Concelhia do PSD em Castelo Branco acusa distrital de impor candidatos

por Lusa

O presidente da concelhia do PSD em Castelo Branco, Pedro Lopes, anunciou hoje a demissão do cargo e acusou as estruturas distrital e nacional do partido de estarem a impor candidatos sem auscultarem a organização local.

Em comunicado enviado à agência Lusa, Pedro Lopes, tornou pública a sua saída, admitiu que tomou a decisão devido a "divergências estratégicas relativamente às eleições autárquicas de 2025, nomeadamente relacionadas com o processo de escolha dos candidatos e o não envolvimento da Comissão Política Concelhia neste processo".

Contactado pela Lusa, o presidente da distrital, Manuel Frexes, informou que tem hoje uma reunião com os órgãos nacionais do partido, disse que "o único candidato escolhido é o que vai encabeçar a candidatura" e considerou a tomada de posição de Pedro Lopes uma "precipitação".

De acordo com Pedro Lopes, Manuel Frexes está em conversações com o Movimento Sempre, liderado pelo atual vereador independente e anterior presidente da Câmara de Castelo Branco, Luís Correia, eleito pelo Partido Socialista.

"O presidente da Comissão Política Distrital, em articulação com o Movimento Sempre, e o Coordenador Autárquico Nacional, assumiram o processo, arredando a Comissão Política Concelhia", lamentou Pedro Lopes.

Manuel Frexes respondeu que "este processo iniciou-se em consenso com a concelhia e a distrital", que "todas as decisões eram do conhecimento da concelhia".

"Estamos perante uma precipitação, uma atitude precipitada, provavelmente porque a expectativa dos próprios não corresponde ao que foi a escolha acordada", reagiu o presidente da distrital do PSD.

Pedro Lopes frisou que cabe à concelhia dar parecer sobre as candidaturas e programas aos órgãos autárquicos e lamentou que, "à semelhança do ocorrido" em 2021, quando "o PSD de Castelo Branco obteve o pior resultado da sua história", o processo esteja a decorrer à revelia da estrutura.

"Candidatos e programas eleitorais estão, novamente, a ser impostos pela Comissão Política Distrital em articulação com a Comissão Política Nacional", censurou Pedro Lopes.

O presidente demissionário da concelhia, cargo para o qual foi reeleito há cerca de dois meses, afirmou ter manifestado o seu desagrado com a forma como o processo está a ser conduzido.

"Numa clara extrapolação das suas funções, o presidente da Comissão Política Distrital assumiu, perante a comunicação social, conversações e diálogos com outros partidos, falando em nome da Comissão Política Concelhia, sem nunca e tal como se impunha ter falado ou articulado com a minha pessoa e de acordo com a qualidade que assumia", acrescentou.

Pedro Lopes revelou que a concelhia reuniu, em julho e agosto, com o Movimento Sempre, com o CDS e com a IL, para "única e exclusivamente auscultar as opiniões e posicionamento destes partidos face aos muitos problemas observados na cidade de Castelo Branco".

Após estes encontros, o presidente demissionário da concelhia disse que a estrutura foi arredada e a distrital assumiu o processo, em articulação com o Sempre.

Pedro Lopes frisou que não irá contra os seus princípios e valores, não vai "desonrar os compromissos" assumidos com os militantes e que por isso se demite.

"Não estou disponível para compactuar com atropelos à estipulação estatutária, com o desrespeito a órgãos locais nem, sobretudo, com a falta de compromisso com o concelho e o seu futuro político", vincou o presidente da concelhia social-democrata.

Nas eleições autárquicas de 2021, o PSD elegeu um vereador, João Belém, a quem o partido retirou a confiança política.

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