Hospitais. Governo garante que apenas 473 camas estão ocupadas com casos sociais

por RTP
António Antunes - RTP

A secretária de Estado da Inclusão garante que são 473 as camas ocupadas por pessoas internadas por motivos sociais, apesar de admitir que possa haver casos não referenciados pelo Ministério do Trabalho e da Segurança Social. As declarações chegam depois de, esta sexta-feira, o Barómetro de Internamentos Sociais ter apontado para 1.675 camas ocupadas nos hospitais públicos nestas circunstâncias.

Ana Sofia Antunes diz não entender como o Barómetro chegou a esse número, já que existe uma plataforma conjunta para os hospitais, criada entre a Segurança Social e a Saúde, para fazer a sinalização deste tipo de casos, e que existe desde a pandemia de covid-19.

"Nessa plataforma eu tenho 473 pessoas sinalizadas ao dia de hoje. São estes os números com que eu trabalho, são estas as situações que as equipas sinalizaram em conjunto como precisando de uma alta social", revelou a responsável à agência Lusa.

A secretária de Estado disse não ter uma justificação para o valor apresentado pelo Barómetro, mas defendeu que qualquer estudo sobre esta matéria "nunca deve ser feito só de um lado".

"Aquilo que me parece é um estudo unilateral. Agora, não é isto que deve pôr em causa o trabalho que nós estamos a fazer em conjunto com a saúde", defendeu, lembrando que "durante muitos anos" Segurança Social e Saúde trabalharam de "costas voltadas".

Ana Sofia Antunes admitiu, porém, que possam existir casos que não estejam a ser referenciados pela plataforma e que isso explique, em parte, a discrepância entre os valores.

Segundo a responsável, desde que foi criada a plataforma, em fevereiro, foram criadas 277 vagas para retirar dos hospitais casos sociais, sendo que o objetivo é conseguir 500 camas em seis meses.Essas 277 camas têm estado sempre ocupadas, mas já permitiram que 709 pessoas que eram casos sociais saíssem do hospital onde estavam internadas, adiantou a secretária de Estado.

Por outro lado, garantiu que os casos sociais não estão a ir apenas para estas camas, mas também para Estruturas Residenciais para Idosos (ERPI), nomeadamente para vagas comparticipadas pelo Estado fora dos acordos de cooperação.

"É onde se encontra a solução mais rápida em cada momento", garantiu Ana Sofia Antunes.
“Linha cada vez mais ténue”
Segundo o Barómetro de Internamentos Sociais, os hospitais do Serviço Nacional de Saúde tinham em março deste ano 1.675 camas ocupadas por pessoas internadas por motivos sociais, número que se traduz num aumento de 60 por cento destes internamentos.

À data da recolha dos dados, 20 de março, os internamentos sociais representavam 9,4 por cento do total em hospitais portugueses, excluindo-se as unidades psiquiátricas. Isto com um custo para o Estado calculado em cerca de 52 milhões de euros - em março de 2022, este custo era de 19,5 milhões.

Nas declarações à Lusa, a secretária de Estado explicou que "há uma linha cada vez mais ténue entre aquilo que são os casos médicos e os casos sociais" e que "é cada vez mais difícil estabelecer essa linha", dando conta de que tanto há hospitais a queixarem-se de ter casos sociais, como ERPI de terem casos com um tal grau de necessidade de assistência médica que não deveriam estar naquela resposta.

Ana Sofia Antunes assumiu que serão criadas mais vagas para casos sociais, apontando que estão previstas 27 mil no programa PARES e no PRR, apesar de muitas só estarem previstas para final de 2026.

Alertou no entanto que "não vale a pena ter a ilusão" de que vá haver uma vaga em ERPI para cada idoso, defendendo que é necessário diversificar as respostas para encontrar a melhor solução para a necessidade de cada pessoa.

c/ Lusa
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