Grávida que morreu no Amadora-Sintra era acompanhada desde julho em cuidados primários
A grávida de 36 anos que morreu no Hospital Amadora-Sintra estava afinal a ser acompanhada, desde julho, na Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados de Agualva.
A administração do complexo hospitalar adianta que só no domingo foi possível verificar este dado, "devido à inexistência de um sistema de informação clínica plenamente integrado".
Segundo a cúpula do Amadora-Sintra, a grávida havia realizado duas consultas de vigilância - uma a 14 julho e outra a 14 de agosto. Foi ainda atentida por duas ocasiões, no hospital, com consultas de obstetrícia a 17 de setembro e 29 de outubro, dois dias antes de perder a vida. Informações só agora partilhadas com o Ministério da Saúde.
Em comunicado conhecido nas últimas horas, o conselho de administração da Unidade Local de Saúde Amadora-Sintra (ULSASI) indica que, "devido à inexistência de um sistema de informação clínica plenamente integrado, que permita a partilha automática de dados e registos médicos entre os diferentes serviços e unidades, apenas ao final da tarde de domingo "foi possível verificar que a utente se encontrava em acompanhamento nos cuidados de saúde primários da ULSASI desde julho de 2025, na Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) de Agualva".
O diretor do serviço de urgência de ginecologia e obstetrícia do Hospital Amadora-Sintra, Diogo Bruno, afirmara, na passada sexta-feira, dia do óbito, que a grávida de 38 semanas estava em paragem cardiorrespiratória quando foi admitida, tendo sido desde logo assistida.
A ULSASI indica então que a grávida fora na quarta-feira ao Hospital Amadora-Sintra "assintomática" para uma consulta de rotina, tendo sido identificado um quadro de hipertensão ligeira. Ainda segundo Diogo Bruno, a mulher "foi apenas por extra cuidado enviada à urgência", onde foi despistada pré-eclâmpsia, e teve alta com sinalização para internamento às 39 semanas de gestação.O conselho de administração do Amadora-Sintra abriu um inquérito interno para apurar todas as circunstâncias deste caso.
Além do hospital, a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde determinou a instauração de um inquérito para avaliar a assistência prestada à grávida. E a Entidade Reguladora da Saúde anunciou a abertura de um processo de avaliação.
A bebé que nasceu da cesariana de emergência morreu no sábado, um dia após a morte da mãe.
c/ Lusa