Reacendimento de fogo no Piodão obriga a corte da A23 e N18
"Devido a um reacendimento no fogo que afeta o concelho do Fundão, informa-se que o fogo se encontra ativo na zona de Alpedrinha e Castelo Novo, pelo que se apela a todas as pessoas destes locais que se mantenham em zonas seguras, adotem comportamentos de autoproteção e que sigam as indicações das autoridades no terreno", lê-se na mensagem.
Contactada pela Lusa, fonte do comando distrital de Castelo Branco da GNR confirmou que o reacendimento do incêndio obrigou ao corte da A23, entre os nós do Fundão Sul e Castelo Novo, e indicou que também foi cortada ao trânsito a Estrada Nacional 18 (EN18).
O incêndio que atingiu o concelho do Fundão começou no dia 13 no Piódão, em Arganil, distrito de Coimbra.
Ao longo de mais de uma semana, este incêndio de grandes dimensões afetou outros concelhos do distrito de Coimbra, assim como municípios do distrito da Guarda e outros de Castelo Branco.
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Avisa que é preciso que a lei seja cumprida na limpeza de florestas e na detenção de incendiários.
Reativação em Alpedrinha
Marcelo promulga diploma do governo com medidas de apoio às populações
Numa publicação na página na Internet da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa indica que "promulgou o diploma do Governo que estabelece medidas de apoio e mitigação do impacto de incêndios rurais".
O Governo aprovou na quinta-feira, numa reunião extraordinária do Conselho de Ministros, em Viseu, um quadro com 45 medidas "a adotar em situação de incêndios de grandes dimensões, com consequências no património e na economia de famílias e empresas", e que pretende permitir, "de forma rápida e ágil, colocar no terreno medidas de apoio às regiões e pessoas afetadas".
Entre as medidas está um apoio financeiro para a "rentabilização do potencial produtivo agrícola e um apoio excecional aos agricultores para a compensação dos prejuízos, mesmo através de despesas não documentadas", até ao máximo de 10.000 euros e apoios à tesouraria das empresas afetadas diretamente pelos fogos e a isenção de contribuições para a Segurança Social, bem como o apoio às que mantiverem os postos de trabalho.
Foi ainda aprovado um apoio para a reconstrução de habitações de residência própria em situações como os incêndios rurais das últimas semanas, prevendo uma comparticipação "a 100% até ao montante de 250 mil euros".
O governo anunciou também um novo "instrumento legislativo" para "funcionar como lei-quadro" em situações como os grandes incêndios rurais, permitindo abrir um concurso para apoiar as autarquias na rápida reparação de infraestruturas.
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Fogo em Castro Daire dominado mas meios ainda no local
"O incêndio foi dominado esta manhã, cerca das 06:00, mas ainda estão alguns meios no local", adiantou a fonte à agência Lusa.
Às 18:45 ainda se encontravam na zona do fogo 63 operacionais com 22 viaturas.
Este incêndio chegou a ter duas frentes, uma com um quilómetro e a outra com um quilómetro e meio, ao final da tarde de sexta-feira.
Na sexta-feira, o comandante da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) admitiu que se tratava de um "incêndio complexo" com "elevadas velocidades de propagação".
O alerta deste incêndio, em Bustelo, freguesia de Almofala, concelho de Castro Daire, distrito de Viseu, aconteceu pelas 17:00.
Pelas 20:30, o incêndio era combatido por 241 operacionais apoiados por 71 veículos, segundo a página da internet da ANEPC.
Durante a tarde estiveram também meios aéreos a ajudar no combate ao fogo.
Quase 60 ocorrências registadas até às 17h00
“De momento temos empenhados na totalidade 2.258 operacionais, apoiados 754 veículos e 30 meios aéreos”, adiantou a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil.
As três ocorrências que apresentam maior preocupação são a de Piódão (Coimbra), São Vicente e Graça (ambos em Pedrógão).
Do total, 49 ocorrências estão em resolução nesta altura.
Município de Mirandela entrega alimentos a produtores afetados
"Começámos a distribuição para pequenos ruminantes e abelhas, ervilhaca e aveia, para ajudar neste momento de recuperação", disse Pedro Lima.
