COVID-19. O fundamental é "rastrear a população" afirma virologista

por RTP

Paulo Paixão, virologista e docente da Faculdade de Ciências Médicas na Universidade Nova, afirmou no Sexta às 9 que, com a informação existente sobre a propagação do novo coronavírus na região, as fábricas de calçado em Felgueiras já deveriam ter sido encerradas.

"Não tenho conhecimento se entretanto já se fizeram testes a todos os contágios. Os que fizeram deram negativos, poderá haver motivo" para o encerramento, afirma.

"Mas da forma como está a ser descrito, claramente, que sim".

O especialista recomenda uma atitude proativa, de mandar as pessoas para casa, mesmo sem existir qualquer caso confirmado.

"O fundamental é rastrear esta população", recomenda o virologista, "fazer testes" para "perceber o que se passa".

"Isso é fundamental", sublinha.

O especialista dá ainda o caso da Suíça, como exemplo do que Portugal pode fazer para quebrar a cadeia de propagação do novo coronavírus. O país conta cerca de mil casos, contra a sua vizinha do sul, a Itália, com cerca de 17 mil.

"Começaram desde logo a aplicar medidas impopulares se calhar, mas que os suíços aceitaram muito bem", logo que começaram a aparecer os primeiros casos.

O especialista apoia completamente as medidas "certas", anunciadas quinta-feira pelo Governo, e considera que Portugal ainda vai a tempo de evitar um cenário semelhante ao de Itália.

Paulo Paixão reconhece que o controle de pessoas vinda de Itália deveria ter sido mais apertado mais cedo, à semelhança do que fez a própria instituição de ensino onde trabalha, que colocou de quarentena todos os que vinham de Milão, "sintomáticos ou não".

A Faculdade acabou por aplicar a mesmas medidas depois aos estudantes provenientes de outros países europeus, mesmo não considerados de risco, como a França

"Provavelmente terá sido um exagero, mas neste momento temos de ser exagerados", considerou.
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