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Grávida que morreu no Amadora-Sintra era acompanhada desde julho em cuidados primários

A grávida de 36 anos que morreu no Hospital Amadora-Sintra estava afinal a ser acompanhada, desde julho, na Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados de Agualva.

Carlos Santos Neves - RTP /
António Antunes - RTP

A administração do complexo hospitalar adianta que só no domingo foi possível verificar este dado, "devido à inexistência de um sistema de informação clínica plenamente integrado".

Segundo a cúpula do Amadora-Sintra, a grávida havia realizado duas consultas de vigilância - uma a 14 julho e outra a 14 de agosto. Foi ainda atentida por duas ocasiões, no hospital, com consultas de obstetrícia a 17 de setembro e 29 de outubro, dois dias antes de perder a vida. Informações só agora partilhadas com o Ministério da Saúde.

Em comunicado conhecido nas últimas horas, o conselho de administração da Unidade Local de Saúde Amadora-Sintra (ULSASI) indica que, "devido à inexistência de um sistema de informação clínica plenamente integrado, que permita a partilha automática de dados e registos médicos entre os diferentes serviços e unidades, apenas ao final da tarde de domingo "foi possível verificar que a utente se encontrava em acompanhamento nos cuidados de saúde primários da ULSASI desde julho de 2025, na Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) de Agualva".

A informação do acompanhamento em curso desde julho foi entretanto reportada à ministra da Saúde. A administração hospitalar enfatiza que as recentes declarações de Ana Paula Martins no Parlamento, onde referiu que a grávida não teria recebido acompanhamento prévio, tiveram "por base informação e o comunicado emitido pela ULSASI, que se referia ao episódio em concreto que antecedeu o desfecho fatal, que teve lugar no dia 31 de outubro, no Hospital Fernando Fonseca".Recorde-se que a família da mulher natural da Guiné-Bissau havia garantido que a gravidez era acompanhada na Unidade Local de Saúde Amadora-Sintra.

O diretor do serviço de urgência de ginecologia e obstetrícia do Hospital Amadora-Sintra, Diogo Bruno, afirmara, na passada sexta-feira, dia do óbito, que a grávida de 38 semanas estava em paragem cardiorrespiratória quando foi admitida, tendo sido desde logo assistida.

A ULSASI indica então que a grávida fora na quarta-feira ao Hospital Amadora-Sintra "assintomática" para uma consulta de rotina, tendo sido identificado um quadro de hipertensão ligeira. Ainda segundo Diogo Bruno, a mulher "foi apenas por extra cuidado enviada à urgência", onde foi despistada pré-eclâmpsia, e teve alta com sinalização para internamento às 39 semanas de gestação.O conselho de administração do Amadora-Sintra abriu um inquérito interno para apurar todas as circunstâncias deste caso.

Além do hospital, a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde determinou a instauração de um inquérito para avaliar a assistência prestada à grávida. E a Entidade Reguladora da Saúde anunciou a abertura de um processo de avaliação.

A bebé que nasceu da cesariana de emergência morreu no sábado, um dia após a morte da mãe.

c/ Lusa

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