O município fará estas entregas, "semanalmente" para "começar a trilhar o caminho de recuperação" e "manter este potencial produtivo na pecuária".
O incêndio que começou no dia 17 de agosto e foi dado como dominado dois dias depois consumiu mais de "dois mil hectares" de floresta e área agrícola no concelho de Vila Flor, nomeadamente na Vilariça, com "pomares inteiros, olivais e até de vinhas que foram fustigadas".
O município ainda está a identificar a área consumida pelo fogo e vai reunir-se, na próxima terça-feira, com o secretário de Estado das Florestas, com o intuito de reclamar apoios para os agricultores e criadores de gado afetados.
Entre as questões que pretende colocar ao governante, o autarca quer saber "como é que os nossos vitivinicultores com a vindima à porta conseguirão respeitar as suas obrigações e a sua autorização de produção" e "como é que os jovens agricultores que acabaram de concretizar as suas plantações, os seus projetos ou ainda estão a meio deles, conseguem concretizar não só os seus projetos, mas também terem alguma ajuda para algumas produções expectáveis perdidas", explanou.
Pedro Lima quer que algo seja feito para que Vila Flor "continue a ter o dinamismo agrícola e económico que tem".
O Governo já anunciou medidas para ajudar os produtores afetados, entre elas, o apoio de 10 mil euros, através do preenchimento de um formulário "simplex" e sem apresentação de faturação.
O fogo que atingiu o concelho de Mirandela, no distrito de Bragança, começou às 16:00 do dia 17 de agosto em Frechas e Valverde da Gestosa, mas alastrou-se no dia seguinte aos concelhos de Vila Flor e de Alfândega da Fé, também no distrito de Bragança.
Foi dado como dominado no dia 19 de agosto.
Várias localidades evacuadas em Pedrógão Grande
Incêndio em Alvoco da Serra em fase de rescaldo
Casas em risco em Pedrógão Grande
Fogos em Pedrógão Grande já chegaram à Sertã
O comandante Sub-regional de Emergência e Proteção Civil de Leiria, Carlos Guerra, disse à Lusa que os dois incêndios nas freguesias de Pedrógão Grande e da Graça (do concelho de Pedrógão Grande), surgiram com a diferença de cerca de uma hora e cuja distância um do outro é muito curta, causaram projeções que já atingiram o concelho vizinho da Sertã, no distrito de Castelo Branco.
"Nas operações de combate estão todos os meios disponíveis na zona e as dificuldades são acrescidas devido ao vento. O segundo incêndio obrigou-nos a separar os meios no teatro de operações e a reposicioná-los", afirmou o comandante.
Populares falam em falta de limpeza de terrenos em Pedrógão Grande
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Elemento da GNR sofre ferimentos e é transportado para Hospital da Covilhã
Presidente da República elogia populações das zonas afetadas
“Quando digo as populações, digo as populações que vivem cá e os emigrantes, porque muitos emigrantes vieram passar o verão”, acrescentou.
Questionado sobre as queixas de falta de meios de combate às chamas, o presidente lembrou que “Portugal mudou muito ao longo dos últimos 50 anos” e que nas cidades “o fogo é outra coisa”.
“Muitas vezes tem-se dificuldade em perceber o drama de pequenas aldeias” que “estão isoladas no cimo de montanhas e onde o acesso é muito difícil”, afirmou.
O chefe de Estado disse ainda não ser uma questão de “o que falhou”, mas sim “o que é preciso fazer ainda melhor”.
Situação mais controlada em Alvoco da Serra
IC8 e Estrada Nacional 2 cortados
Fogo que teve início em Arganil há 11 dias concentra atenções da Proteção Civil
O incêndio, que começou no dia 13, continua a ser a ocorrência mais significativa e que mobiliza mais operacionais e meios durante a tarde de hoje, regista a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
Pelas 15:11, a ANEPC registava na sua página na internet quatro fogos ativos, o de Arganil e outros três em Arcos de Valdevez (início 09:14), Valpaços (início 13:16) e Viseu (início 14:12).
No total, pelas 15:11, havia 41 incêndios que mobilizavam 2.687 operacionais, 838 meios terrestres e 31 meios aéreos.
A maioria dos fogos estava em fase de resolução ou de conclusão.
