a rua, com uma barriga não íamos para a rua, e era menos uma pessoa a trabalhar. Chegámos a dizer a alguns: "Desculpa lá, se não formos nós a ter os filhos, quem é que os vai ter? Se fosses casado com uma mulher polícia também gostavas que ela tivesse direitos, não é?".

As próprias mulheres não tinham receio de que, quando voltassem ao trabalho, fosse mais difícil para continuar a progredir na carreira?

Sim, porque tínhamos estado ausentes. Quando eu concorri a sub-chefe ainda estava a amamentar e não queriam que eu fosse fazer provas por estar a amamentar. Foi difícil. Eu disse: "Tenho várias formas de fazer isto, posso tirar o leite, deixar no congelador e depois é aquecido para o bebé beber!" Houve muita resistência, foi até à ultima, mas eu disse: "Vou fazer as provas!" e fui. Depois consegui.

Para os outros, os filhos são um entrave. E para si?

Uma bênção. Uma alegria. Vieram com a mãe para o trabalho algumas vezes. Achavam muita piada à arma da mãe e eu pensava: "Como é que vou esconder a arma em casa sem que eles vão à procura, para não termos nenhum acidente?". Um chefe que me dava formação de tiro disse-me que tínhamos de matar a curiosidade às crianças. Elas tinham que ver a arma. Então, cheguei a casa, chamei o meu filho - na altura com uns cinco, seis anos - desmontei a arma, tirei as munições, pus em cima da mesa e disse-lhe que aquela era a primeira e a última vez que ele ia tocar naquela arma. Ele que fizesse o que quisesse com aquela arma. Ele mexeu, mexeu, mexeu... No fim disse-lhe que nunca mais procurasse por ela, nunca mais pegasse nela, mesmo que a encontrasse. E ele nunca mais a procurou. Com a minha filha fiz a mesma coisa.


A vida de polícia é muito diferente daquilo que imaginava?

No início fiquei surpreendida com as condições de trabalho. Nunca pensei que fossem tão más. O vestiário das mulheres era qualquer coisa simplesmente horrorosa. Era só um corredor onde tínhamos um cabide para pendurar a farda. As casas de banho eram mistas, só mais tarde é que se arranjou uma só para mulheres. As dos homens ficavam muito sujas. Nós queríamos uma só nossa.

Ouviu muitos piropos quando começou?

Piropos e outras coisas desagradáveis. Diziam-nos para irmos lavar meias. Estávamos a regularizar trânsito, os condutores abriam a janela e diziam assim: "O que é que está aí a fazer? Vai coser meias, vai fazer a sopa ao teu marido!" (risos).

E vocês?

E nós: "Paciência, respirar fundo. " Uma das coisas que eu aprendi no trânsito foi a ser tolerante, a ser muito paciente. Os cidadãos transfiguram-se atrás de um volante.

No caso dos piropos, o que é melhor? Ignorar ou responder?

Depende da pessoa do outro lado. Se for mais do que um homem, não vale a pena responder. Porque ele tem força atrás dele que lhe vai dar ainda mais ânimo. Se estiver sozinho, pode-se responder.

Quando se responde, o que é que se diz?
 
Depende da mulher, mas responde-se na mesma medida. Eles não esperam que a mulher responda.
 
Pode dar um exemplo?

Não, porque as respostas que eu dei foram todas desagradáveis (risos). É preciso ver quem está ali. Se for agradável, nós até nos viramos para trás e dizemos assim: "Obrigada! Para si também! Porque também é giro!" (risos). Isto quando se está à vontade. Mas a maior parte ignoro. 

Lembra-se do seu primeiro caso de violência doméstica?

Sim, foi um caso muito grave. Foi na esquadra das Olaias, em janeiro de 2006. O marido tentou atropelar a mulher na rotunda das Olaias. Ela ficou gravemente ferida. Estava grávida, tratámos esta vítima, acompanhamento urgente, ela quis pôr termo à relação, o processo já ia para julgamento... O bebé entretanto nasceu e, oito meses depois, ela fez as pazes com ele. E foram viver novamente juntos, agora com o bebé, os três juntos. Só que foi sol de pouca dura. Logo a seguir ela voltou a ser agredida. Nunca mais me esqueci.

