Forças Armadas negam existência de relatório sobre Tancos

por RTP
Segundo o <i>Expresso</i>, o relatório secreto dos serviços de informações militares arrasa a atuação dos poderes político e militar no caso de Tancos Hazir Reka - Reuters

O porta-voz do Estado-Maior General das Forças Armadas garantiu este sábado, em declarações à Antena 1, que não há qualquer relatório sobre o desaparecimento de material de guerra em Tancos.

O porta-voz do Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA) desmente a existência do relatório referido na edição deste sábado do semanário Expresso, segundo o qual se faz uma apreciação muito crítica do desempenho do ministro da Defesa e das chefias militares no caso do desaparecimento de material militar da base de Tancos.

Ouvido pela rádio pública, o porta-voz do EMGFA, Tenente Coronel Hélder Perdigão, garantiu que o Centro de Informações e Segurança Militar "não produziu qualquer tipo de relatório" sobre o caso e acrescenta que "desconhece qualquer documento que tenha aquelas afirmações que são publicadas no jornal".

Antena 1

Esta posição do Estado-Maior foi entretanto reafirmada num comunicado enviado às redações.

“Relativamente à notícia hoje publicada pelo jornal Expresso intitulada relatório explosivo sobre Tancos arrasa poder político e militar e que está a ter eco em outros órgãos de comunicação social, vem o Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) informar que o seu Centro de Informações e Segurança Militar (CISMIL) não produziu qualquer relatório sobre o assunto”, lê-se no texto.Segundo o Expresso, o relatório arrasaria a gestão do ministro da Defesa, Azeredo Lopes, considerada de “ligeireza, quase imprudente”, assim como a atuação do general Rovisco Duarte, Chefe do Estado-Maior do Exército, que ”não terá tirado consequências”.

Já este sábado, confrontado com a notícia do Expresso, o Presidente da República insistira na necessidade de apurar os contornos do presumível furto de armas nos Paióis Nacionais de Tancos, designadamente “se houve ou não atuação criminal, em que é que se traduziu e quem são os responsáveis”.

“O que digo sobre esse caso é sempre o mesmo: os portugueses esperam e o Presidente da República espera que haja o apuramento de uma realidade que é muito importante”, reiterou Marcelo Rebelo de Sousa.

Por sua vez, o primeiro-ministro afirmou desconhecer “em absoluto” a existência de qualquer relatório sobre o caso de Tancos, escusando-se a “tratar assuntos desta relevância no meio de uma campanha eleitoral”.

Também a coordenadora do Bloco de Esquerda foi questionada sobre a notícia do semanário. Catarina Martins disse continuar “a aguardar esclarecimentos cabais do Governo”.

“Eu não posso comentar um relatório que não conheço. O relatório é secreto, é dos serviços de informações, há notícias sobre o relatório, mas nós não conhecemos o relatório. Sobre essa matéria não posso dizer absolutamente nada”, sintetizou a dirigente bloquista.
“Tiques de autoritarismo”
Pedro Passos Coelho veio, por seu turno, acusar o Governo de evidenciar “tiques de autoritarismo”.

“Não sei se o senhor Presidente da República está a par do que se passa, mas o Parlamento não sabe de nada, temos de comprar o Expresso ao sábado para saber o que se passa com o Orçamento, para saber o que passa com os paióis militares, para termos as notícias que o Governo tem a obrigação de prestar ao Parlamento?”, questionou-se o líder do PSD.

Já a líder do CDS-PP voltou à carga com a exigência de demissão do ministro da Defesa.

“Este relatório vem confirmar aquilo que foi sempre a preocupação e a linha do CDS, quando afirmou que o ministro da Defesa não esteve à altura do seu lugar e das suas responsabilidades”, reagiu Assunção Cristas, para acrescentar que o seu partido “não mudou de opinião” sobre as condições de Azeredo Lopes para permanecer no cargo: “Naturalmente tem de ser responsabilizado por esta situação”.

c/ Lusa
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