Classificado como em despacho, a página da ANEPC registava, pelas 15:13, um incêndio em Pedrógão Grande, com alerta pelas 14:27, onde estavam 267 operacionais, 66 viaturas e nove meios aéreos.
Fonte do Comando Sub-regional de Emergência e Proteção Civil de Leiria disse à Lusa, pelas 15:20, que "os meios estão em despacho", prevendo-se o corte do itinerário complementar 8.
O Instituto Português do Mar e Atmosfera (IPMA) manteve hoje o risco de incêndio "máximo", "muito elevado" ou "elevado" em muitos concelhos do interior Norte e Centro, bem como do Algarve.
O IPMA prevê para hoje céu limpo ou pouco nublado, com mais nebulosidade e formação de neblina ou nevoeiro no litoral oeste, bem como uma pequena subida de temperatura no interior.
Castelo Branco deverá registar a temperatura mais elevada, com 37 graus Celsius, seguido de Évora, com 36º, e Beja, com 35º.
Duas frentes continuam ativas em Seia, avança presidente da Câmara
Luciano Ribeiro explicou à Lusa que uma das frentes que continua ativa é a de Alvoco da Serra, onde estão "mais de 170 operacionais e meios aéreos".
"Foi realizada a defesa do perímetro da aldeia, mas a situação preocupa-nos enquanto o incêndio não estiver apagado", sublinhou.
Reforçando que a preocupação é sempre "com as pessoas, bens e animais", o autarca adiantou que o fogo está a ser debelado em frente às localidades.
"A outra frente ativa está numa zona inacessível, entre Portela da Selada [junto a Loriga] e a Torre, o que dificulta o combate", disse Luciano Ribeiro.
O presidente da Câmara de Seia, no distrito da Guarda, revelou que existe a tentativa de colocar meios apeados nessa zona, embora a dificuldade seja elevada.
"Trata-se de uma zona de mato, sem população por perto. A tarde é quente e o vento incerto, o que requer um forte combate e muita vigilância, pois podem-se verificar projeções", alertou.
Ao longo de mais de uma semana, o fogo que começou no Piódão, em Arganil, no distrito de Coimbra, estendeu-se ao concelho de Seia (distrito da Guarda), aos concelhos de Oliveira do Hospital e Pampilhosa da Serra (distrito de Coimbra) e aos concelhos de Castelo Branco, Covilhã e Fundão (distrito de Castelo Branco).
Portugal continental tem sido afetado por múltiplos incêndios rurais de grande dimensão desde julho, sobretudo nas regiões Norte e Centro.
Os fogos já provocaram quatro mortos, incluindo um bombeiro, e vários feridos, alguns com gravidade, e destruíram total ou parcialmente casas de primeira e segunda habitação, bem como explorações agrícolas e pecuárias e área florestal.
Portugal ativou o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, ao abrigo do qual dispõe de dois aviões Fire Boss, um helicóptero Super Puma e dois aviões Canadair.
Segundo dados oficiais provisórios, até 23 de agosto arderam cerca de 248 mil hectares no país, mais de 57 mil dos quais só no incêndio que teve início em Arganil.
Marcelo marca presença no funeral de homem que morreu no combate às chamas
Operadores de pirotecnia pedem ajuda ao primeiro-ministro
Para prevenir incêndios. GNR realiza patrulhas a cavalo
Com 16 fogos ativos. Sitaução está mais calma em Espanha
Há várias semanas que Espanha também enfrenta grandes incêndios. Estima-se que, em 15 dias, tenham ardido 358 mil hectares.
Os dados são Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais.
Os incêndios da Galiza e de Zamora estão entre os com maior extensão de área ardida na última década.
Serra da Lousã. Apicultores com milhares de euros de prejuízos
Incêndios. Xavier Viegas defende mais meios para as populações
Já especialista em incêndios, Xavier Viegas, fala numa guerra e diz que é preciso dar meios às populações para se defenderem das chamas.
Morreu operacional que estava internado no hospital de São João
PR apresenta condolências à família do operacional que morreu hoje
Numa nota publicada no 'site' da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa apresentou "sentidos pêsames à Família de Daniel Esteves, Sapador Florestal da Afocelca, que tragicamente perdeu a vida na sequência do combate direto aos incêndios florestais no concelho do Sabugal".