Mas como é que soube que ela tinha voltado para ele?
 
Porque ela veio apresentar novamente queixa. Há novo episódio violento e fomos chamados lá.

Como é que se responde aí? O "eu avisei-te" não funciona...

Nós não temos um clique em que desligamos da primeira agressão. Tem de ser um trabalho feito com a vítima para quebrar o ciclo. Parece um retrocesso, mas não é. Ela conseguiu ficar muitos meses sem ele.
 
Mas voltou a estar com ele.

Sim, mas está estudado que as vítimas fazem sete a oito tentativas para quebrarem o ciclo da violência doméstica. A vítima quando regressa, não regressa como saiu. Já traz mais bagagem. Cada vez que ela sai, sai mais empoderada. Se uma pessoa gosta da outra, neste caso o marido ou o companheiro, não desliga de um momento para o outro. É impossível. Ainda mais quando há filhos associados. Temos de ensinar às vítimas de violência doméstica que quem gosta de nós não nos maltrata.

Mas ouviu isso? "Eu gosto dele, ele até me trata bem..."

Isso é o nosso dia a dia. "Ele nem é mau pai, até é um bom marido, só quando bebe, ou só quando está com os amigos..." Arranjam sempre desculpas para o ato. Depois há pressão da parte da famíia: "Tu não te podes separar, é o teu marido, é o teu karma. Tiveste azar. Olha, ele bebe, paciência. Mas é o teu marido".

Como é que se responde?
 
Dizer sempre que ela não merece aquilo que lhe aconteceu, que a culpa não é dela e que ela consegue ultrapassar aquilo. Com ajuda, claro. Mas que ela merece viver sem violência, tal como os filhos. Num ambiente de violência, as crianças aprendem violência: como se ofende, como se bate, os silêncios, aquele mal-estar. As crianças são uma esponja.


Quando é que começou o seu interesse por estes temas?

Quando comecei a comandar a 12ª esquadra das Olaias, em 2005. Tinha acabado o curso de oficiais, fui comandar a esquadra, tivemos um curso e foi aí que percebi a dimensão que a violência doméstica tinha em Portugal. Passei a ser formadora e comecei a tratar destes temas: violência doméstica e maus tratos a crianças. Em 2007, vim para a 1ª divisão e fui designada coordenadora do Modelo Integrado de Policiamento de Proximidade.

Que trabalho é que fazia aí?

Registar os autos de violência doméstica e tentar ter o máximo de informação possível. Na altura ainda tínhamos o estigma de "entre marido e mulher, ninguem mete a colher". E nós víamos aquelas mulheres maltratadas, sofridas, a chegarem à esquadra, e nós, impotentes, sem podermos fazer nada por elas. Tivemos casos de mulheres a virem completamente nuas para a rua. E nós sem resposta para elas. Eu já estava em funções de comando, tinha obrigação de melhorar o serviço. A partir de 2006, quando o novo auto padronizado de violência doméstica... a policia começou a ter novos mecanismos. Eu tinha que ministrar a formação em violência doméstica aos agentes da minha esquadra.

Que melhoramentos é que foram feitos?

Os autos que nós fazíamos e enviávamos ao Ministério Público começaram a ter mais e melhor informação. Procurar saber quem era o médico de família, saber há quanto tempo ocorria aquilo, que maus tratos havia, etc. Houve grandes progressos em 12 anos.

Sobre as crianças, há uma história sua sobre os pais separados e umas ameaças com uma catana...
 
