Europa em Portugal - Os baldios da Serra do Gerês

por António Jorge, Antena1

Na paisagem do Gerês pode não ser visível à primeira vista, mas o dinheiro europeu está no território, por exemplo, no Agrupamento de Baldios da Serra do Gerês.

São mais de mil hectares de terreno. São baldios. Servem as comunidades. Servem de pasto, servem madeira, são a paisagem de grande parte desta zona do Parque Nacional da Peneda Gerês. Uma extensão a perder de vista, pelas localidades de Campo do Gerês, Rio Caldo, Ermida, Cabril, Lapela, Fafião, Vilar da Veiga ou Pincães. O Agrupamento de Baldios da Serra do Gerês, começou por ser um projeto-piloto, hoje é um caso de sucesso.

É o que garante o presidente da junta de freguesia de Cabril, Montalegre.Mas sem dinheiro europeu não teria sido viável a realidade que hoje todos se orgulham. O autarca Márcio Azevedo diz que o mérito é sobretudo do modelo de governança, que é rotativa e colegial. Mas, sublinha, claro, o trabalho dos dois técnicos contratados pelo Agrupamento que ele próprio liderou no início.
Márcio Azevedo, presidente da Junta de Freguesia de Cabril. FOTO: António Jorge

A Fundação resultou de um protocolo assinado em julho de 2019 entre o Estado e as Federações Florestais. Entre os associados dos baldios - que se estendem pelos concelhos de Terras de Bouro e Montalegre - está o PNPG - Parque Nacional Peneda Gerês.

Tiago Monteiro, engenheiro florestal indica em cada parcela da paisagem que se avista a partir do Alto da Águia, a intervenção das equipas de trabalhadores: em frente é clara a limpeza do mato. Mais à direita, num ponto difícil de distinguir, chama a atenção para a importante comunidade de medronheiros que ali há.

Tiago Monteiro e Rui Silva, engenheiros florestais. FOTO: António Jorge

Com ele veio Rui Silva, também engenheiro também técnico ao serviço do Agrupamento de Baldios da Serra do Gerês. Fala-me do trabalho de recuperação do número de criadores de gado que voltaram a ter apoios públicos, depois da mudança de regras no encabeçamento - processo de cumprimento dos requisitos para que cada produtor possa receber subsídios. 

Em termos simples, diz ele, por cada cabeça de gado é agora preciso mais terreno que anteriormente. Quando os agricultores não têm que chegue, o agrupamento que "cede" o terreno.

Márcio Azevedo reclama das novas regras. O corte foi de 50%, com a justificação que a área florestal não pode ser zona de pastoreio, diz o presidente da junta de freguesia de Cabril. Não faz nenhum sentido, remata.

Tiago Monteiro tem sido a alma das candidaturas a fundos da União Europeia. Desde 2019 o Agrupamento de Baldios da Serra do Gerês já conseguiu alocar 2.1 milhões de euros em ações no território.

Cabril. FOTO: António Jorge


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