Também a Afocelca, empresa de proteção florestal detida pelos grupos do setor da celulose Altri e Navigator, manifestou hoje, em comunicado, "profundo pesar" pela morte do seu operacional, que ocorreu esta madrugada na sequência dos ferimentos em operações de combate ao incêndio no concelho do Sabugal.
A empresa endereçou ainda "as mais sinceras condolências à família, colegas e amigos" do trabalhador, indicando que está "disponível para prestar todo o apoio necessário".
Também a Altri endereçou "à família, amigos e colegas do Daniel, as mais sinceras condolências", avançando, também em comunicado, que está "disponível para, em conjunto com a Afocelca, prestar todo o apoio que seja necessário".
PJ detém suspeitos de crime de incêndio florestal na Lousã
Os suspeitos, de 20 e 30 anos, com uso de chama direta (isqueiro), atearam o incêndio num terreno rural, que se encontra em pousio e composto por densa vegetação espontânea (herbáceas e silvas), localizado junto a habitações e nas imediações da grande mancha florestal da Serra da Lousã.
De realçar que, nesse dia, verificavam-se condições de risco máximo de incêndio, com temperaturas muito elevadas e baixa humidade relativa, propícias a causar um incêndio de grandes dimensões, pelo que só a rápida e eficaz intervenção dos Bombeiros Municipais da Lousã, evitou que isso acontecesse.
Loriga e Alvoco da Serra com frentes ativas
Ao longo de mais de uma semana, o fogo que começou no Piódão, em Arganil, no distrito de Coimbra estendeu-se ao concelho de Seia (distrito da Guarda), aos concelhos de Oliveira do Hospital e Pampilhosa da Serra (distrito de Coimbra) e aos concelhos de Castelo Branco, Covilhã e Fundão (distrito de Castelo Branco).
Proteção Civil espanhola diz que "o pior já passou"
Em declarações à estação de televisão espanhola TVE, citadas pela AFP, Virginia Barcones explicou que "não resta muito e o fim está próximo".
"Precisamos de fazer um último esforço para pôr fim a esta situação terrível", acrescentou a diretora-geral da Proteção Civil espanhola, admitindo que "o pior já passou".
Neste momento, adiantou ainda Virginia Barcones, estão ativos 18 incêndios florestais, "17 dos quais em `situação operacional 2`", nível que significa perigo para pessoas e casas. O mais preocupante é o incêndio em Igueña, na região de Castela e Leão.
Os incêndios das últimas semanas em Espanha já queimaram perto de 400 mil hectares, um recorde anual no país, segundo os dados, ainda provisórios, do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS), que tem registos comparáveis desde 2006.
Espanha é o país da UE com maior área ardida este ano até agora e há registo de, pelo menos, quatro mortes.
Centenas de pessoas foram retiradas das suas casas, sendo que muitos moradores já conseguiram regressar nas últimas 24 horas.
Depois da onda de calor que durou 16 dias e cujas temperaturas registadas atingiram os 45ºC em algumas regiões de Espanha, as previsões apontam para descidas de temperatura e diminuição da intensidade do vento, resultando em "condições mais favoráveis" para apagar os incêndios, explicou ainda Virginia Barcones.
Morreu operacional que estava internado no São João
Pertencia a uma empresa privada de combate aos fogos, a Afocelca.
O homem, de 45 anos, estava com 75 por cento do corpo queimado. Sofreu ferimentos graves, na passada terça-feira, em operações de combate ao incêndio no concelho do Sabugal.
É a quarta vítima mortal dos incêndios deste ano.
Pirotecnia com prejuízos superiores a 10 milhões de euros
A associação dos industriais de pirotecnia e explosivos, que representa os cerca de 14 mil operadores, escreveu uma carta aberta ao primeiro-ministro a explicar a situação.
Reclamam ajuda financeira para enfrentar este período critico e cobrir todos os prejuízos, a começar pela devolução das licenças que já foram feitas ao Estado de festas que foram canceladas.
