Fundão ativa Plano de Emergência Municipal devido a incêndio

A Câmara Municipal do Fundão ativou esta segunda-feira à noite o Plano de Emergência Municipal na sequência do forte incêndio que há dois dias lavra na Serra da Gardunha, entre os concelhos do Fundão e Castelo Branco.

RTP /
Paulo Cunha - Lusa

Este fogo começou na localidade de Louriçal do Campo, concelho de Castelo Branco, às 01h27 de domingo, e, entretanto, progrediu para o concelho do Fundão, onde entrou cerca das 17h00 do mesmo dia, mantendo-se fortemente ativo durante toda a noite e dia de hoje, e tendo já passado por várias freguesias da encosta da Serra da Gardunha.

Em nota enviada à agência Lusa, a autarquia fundanense explica que a decisão de ativar este plano foi tomada "por unanimidade" pelos membros da Comissão Municipal de Proteção Civil, face à "dimensão e enorme gravidade do incêndio".

"Com a ativação do Plano pretende-se assegurar a colaboração das várias entidades intervenientes, garantindo a mobilização mais rápida dos meios e recursos afetos ao Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil do Fundão e uma maior eficácia e eficiência na execução das ordens e procedimentos previamente definidos", refere a nota de imprensa.

A informação acrescenta que esta medida visa garantir "as condições favoráveis à mobilização rápida, eficiente e coordenada de todos os meios e recursos disponíveis no concelho do Fundão, bem como de outros meios de reforço que sejam considerados essenciais e necessários para fazer face à situação de emergência".

Pouco antes das 20h00, este fogo rodeou a aldeia histórica de Castelo Novo, tendo mesmo entrado em algumas zonas da aldeia.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara, Paulo Fernandes, explicou que as pessoas estavam a ser concentradas na zona central da aldeia, já que não estavam reunidas as condições de segurança para as retirar da localidade.

Antes disso, o autarca já tinha apelado publicamente às autoridades nacionais para que procedam a um reforço dos meios, salientando que o fogo "está completamente descontrolado".
A23 e EN18 cortada
Além da vasta área florestal que consumiram, as chamas também obrigaram ao corte da Autoestrada da Beira Interior (A23), no troço entre Fundão Sul e a Lardosa (já no concelho de Castelo Branco), bem como das ao corte da Estrada Nacional 18, entre as localidades de Alpedrinha e Vale de Prazeres, e das estradas municipais entre Souto da Casa e Alcongosta, e entre Casal da Serra e São Vicente da Beira, esta última no concelho de Castelo Branco.

Às 21h50, estes cortes ainda se mantinham, segundo indicou à Lusa fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro de Castelo Branco.

À mesma hora estavam envolvidos no combate ao fogo 292 operacionais, auxiliados por 95 veículos, segundo a informação disponibilizada na página da internet da Autoridade Nacional de Proteção Civil. Seis fogos em Santarém, Castelo Branco, Bragança e Vila Real
A Proteção Civil destacou hoje, pelas 19h00, a ocorrência de cinco fogos que lavram nos distritos de Santarém, Castelo Branco, Bragança e Vila Real, indicando que está a ser estudada a eventual necessidade de evacuar algumas localidades.

"Desde as 00h00 de hoje, o país regista já um total de 121 incêndios florestais. Destes 121 incêndios, apenas quatro não foram já dominados ainda durante o dia de hoje", declarou a adjunta de operações da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), no segundo <i>briefing</i> do dia.

Patrícia Gaspar destacou como ocorrências importantes seis fogos: dois no distrito de Santarém, nos concelhos de Ferreira do Zêzere e de Abrantes; dois no distrito de Castelo Branco, nas localidades de Louriçal do Campo e de Vila de Rei; um em Bragança, no concelho de Macedo de Cavaleiros; e outro em Vila Real, no concelho de Santa Marta de Penaguião.

"Mantemos seis planos de emergência de proteção civil ativados, um plano distrital e cinco planos municipais", disse a responsável da ANPC.

A adjunta de operações da Proteção Civil indicou ainda que todos os reforços de combate aos incêndios florestais se mantêm no terreno, com o auxílio de "24 máquinas de rasto a trabalhar nos diversos teatros de operações em curso" e com o apoio de 620 militares da Marinha, Exército e Força Aérea.

Em relação às condições meteorológicas, Patrícia Gaspar afirmou que o cenário para os próximos dias "vai todo ele manter-se muito semelhante" aos últimos dias, prevendo "temperaturas altas, sobretudo no interior, vento, humidades relativas muito baixas e a perder a capacidade de recuperação noturna".

"Por tudo isto, decidiu-se manter o estado de alerta para o dispositivo especial de combate a incêndios florestais no seu nível laranja em todos os distritos do Continente", adiantou a responsável da ANPC, sublinhando que com o cenário meteorológico que se verifica "todo o cuidado é pouco".

Sobre a ameaça de populações devido à proximidade dos fogos, Patrícia Gaspar informou que está a ser avaliada a eventual necessidade de evacuar algumas localidades, sobretudo no incêndio que lavra no concelho de Vila de Rei, no distrito de Castelo Branco.
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