(Risos) É uma brincadeira que fazemos para os pais caírem na real. Custa tanto ver uma criança que gosta do pai e da mãe a ser disputada por eles para passar o Natal ou o Ano Novo. Ela gosta dos dois. Quando falamos com os pais e os dois estão irredutíveis na sua posição, nós dizemos assim: "Olhe, eu tenho uma catana no carro de patrulha, vou lá buscá-la e vou cortar a criança a meio. Você quer o lado direito ou o lado esquerdo? Escolha!". Eles olham para mim, ficam muito surpreendidos, porque não estão à espera que um polícia diga aquilo. "Vai cortar a criança a meio?". "Então, vocês querem os dois a criança, eu não a posso dividir ao meio. Só cortando-a!". Depois lá caem na real. Alguém tem que ceder.

Na violência doméstica, há um perfil de agressor?

Não há estrato social. Vem do mais alto ao mais baixo. Eu só não gosto quando ficam com pena suspensa. Mexe muito comigo porque... eles continuam cá fora. Para os agressores, aquilo não é nada. Não se sentem condenados. Ficarem com pena suspensa, em violência doméstica, não! É um sentimento de impunidade que fica para os agressores.

É possível ter estudado, ter boas condições económicas, e ser agressor de violência doméstica?

Perfeitamente, mas aí são mais manipuladores e têm mais recursos. Conseguem manipular a vítima, os vizinhos, os amigos, a família.

Porque têm mais estratégias intelectuais para tal?

E sabem como não se expôr. Hoje temos de ter muito cuidado com as novas tecnologias, o Whatsapp... Porque deixam rasto e os agressores vão à procura das vítimas. Nós procuramos que as vítimas adotem medidas de proteção, mas as vítimas às vezes não querem.
 
Não querem como?

Não querem por causa da dependência emocional que têm dos agressores. Até podem querer voltar para aquela pessoa, mas ele tem é de terminar com as agressões, fazer um tratamento. Em muitos casos, a situação é espoletada pelo consumo de álcool e drogas. Se ele fizer um bom tratamento, será que ele consegue ter depois uma vida sem violência? Sim ou não? Talvez. Mas a maioria não quer fazer esse tratamento.

O que é que é mais difícil de gerir? As histórias de mulheres, crianças ou idosos?

Os três. De crianças são as piores. Ver um menino que tinha o rabo todo pisado, olhar uma bebé que foi queimada... Estamos a falar de pessoas completamente desprotegidas. Nas mulheres, tive vários casos de olhar para algumas e pensar: "Como é que é possível que aquela mulher tenha o rosto naquele estado?". Olho negro, nariz partido, maxilar partido... Os idosos custa-me imenso quando são praticados pelos seus próprios familiares.

Acontece muito?

Muito. No fim da vida, quando deviam ter afeto e estar num lar seguro, só recebem empurrões, ficam confinados no seu quarto, roubam-lhes a reforma... Tivemos um caso de uma senhora idosa em que a própria filha conseguiu enganá-la, levá-la para um lar para se apoderar da casa dela, dos seus cartões multibanco, da sua reforma. Isto, da própria filha, que também há-de ser uma idosa depois.

A subcomissária diz que as crianças ainda gritam, mas os idosos não...

Os idosos não apresentam queixa de violência doméstica do filho ou do neto. Nós sabemos dos idosos porque foram dar às urgências do hospital e lá há um técnico que deteta sinais. Mas o idoso diz logo que não quer apresentar queixa. Não querem fazer mal ao neto ou ao filho porque se sentem culpados. Dizem que, se aquele filho está a ter aquele comportamento, é porque ele como pai não lhe transmitiu bem os valores. Pensam: "Sou culpado, tenho de sofrer até ao fim".

Uma forma de chegarmos aos idosos é nos passeios que as juntas organizam: as idas a Fátima, a Óbidos... Vamos com eles, estabelecemos uma relação de confiança, o ambiente de passeio e festa é apelativo, e enquanto estão ali a conviver juntos acabam por ganhar confiança com o polícia e contam.


Como é o seu dia-a-dia hoje em dia?