Apicultores fazem contas aos prejuízos
Fogo de 2005 em Pombal levou freguesia a criar brigada autárquica de voluntários
Daquela primeira semana de agosto de 2005, o então presidente da Junta de Carnide, Eusébio Rodrigues, recorda o dia em que deixou a freguesia de manhã e encontrou "outra completamente diferente" ao final do dia, com "tudo queimado, de um lado e do outro, e o resto ainda a arder".
"Pensei que era o fim do mundo", afirmou à agência Lusa Eusébio Rodrigues, de 57 anos, que de 2001 a 2013 foi presidente da Junta de Freguesia de Carnide, a uma dúzia de quilómetros da sede do concelho.
O antigo autarca recuou àquele mês para lembrar que "o incêndio começou numa freguesia do concelho e deu a volta às freguesias todas".
Em Carnide, "onde 50% a 60%" da freguesia foi atingida, populares foram obrigados a refugiar-se na igreja, três casas de primeira habitação acabaram destruídas e as festas canceladas.
Questionado sobre que lição aprendeu a freguesia com este fogo, respondeu: "Criei, de imediato, uma brigada, que é agora a unidade local de proteção civil".
"Entendíamos que uma primeira intervenção valia muito relativamente aos incêndios", justificou Eusébio Rodrigues.
A junta comprou uma viatura, cujo pagamento foi feito com recurso a rifas e houve donativos de particulares, comerciantes e entidades, e o Município de Pombal ofereceu um `kit`, que incluiu um depósito para 500 litros de água.
"Só tem quinhentos litros de água, são cinco minutos, mas aqueles cinco minutos, no início de um fogo, são fulcrais", considerou.
Depois, juntaram-se voluntários, às dezenas, e a freguesia passou a ter, no verão do ano seguinte, uma equipa permanente de vigilância, "24 sobre 24 horas".
Nesse agosto de 2005, o susto foi de tal ordem que a junta ainda equipou uma outra viatura com um depósito de mil litros.
Para Eusébio Rodrigues, a criação da brigada autárquica de voluntários, que assumiu posteriormente a designação de ULPC, ajuda a proteger a freguesia, mas tem de haver coordenação.
"São importante no início e no rescaldo" do incêndio, observou.
Nelson Pereira, de 48 anos, bombeiro há 33 na corporação de Pombal, esteve dias seguidos de noites no combate a este incêndio que chegou a "todo o concelho, menos à cidade".
Admitindo que este fogo foi, provavelmente, o pior que já enfrentou, pois havia "muitos focos ao mesmo tempo" e os bombeiros não conseguiam chegar a todo o lado, Nelson Pereira recordou que numa das noites, numa viatura da corporação, juntaram-se cinco civis.
"Já não tínhamos mais bombeiros e as pessoas iam ter ao quartel e queriam ajudar", relatou Nelson Pereira, presidente da Junta de Pelariga, que termina em outubro o terceiro mandato.
Do combate a esse fogo, descreveu um momento arrepiante quando, precisamente na zona de Carnide, teve de ir salvar uma equipa dos bombeiros que tinha ido com uma ambulância para resgatar pessoas e ficou cercada pelo fogo. Salvaram-se todos.
Na mesma freguesia, o sobressalto aumentou quando um casal deu conta de que a neta estava em casa, mas após arrombamento da porta não foi encontrada. O alívio chegaria depois, quando se soube que estava com outro familiar.
O bombeiro narrou também momentos de frustração quando não se conseguiu salvar um barracão, onde estavam animais, ao lado de uma casa, que ficou incólume.
"Uma pessoa mesmo conseguindo safar a casa, sente-se um bocadinho impotente. Se tivéssemos chegado cinco minutos mais cedo...", desabafou.
Em 2005, arderam 8.856 hectares ou 15% do concelho que tem 626 quilómetros quadrados. Cerca de 68% é floresta e mato, segundo dados do Serviço Municipal de Proteção Civil.
Nelson Pereira, que representa as juntas de freguesia nas comissões municipais de Proteção Civil e da Defesa da Floresta Contra Incêndios, realçou a mais-valia das unidades locais de proteção civil na "questão da vigilância e na primeira intervenção", defendendo a sua disseminação.
