Covid-19. Ordens pedem mais testes e equipamentos de proteção individual

por RTP
As três associações estão preocupadas com o pico da pandemia em Portugal e temem que não se possa dispor, nessa altura, "de um número de profissionais de saúde suficiente" Rafael Marchante - Reuters

Em carta aberta ao primeiro-ministro, conhecida esta quinta-feira, as ordens dos Médicos, dos Enfermeiros e dos Farmacêuticos acusam o Governo, em particular o Ministério da Saúde, de não estar "a acautelar medidas básicas e que podem comprometer todo o esforço de combate a este surto". Destacam desde logo a escassez de equipamentos de proteção individual.

As três estruturas profissionais frisam que o primeiro caso de Covid-19 surgiu no país a 2 de março, "o que nos deveria ter proporcionado uma margem de manobra superior à de outros Estados que foram confrontados com o surto mais cedo e em fases em que a informação sobre as medidas a tomar era mais incipiente".

"Continuam a chegar milhares de relatos de situações muito difíceis que os nossos profissionais de saúde estão a enfrentar no terreno sem estar devidamente acautelada a proteção das suas próprias vidas, dos seus familiares e dos seus doentes", destacam na missiva ao primeiro-ministro.

Lembram também que a falta de equipamentos individuais de proteção está a contribuir para que "entre o número de infetados, ou de pessoas colocadas em quarentena por contacto com caso positivo, estejam muitos profissionais de saúde".
As três associações estão preocupadas com o pico da pandemia em Portugal e temem que não se possa dispor, nessa altura, "de um número de profissionais de saúde suficiente".


"Neste momento são várias as falhas de segurança, faltando desde máscaras, a luvas, fatos de proteção e desinfetantes alcoólicos, o que é extensível à rede de farmácias", assinalam.

Por fim, as três ordens opõem-se ainda à "aplicação conservadora dos testes", tanto nos profissionais como nos casos suspeitos entre cidadãos, tendo em conta a orientação em vigor desde a semana passada, que estabelece que só em caso de febre ou de sintomas respiratórios compatíveis com a Covid-19 é que os médicos são testados.

As associações profissionais referem ainda que esta orientação "vai em sentido contrário ao que se tem feito em países que têm publicado alguns artigos com os bons resultados no controlo do surto", como a Coreia do Sul ou a Alemanha.

"Os primeiros dados, agora consolidados, de que a infeção pode ser assintomática em muitos dos cidadãos reforça a importância de testar mais pessoas na fase de mitigação em que nos encontramos", destacam.

"Vivemos tempos extraordinários, em que todos temos de tomar decisões com base em muito pouca informação, mas temos já uma certeza: antecipar, proteger e testar são três metodologias sem as quais nunca poderemos obter os melhores resultados para Portugal e para os portugueses", concluem na missiva.
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