A minha rotina é avassaladora. Tenho hora de entrada mas não tenho hora de saída. Chego por volta das 8h, antes do alvoroço, para conseguir despachar e-mails sem telefones a tocar. Faço gestão de várias equipas: a equipa da Escola Segura, a equipa do Espaço Júlia (de apoio a vítimas de violência doméstica), a equipa dos supervisores, a equipa das ocorrências... Tenho de gerir as escalas deles. Depois surge qualquer coisa e chamam-se: uma situação grave no Espaço Júlia, uma situação numa escola... Têm de me dar conhecimento de todas as ocorrências, principalmente as mais complexas. Se um professor bateu num aluno, se entrou nas urgências do São José uma vítima de violência doméstica, se chegou uma criança ao Hospital Dona Estefânia, é logo: "Ó sra. sub-comissária, venha cá auxiliar".

Quando chega lá, qual é a primeira abordagem que tem?

É verificar o cenário que temos. E gerir os meios: se chamaram a ambulância, se há crianças, onde é que está o agressor, foi detido, fugiu, não fugiu. E depois encaminhar. Também sou representante na Comissão de Proteção de Menores de Lisboa Centro e regularmente a presidente liga-me a dizer: "Ó sra. sub-comissária, temos aqui um caso grave na CPCJ. Ou porque vão aplicar uma decisão que os pais não vão aceitar e pode haver agressividade, então é preciso mandar agentes. Muitas vezes estou no carro de patrulha, de telemóvel na mão, a distribuir serviços.

Há diferenças entre as mulheres-polícias e os homens-polícias?

Eu tive um chefe que dizia que gostava muito de só ter mulheres na equipa dele, porque as mulheres eram aquelas que autuavam mais (risos). Os homens chegavam a uma altura e fartavam-se. Ficavam ali a discutir, metiam-se mais nos bares, nos cafés e desapareciam. As mulheres não. Se o comandante dizia: "É para limpar aquela rua e autuar aqueles carros todos", as mulheres faziam isso tudo. As mulheres, quando é para cumprir, são mais cumpridoras. Os homens têm mais resistência.

Mesmo em termos de interação com os condutores, as mulheres são mais duras?

Sim, os condutores raramente discutem com uma mulher. Com uma mulher-polícia nunca tinham argumentos, perdiam sempre. Nós entregávamos o auto, eles iam embora zangados mas não discutiam com uma mulher. Acho que é aquela coisa de: "Não vou bater numa mulher", acham que somos inferiores fisicamente, veem-nos como inferiores, mas se calhar até iam ter surpresas (risos). As agentes que trabalham comigo são excelentes profissionais, e estar ela ou estar um colega é igual.

E as condutoras? Também reagem de forma diferente se for uma mulher-polícia do que se for um homem-polícia?

Por exemplo, no trânsito, se for um homem-polícia, algumas mulheres tentam bajulá-lo, tentam dar a volta para não serem autuadas. Com uma mulher não dá. Os homens não fazem isso porque podem ser acusados de estarem ali a fazer uma cantada (risos).

Quer subir mais algum posto?

Está em breve a promoção para o posto de comissário. Pode ser daqui a um ano, pode ser daqui a meses... está para breve.
  
E a seguir?
  
A seguir é ir para a reforma. Tenho 52 anos, daqui a três anos já cumpri os requisitos para a pré-reforma.

Mas quer reformar-se aos 55 anos?

Eu quero sair daqui da polícia com saúde mental. Quero ter capacidade para ajudar os meus pais, os meus futuros netos. Se eu sair daqui completamente esgotada não vou ajudar ninguém.

O que é que aprendeu no seu trabalho que ensinou aos seus filhos?

O meu filho é polícia, tem agora 30 anos, portanto ele já sabe o que se passa nesta casa. A minha filha trabalha no aeroporto de Lisboa. O que eu lhes digo é para serem resilientes. Viver com a frustração. Nós não vamos alcançar tudo o que queremos, mas também não é por isso que vamos desistir. Podemos não ter os meios, pode demorar tempo, mas não podemos desistir.