D. Carlos Azevedo: "Nunca fui a Fátima a pé"

por Rosário Lira - RTP
RTP

A propósito do lançamento do seu livro Fátima: "Das Visões dos Pastorinhos à Visão Cristã", D. Carlos Azevedo confessa à RTP: "Nunca fui a Fátima a pé. Fui educado a manter distância critica, mas acompanhei peregrinações como pároco e pessoalmente sinto-o como um lugar de serenidade e consolação, de incentivo à renovação espiritual e ao compromisso para transformar a história".

E foi com essa distância que durante dez anos presidiu à comissão que produziu a edição critica da Documentação de Fátima, hoje com 14 volumes e dirigiu com o P. Luciano Cristino uma Enciclopédia de Fátima, publicada em 2007 e traduzida para italiano.

Ao olhar para a mensagem de Fátima não tem dúvidas em considerá-la revolucionária. "As visões são aviso para purificar e fortalecer o caminho evangélico profundamente revolucionário, oposto ao discurso mole, cinzento, justificativo e sobretudo erguem-se como incentivo para uma operacionalidade coerente".

Uma mensagem que mantém atualidade. "Repare cresce a incerteza sobre o futuro do ser humano; fervilha uma desconfiança motivada pelos desastres éticos sucessivos nos campos económicos e financeiros, políticos e desportivos; os populismos chegam ao cume dos atuais impérios; a ausência de forte liderança humanista em tantos países os deixa à mercê de jogos de interesses e de violentos grupos fundamentalistas; imprevisíveis movimentos migratórios abrem um multiculturalismo em tensão com identidades perdidas; o fator religioso, debilitado no ocidente cristão está vigoroso num Islão intolerante".

Neste contexto considera que a Igreja "obriga-se a atualizar as narrações originárias de Fátima" e a "reinterpretá-las para ser fiel ao mistério de Deus revelado em Cristo, a quem sim importa ser fiel na linguagem de cada tempo".

Até porque conclui: "As visões interpelam a liberdade para que os cenários previstos como ameaçadores não tenham lugar".
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