Calvário Húngaro conquista cada vez mais portugueses

por Agência LUSA

Longe do bulício da venda de artigos religiosos e das promessas de joelhos no Santuário, o Calvário Húngaro é um local de culto que está a conquistar cada vez mais portugueses que acorrem a Fátima, por ocasião da Peregrinação de Maio.

"Aqui há uma paz e um espiritualidade que não encontro em mais lado nen hum", explicou Maria dos Anjos, peregrina de Valongo, que, todos os anos, procur a fazer a Via-Sacra naquela zona que ainda preserva a memória pastoril das Apari ções, em 1917. Junto à aldeia de Valinhos, onde viveram os Pastorinhos, a Via-Sacra pe rcorre os caminhos dos Videntes, desde a Aparição do Anjo até à agora Capela de Santo Estêvão, que foi construída por exilados húngaros durante o período comuni sta. Agora, nas vésperas de mais uma Peregrinação Aniversaria, somam-se aos barulhos dos pássaros e das folhas de oliveira batidas pelo vento o rumor das or ações dos peregrinos, a maioria de nacionalidade estrangeira, que buscam este lo cal como sítio de oração. Carla Manonie é italiana e regressa a Fátima pela terceira vez integrad a num grupo de peregrinos daquele país que vem a Fátima há muitos anos. "Há um ano, estava na Praça de São Pedro e ouvi que o Papa morreu. Ness e momento, prometi que voltaria a Fátima em sua homenagem", afirmou a peregrina, de 29 anos. A memória de João Paulo II está presente em muitos dos peregrinos, nome adamente os estrangeiros, que recordam em particular a devoção mariana do Pontíf ice. O padre Eugéne Palatin vem a Fátima há 25 anos, e soube da notícia do a tentado a João Paulo II em 1981 em pleno Recinto do Santuário. "Foi um momento muito especial. Rezei muito pela saúde de João Paulo II e, como eu, muitos católicos de todo o mundo", recorda o sacerdote francês que também procura sempre dedicar um dia de oração aos Valinhos e ao Calvário Húngar o, como forma de "reflectir no silêncio". "É um sítio muito belo para rezar", afirmou o sacerdote, que também est á ligado à Igreja de Nossa Senhora de Fátima de Paris, um templo da comunidade p ortuguesa que "tem muitos devotos" entre a população francesa. Concluído em 1964, o Calvário mantêm a paisagem original da Serra de Ai re do tempo das Aparições, tendo sido construído somente um caminho de pedra par a as estações da Via-Sacra.

"Nunca tinha vindo aqui mas é muito bonito e é um daqueles sítios que d á vontade de rezar. A partir de agora, sempre que vier a Fátima, também venho aq ui", confessou à Agência Lusa Conceição Pinto, bronzeada dos dias de peregrinaçã o desde Matosinhos até ao Santuário.

A maior parte dos peregrinos no Calvário são estrangeiros que chegam a Fátima em grupos organizados com sacerdotes que depois os acompanham nas orações da Via-Sacra e contextualizam a história dos locais.

Como muitos dos peregrinos portugueses chegam ao Santuário quase em cim a da hora para as cerimónias religiosas, a visita ao Calvário acaba por ser post a de lado, explicou Fátima Grua, que já visita este local há vários anos. "Dantes, só se viam estrangeiros mas agora há cada vez mais portugueses ", afirmou esta peregrina de Lamego, que se mostrava conhecedora dos locais prin cipais de adoração. "Venham ali à Loca do cabeço que era onde os Pastorinhos se guardavam d a trovoada", disse, como que exemplificado, correndo para um grupo de Setúbal qu e parecia "perdido" nos sinais da Via-Sacra. O Calvário termina numa praça central onde está colocada a Capela de Sa nto Estêvão, por onde passam milhares de peregrinos por dia em oração.

Remodelado em 1994, este templo inclui mosaicos que representam as Apar ições na Cova da Iria, as sete dores de Nossa Senhora e a consagração da nação h úngara a Maria, feita pelo primeiro rei daquele país, Santo Estêvão, em 1038.

Nos últimos anos, o antigo bispo de Leiria-Fátima, D. Serafim Ferreira e Silva, tem elogiado a importância desta zona de culto e o Santuário está a des envolver um projecto que visa a criação de um "corredor verde" entre este local e o Recinto, que permita a circulação pedonal dos peregrinos. A busca do silêncio e paz interior que nem sempre é possível no Recinto do Santuário é a razão que está a levar a hierarquia a apostar numa maior promo ção do Calvário e da aldeia dos Pastorinhos.

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