O primeiro-ministro defende que é mais importante aumentar o número de funcionários públicos do que aumentar os salários. Em resposta, o secretário-geral da CGTP avisa que o aumento da contratação não pode justificar a manutenção dos congelamentos na Função Pública. A UGT alinha pela mesma ideia.
“Está na dívida e nos encargos da dívida que são colossais. Está nas Parceria Público-privadas, está nos Swaps e noutros serviços que o Estado continua a transferir para a iniciativa privada e que poderiam ser assumidos por trabalhadores da administração pública”, insiste.
Arménio Carlos concorda que é preciso melhorar os serviços públicos mas avisa que “não é admissível que, ao fim de dez anos, os trabalhadores do setor público continuem sem qualquer atualização salarial”.
“Nem é admissível para os trabalhadores do setor público, como muito menos é admissível para os trabalhadores do setor privado porque aquilo que o Governo está a admitir é a possibilidade de o setor privado continuar a bloquear a contratação coletiva e não aumentar os salários”, conclui o líder da central sindical.
A UGT também segue a mesma linha de pensamento. Em declarações à rádio pública, Carlos Silva considera que Costa tem razão em defender que são necessários mais funcionários mas avisa que é preciso valorizar os trabalhadores. “Essa valorização passa também, entre outros fatores que têm sido apresentados pelos sindicatos, por aumentos salariais”, explica o secretário-geral.
“Esperemos que haja disponibilidade do senhor primeiro-ministro, com folga orçamental ou enquadrado no Orçamento do Estado de 2019, para assumir um compromisso em relação a aumentos salariais”, pede Carlos Silva.
A reação das centrais sindicais surge depois de ter sido publicada a segunda parte da entrevista do primeiro-ministro ao Diário de Notícias. O chefe do Governo recorda que o Programa de Estabilidade prevê que, nos próximos anos, o conjunto da despesa com a administração pública aumente em 350 milhões de euros.
António Costa assinala que será preciso manter o “bom equilíbrio dos 350 milhões de euros” e deixa clara a sua opinião: é mais necessário aumentar o número de funcionários do Estado do que subir salários. O chefe do Governo vai ainda mais longe e garante que esta opinião é partilhada com os funcionários públicos.