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Enfermeiros concluem "greve cirúrgica" mas há mais pré-avisos

por Carlos Santos Neves - RTP
Em declarações à Lusa, a sindicalista Lúcia Leite adiantou que a média diária dos primeiros dias de greve foi de 500 cirurgias adiadas ou canceladas Rodrigo Antunes - Lusa

Termina esta segunda-feira, último dia do ano, a denominada “greve cirúrgica” dos enfermeiros, que durante mais de um mês condicionou o funcionamento de blocos operatórios nos principais centros hospitalares do país. Dentro de dias haverá negociações com a tutela. Mas são já três os pré-avisos de novas paralisações.

Ouvida pela agência Lusa, Lúcia Leite, à frente da Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE), uma das estruturas que convocaram a “greve cirúrgica”, explicou que as cirurgias adiadas deixaram de ser contabilizadas diariamente. Esta segunda-feira é também o último dia da greve intercalar dos técnicos de diagnóstico e terapêutica, que exigem a revisão de carreiras e uma nova tabela de vencimentos.


Todavia, partindo da média diária do início da paralisação – 500 operações adiadas ou canceladas -, os sindicatos avançam com uma estimativa.

Terão sido mais de dez mil as cirurgias que sofreram o impacto do protesto, se for multiplicada a média diária inicial pelo total de dias úteis da greve.

Com arranque a 22 de novembro, esta greve atingiu, ao todo, cinco centros hospitalares do país: São João, no Porto, Centro Hospitalar e Universitário do Porto, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Centro Hospitalar Lisboa Norte e Centro Hospitalar de Setúbal.

Manuela Sousa, Joana França Martins, André Mateus Pinto, Liliana Claro - RTP (22 de dezembro de 2018)

Outra característica inédita deste movimento de contestação foi o facto de ter sido instituída uma recolha de fundos na internet para os profissionais em greve. O mecanismo de crowdfunding, criado antes mesmo da convocatória dos sindicatos, permitiu angariar uma verba superior a 360 mil euros.

Os profissionais reclamam uma carreira que inclua a categoria de enfermeiro especialista, além da antecipação da idade de reforma e melhores condições no Serviço Nacional de Saúde.
“Extraordinariamente agressiva”
O sucessivo adiamento de cirurgias, entre as quais intervenções a doentes oncológicos, fez disparar o termómetro da tensão no sector da saúde. Com alertas de diferentes agentes.

A Ordem dos Médicos advertiu para o cancelamento de operações a doentes prioritários, exigindo mesmo às administrações dos hospitais a divulgação do número de casos, por via da legislação que torna obrigatório o fornecimento de dados e documentos administrativos.

Por sua vez, os administradores hospitalares retrataram o quadro da greve como “extremamente grave”, tendo em conta a existência de casos críticos com cirurgias inviabilizadas.

A paralisação ainda não havia começado e já a ministra da Saúde tinha classificado a ação como “extraordinariamente agressiva”. E em véspera de Natal Marta Temido admitiu mesmo partir para medidas extremas, à falta de acordo com os enfermeiros.

Sem nunca falar de requisição civil, martelava a ideia de que os utentes não poderiam “ficar reféns de reivindicações profissionais”.

Berta de Freitas, Manuela Sousa, Paulo Rolão, João Agante, João Caldeirinha - RTP (24 de dezembro de 2018)

A governante foi mantendo fechada a porta para negociações com a ASPE e o Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindespor). Situação que se altera na próxima quinta-feira, embora se desenhem já novas greves no horizonte.
“Negociar”
A reunião com a tutela está marcada para a tarde do dia 3 de janeiro e Carlos Ramalho, o presidente do Sindepor, afirma, em declarações citadas pela Lusa, querer “negociar, dialogar e chegara um entendimento”, manifestando a expectativa de encontrar uma vontade análoga do outro lado da mesa.

O Sindepor mantém, mesmo assim, um pré-aviso de greve geral de enfermeiros em todos os serviços para o período de 8 a 11 de janeiro.

Já da ASPE partiram dois pré-avisos de greve - de 7 a 20 de janeiro e de 14 a 28 de janeiro. E estas ações, indicou Lúcia Leite, passam por repetir a fórmula da greve que agora finda, perspetivando-se, desta feita, efeitos nos blocos operatórios dos dois centros hospitalares do Porto e dos centros de Braga, Vila Nova de Gaia/Espinho, Entre Douro e Vouga, Tondela/Viseu e Garcia de Orta.

À Antena 1, a sindicalista afirma estar a ser pressionada para alargar o alcance da paralisação e garante que os enfermeiros estão mais motivados do que nunca.

Antena 1

Em marcha está também uma segunda recolha de fundos na Internet, tendo em vista obter mais de 400 mil euros até dia 14 de janeiro.

c/ Lusa
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