País
Carris Metropolitana propõe ajudar Fertagus e CP com reforço nos autocarros
A Carris Metropolitana chega-se à frente "com algum reforço" para ajudar Fertagus e CP nas situações de sobrelotação de comboios na região de Lisboa. O gestor Faustino Gomes diz que são precisas soluções enquanto não chegam novos comboios.
Gonçalo Costa Martins - Antena 1
É uma hipótese admitida à Antena 1 pelo presidente dos Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML), perante “problemas circunstanciais” na ferrovia.
“Temos que encontrar formas de atalhar aquilo que hoje é um serviço menos bom, relativamente deficiente em alguns períodos do dia”, aponta Faustino Gomes.
E no leque de soluções, joga a carta dos autocarros: “a TML poderá ajudar com algum reforço”, embora “um comboio transporte mais de mil pessoas e um autocarro 50 pessoas”, sublinha.
Em dezembro, os horários da Fertagus foram alterados para ter comboios, pelo menos, a cada 20 minutos de Setúbal a Lisboa, situação que elevou a sobrelotação de carruagens em alguns períodos do dia - a frota continuou a ser de 18 comboios. A concessionária privada viria a ajustar a alternância entre comboios simples e duplos.
Neste caso, a TML, detentora da marca de autocarros da Área Metropolitana de Lisboa (AML) -, admite “complementar” o serviço de comboios.
Por “o serviço em Setúbal ter sido um sucesso, os comboios vêm cheios”, prejudicando os passageiros das estações mais próximas da Ponte 25 de Abril.
“Tem que se encontrar soluções que mitiguem esse decréscimo na qualidade de serviço” e Faustino Gomes diz que “a Carris Metropolitana, a TML e outros modos podem estar aqui para dar algum conforto às pessoas, no sentido da transferência” e da “complementaridade”.
O Governo questionou a CP sobre se seria possível ceder comboios para reforçar a Fertagus, mas a empresa garantiu não ter condições para dispensá-los, levando à procura de outras possibilidades para dar resposta nas horas de ponta.
Além da Fertagus, há casos de sobrelotação dos comboios na CP, como na Linha de Sintra, conforme a Antena 1 mostrou este mês.
A CP espera receber 117 novos comboios - 34 para a linha de Cascais e 16 para outras linhas da Área Metropolitana de Lisboa (Sintra, Azambuja e Sado) - embora o concurso tenha chegado aos tribunais, o que levou o ministro da Coesão Territorial, no ano passado, a referir que as locomotivas só devem chegar depois de 2029.
“Fazia todo o sentido ir assumindo mais responsabilidades” na coordenação de transportes
À margem de uma iniciativa do Plano Metropolitano de Mobilidade Urbana Sustentável (PMMUS), o presidente da TML diz que o objetivo de mudar hábitos de mobilidade “ainda não está a ser totalmente atingido”.
“As pessoas estão a usar muito mais o transporte público”, mas “também não tem diminuído o número de carros”, diz Faustino Gomes, entrevistado pela Antena1.
Num inquérito feito com cerca de 3.200 residentes nacionais da AML, na primavera de 2024, 52% usava transporte individual nas viagens, 24% indicou viagens a pé com mais de 5 minutos e 19% transporte coletivo.
Nos dados do Censos 2021 para a AML, marcados pela Covid-19, a quota modal do transporte individual era 57,6%, a do transporte coletivo 25,4% e dos modos ativos (pedonal e ciclável) 17%
Nos dados do Censos 2021 para a AML, marcados pela Covid-19, a quota modal do transporte individual era 57,6%, a do transporte coletivo 25,4% e dos modos ativos (pedonal e ciclável) 17%
Foto: Pedro A. Pina - RTP
Ainda assim, Faustino Gomes dá o caso da Carris Metropolitana, em que a procura cresceu 24% de 2023 para 2024. Depois do arranque turbulento em 2022, a Carris Metropolitana tem vindo a reforçar a oferta.
Para o gestor dos autocarros que circulam na AML (com exceção de Lisboa, Cascais e Barreiro), “fazia todo o sentido a TML progressivamente ir assumindo mais responsabilidades na coordenação de todos os modos”.
Para o gestor dos autocarros que circulam na AML (com exceção de Lisboa, Cascais e Barreiro), “fazia todo o sentido a TML progressivamente ir assumindo mais responsabilidades na coordenação de todos os modos”.
“As pessoas pedem informação mais coordenada, e isso faz-se se houver uma entidade que ajude a coordenar”, justifica.
Faustino Gomes diz que há conversas com o Governo para trabalhar nas interfaces (locais onde são feitas mudanças entre transportes), mas, de resto, há apenas “declaração política” para essa gestão acontecer no transporte fluvial, sem datas.
Plano para preparar futuro da mobilidade na AML
A pensar no horizonte temporal 2030-2035, a TML está a desenvolver um plano de mobilidade urbana sustentável para a região, com propostas de investimentos.
Em relação ao antigo plano de 2016, há agora uma “estratégia metropolitana” e não “um somatório de vontades” dos 18 municípios.
Há cinco eixos para o plano: melhor transporte público, mais sustentabilidade, mais acessibilidade, mais coesão metropolitana e mais inovação tecnológica.
Para preparar as medidas que serão apresentadas no plano, já houve duas fases de participação pública, a última que terminou este sábado, após outras quatro assembleias com cidadãos da Área Metropolitana de Lisboa.
Além da aposta no transporte público, Faustino Gomes assume que quer trabalhar para reduzir as diferenças que existem entre as duas margens, por exemplo nas acessibilidades.
O gestor salienta que o plano, na margem sul do rio Tejo, estará dependente da construção do novo aeroporto e das novas ligações rodoviárias (a ponte Chelas-Barreiro e o túnel submerso Algés-Trafaria)