Importação de lixo: teia de influências a pairar sobre a Agência Portuguesa de Ambiente

por Soraia Ramos, Sandra Felgueiras, Sandra Salvado, Duarte Valente, João Oliveira, Nuno Tavares, Hugo Melo, Hugo Antunes, Vanessa Brízido, Carlos Felgueiras, Luís Cortesão, Pedro Sousa

O CITRI, empresa que está a importar lixo suspeito de Itália, acaba de enviar análises para sustentar a viabilidade do negócio. O relatório já está na Inspeção Geral do Ambiente.

Para a semana, o inspetor geral desta entidade decidirá se o CITRI pode concretizar o negócio ou se terá de devolver a Nápoles, as quase 7 mil toneladas que já chegaram a Portugal. Mas estão previstas 60 mil toneladas.

Irão todas para o CITRI, empresa de tratamento de resíduos em Setúbal. Foi ela que fechou negócio com os italianos que ganharam este concurso público para aterrar lixo urbano.

À falta de solução interna, e a braços com uma multa europeia de 120 mil euros por dia, Itália decidiu exportar. E Portugal surgiu como destino fácil, até porque a viagem marítima é mais barata.

Por cá, a agência portuguesa do ambiente, responsável por autorizar e fiscalizar os fluxos migratórios de resíduos, não viu razões para duvidar da remessa italiana.

O Sexta às 9 aprofundou a investigação a este negócio que pode chegar aos 9 milhões de euros e detetou uma teia de influências a pairar sobre a Agência Portuguesa de Ambiente.

Logo para começar, o atual administrador do CITRI e ex-secretário de Estado do Ambiente trabalhou com o presidente da APA no governo de Durão Barroso e teve como adjunto e assessora o actual vice-presidente e a vogal desta entidade pública %u2013 o que significa que Pedro Afonso Paulo tem relações muito próximas com três dos quatro responsáveis máximos desta Agencia que licencia a entrada de lixo em Portugal.
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