Gravuras rupestres do Vale do Côa podem ser visitadas de barco ou em visitas nocturnas

Gravuras rupestres do Vale do Côa até agora inacessíveis ao público podem ser visitadas de barco a partir de meados da próxima semana por iniciativa do Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC).

Agência LUSA /

O anúncio foi feito terça-feira à noite pela directora do PAVC, Alexandra Lima no colóquio "25 mil anos de arte rupestre no Vale do Côa", que reuniu na Casa Municipal de Cultura da Meda arqueológos, investigadores, autarcas, jornalistas e guias daquele organismo.

A primeira viagem, para jornalistas, vai permitir observar dois painéis gravados no sítio de Vale da Figueira e o sítio do Fariseu, bem como a Canada do Inferno já acessível por via terrestre.

A responsável espera também que as gravuras paleolíticas de Quinta da Barca possam vir a ser visitadas, embora isso dependa de um acordo com o proprietário do local.

Alexandra Lima anunciou ainda, para cada semana de Lua Cheia nos meses de Verão, a realização de visitas nocturnas aos núcleos de gravuras.

Por outro lado disse ser possível organizar visitas vocacionadas principalmente para os jovens.

A directora do PAVC revelou ainda que um conjunto de 110 novos painéis de xisto gravados foi recentemente descoberto por arqueólogos do Centro Nacional de Arte Rupestre (CNART) na zona envolvente do local onde está prevista a construção do Museu de Arte e Arqueologia do Vale do Côa.

Alexandra Lima sublinhou a importância desta infra- estrutura para a captação de um maior número de visitantes e para mostrar uma parte da arte rupestre que não é mostrada, designadamente núcleos de gravuras submersas pela albufeira da barragem do Pocinho ou outros de difícil acesso.

Actualmente, pela sua "visibilidade e acessos" existem três núcleos de gravuras visitáveis: Canada do Inferno, Foz da Ribeira de Piscos e Penascosa.

Defensora da "ligação do Museu ao rio Côa como forma de dinamização da região", Alexandra Lima sugeriu por outro lado que a confecção de réplicas de arte móvel já encontrada nas escavações arqueológicas efectuadas possa ser "mais um elemento atractivo para o visitante".

A criação de Centros de Interpretação nas aldeias da região do Vale do Côa poderá servir, segundo a responsável, como "pontos de divulgação" da arte rupestre e dos valores patrimoniais locais.

Alexandra Lima salientou ainda que o CNART deve promover os estudos científicos do Vale do Côa, mas que ao PAVC compete encontrar vestígios e fazer o "estudo aturado" dos locais onde o Homem Paleolítico esteve.

Por isso é de opinião que tal permitiria "encontrar percursos alternativos à arte rupestre e fazer réplicas dos utensílios de pedra, silex ou outros materiais para que os visitantes pudessem ver as suas técnicas de fabrico.

Um atelier experimental está a ser preparado para talhar ao vivo esses instrumentos, cujo processo de fabrico pode ser acompanho pelas escolas.

Alexandra Lima entende que o PAVC "não é só a arte rupestre, mas todas as manifestações do Homem ao longo dos tempos, entre as quais o período do Ferro ou o Romano".

A responsável manifestou igualmente a opinião de que é possível valorizar os castelos medievais da região, levando os visitantes do PAVC a visitar locais de interesse histórico no exterior do parque, em concelhos próximos.

A directora do PAVC anunciou ainda, para breve, a "criação legal" do Parque Arqueológico do Vale do Côa "com competências sobre o território à semelhança dos Parques Naturais, mas sempre na base de que deve ser motor de desenvolvimento para a região".

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