"A vigilância e uma rápida primeira intervenção - não estou com isto a dizer que as intervenções dos bombeiros não sejam rápidas, mas, por vezes, temos corpos de bombeiros que não estão em cima da nossa freguesia ou propriamente ao lado - acho que isto pode ser uma mais-valia para evitar grandes tragédias".
O autarca sublinhou o papel fundamental das juntas de freguesia nesta área [Proteção Civil] e noutras, embora nem sempre reconhecido, mas tirando desta equação os municípios.
"O presidente de junta, ao montarmos o posto de comando num teatro de operações, deve ser uma das primeiras pessoas a serem chamadas ao local. Eu falo por mim, mas quase todos de certeza: conheço a minha terra como a palma da minha mão, os caminhos, conheço os aceiros, e, por vezes, nós, no teatro de operações, no posto de comando, somos ignorados", adiantou, considerando que este aspeto devia ser tido em atenção.
Risco "máximo" ou "muito elevado" de incêndios
O IPMA prevê para hoje céu limpo ou pouco nublado, com mais nebulosidade e formação de neblina ou nevoeiro no litoral oeste, bem como uma pequena subida de temperatura no interior.
Castelo Branco deverá registar a temperatura mais elevada, com 37 graus Celsius, seguido de Évora, com 36º, e Beja, com 35º.
Arganil continua a concentrar atenções da Proteção Civil
Cerca de 1.470 operacionais continuavam hoje de manhã envolvidos no combate ao incêndio em Arganil, no distrito de Coimbra, com a ajuda de mais de 500 meios terrestres, segundo a Proteção Civil.
Pelas 08h20, a ANEPC registava na sua página na internet três fogos ativos, o de Arganil e dois que começaram hoje de madrugada em Moimenta e em Ervedosa, ambos no município de Vinhais (Bragança).
No total, havia 27 incêndios que mobilizavam 2.275 operacionais, 755 meios terrestres e seis meios aéreos.
Ponto da situação
Mais de 1.400 operacionais continuam mobilizados no combate ao fogo que começou em Arganil. Estão sobretudo em trabalhos de consolidação e rescaldo.
Continuam no terreno mais de 500 veículos, naquela que é a ocorrência com maior relevância em Portugal. O incêndio começou há 10 dias e estendeu-se a concelhos dos distritos da Guarda e Castelo Branco.
Outro incêndio, que ontem começou em Castro Daire, já está em fase de resolução.
Fogo continua ativo no distrito da Guarda e pode agravar-se no fim de semana
Secretário de Estado diz ainda não ser tempo de avaliar combate aos incêndios
“Hoje mesmo comecei um périplo pelos territórios nos concelhos primeiramente fustigados e que hoje já têm alguma normalidade”, explicou em entrevista à RTP3.
O responsável disse também ser intenção do Governo fazer, junto da Autoridade Nacional de Proteção Civil e no final “destes meses mais intensos”, uma avaliação e “correr a fita do tempo para perceber o que é que se passou para, em determinadas circunstâncias, alguns dos incêndios demorarem tanto tempo”.
“A comissão independente que analisou os incêndios de 2017 recomendou que os políticos não tomassem presença no teatro de operações”, disse à RTP, reconhecendo que no futuro deve ser repensada a presença de figuras do Executivo nos locais afetados.
"Isto de dez em dez anos arde". Mourísia, uma aldeia rodeada de cinzas
Foto: Guilherme de Sousa - Antena 1
O antigo presidente da junta, que tem formação em combate aos incêndios e experiência como trabalhador florestal, recorda os grandes incêndios que abalaram a terra.
“Isto de dez em dez anos arde. [Em 2017], ajudei a plantar várias centenas de pinheiros. Agora, com sete ou oito aos arderam outra vez”, lamenta. “As florestas estão abandonadas. O Estado devia ser o primeiro a dar o exemplo.”
Arménio Costa, com vasta experiência na área florestal, aponta as “folhosas” como uma solução para tentar travar os incêndios no futuro.
O impacto do incêndio que começou no Piódão nota-se na paisagem e nos campos agrícolas. Arménio Costa conseguiu salvar alguns animais, perdeu apenas as galinhas.
Quanto ao futuro, teme pela chegada das chuvas. “Mal chova, a água vai correr para a ribeira. Os terrenos vão ficar mais pobres.”