Defesa propõe exoneração de Chefe do Estado-Maior da Armada. Decisão é do Presidente da República

por RTP
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O ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, propôs ao Presidente da República a demissão do Chefe do Estado-Maior da Armada, Almirante António Maria Mendes Calado. O ex-coordenador da Task Force da Vacinação é nesta altura o melhor colocado para assumir o cargo. Segundo fontes da Defesa, o vice-almirante Gouveia e Melo vai ser proposto pelo Governo ao Presidente da República para as funções.

Esta terça-feira, o almirante António Mendes Calado foi chamado ao gabinete do ministro da Defesa e informado de que ia ser proposta a sua exoneração ao Presidente da República, Chefe Supremo das Forças Armadas, começou por avançar o Diário de Notícias. De acordo com fontes ligadas à área da Defesa, o atual Chefe do Estado-Maior da Armada, de 64 anos e que foi nomeado pela primeira vez em março de 2018 - sucedendo a António Silva Ribeiro, atual Chefe de Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA) - deverá, por proposta do Governo, sair do cargo.

O Almirante António Mendes Calado tinha sido reconduzido no cargo em fevereiro deste ano, por um período máximo de dois anos. Contudo, no Parlamento manifestou reservas à reorganização da estrutura superior das Forças Armadas proposta pelo Governo e que está em vigor.

Esta proposta de demissão acontece no mesmo dia em que foi anunciado o fim da task force da vacinação, coordenada pelo vice-almirante Gouveia e Melo, que é já considerado o mais provável sucessor de Calado.

Henrique Gouveia e Melo assumiu o comando da task force no passado dia 03 de fevereiro, na sequência da demissão do anterior coordenador Francisco Ramos, que esteve pouco mais de dois meses à frente da equipa.
Crítico de propostas do Governo
Oriundo da Artilharia, Mendes Calado concluiu a sua carreira no mar como comandante da fragata Corte Real, entre julho de 2002 e dezembro de 2005. Nas audições parlamentares deste ano sobre a proposta do Governo para alterar a Lei de Defesa Nacional e a LOBOFA de forma a reforçar o poder do CEMGFA, Mendes Calado, tal como os Chefes do Exército e da Força Aérea, manifestou reservas e apresentou críticas.

Ouvido na comissão parlamentar de Defesa, o almirante António Mendes Calado defendeu que a reforma legislativa - aprovada depois por maioria dos deputados - para alterar a estrutura das Forças Armadas "não pode prejudicar a competência" dos chefes para "comandar e para administrar o respetivo ramo, nem afetar a sua dependência relativamente ao ministro da Defesa Nacional".

De acordo com a uma intervenção escrita, Mendes Calado alertou os deputados para alguns aspetos que a Marinha considerava "essencial" que fossem melhorados nos diplomas, a começar pela "autonomia administrativa dos ramos e à clarificação das dependências dos respetivos Chefes de Estado-Maior".

Os chefes de Estado-Maior dos ramos são nomeados e exonerados pelo Presidente da República, sob proposta do Governo, a qual deve ser precedida da audição, através do ministro da Defesa Nacional, do CEMGFA, prevê a lei orgânica das Forças Armadas.
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