IPSS João de Deus com marcas de luxo entre os fornecedores

por Sandra Felgueiras e Filipa Dias Mendes

Há suspeitas de irregularidades financeiras na Associação de Jardins-Escolas João de Deus. É a terceira IPSS que mais dinheiro recebe do Estado. Ao todo, são mais de oito milhões de euros por ano para um universo de 55 escolas em todo o país. O Sexta às 9 teve acesso a documentos que demonstram que esta instituição, com estatuto de utilidade pública, tem marcas de luxo entre os fornecedores, como a Prada.

É uma das principais instituições educativas do país. A terceira IPSS que mais dinheiro recebe do Estado.

Liderada há quase 20 anos por António Ponces de Carvalho, a Associação de Jardins-Escolas João de Deus vive um momento de profunda contestação interna.

O Ministério da Segurança Social já fez vários reparos à instituição, por ter tabelas de comparticipação que não estão em conformidade com as legalmente aprovadas. Já a Inspeção Geral da Educação e Ciência concluiu nas últimas inspeções que a associação tem crianças a mais a beneficiar dos acordos de cooperação. Por isso, pediu ao Instituto da Segurança Social que equacionasse a manutenção dos acordos.

No último ano letivo, só em Lisboa, saíram da João de Deus 17 professores. O Sexta às 9 falou com dezenas de professores e funcionários. Muitos ainda no ativo. Todos denunciam uma exagerada contenção de custos numa instituição que fechou o ano com resultados líquidos acima dos 620 mil euros.

Ponces de Carvalho mantém uma associação preocupada com o equilíbrio financeiro. Mas é sob a mesma gestão que encontrámos uma lista de fornecedores, com gastos acima de 5 mil euros. Há referências a compras na Adolfo Dominguez e refeições no American Club of Lisbon. Entre os fornecedores estão também marcas de luxo, como a PRADA, onde terá sido comprado pelo menos um presente para oferecer a uma funcionária. Pago com o dinheiro da associação.

Contactado pela RTP, António Ponces de Carvalho remeteu todas as explicações para esta noite, em direto, no Sexta às 9.
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