O jornalista da SIC afirmou que “começa a haver demasiados problemas resolvidos em Portugal”, dizendo que é altura de recusar a “agenda política”. A Entidade Reguladora da Comunicação vai debater amanhã situação em que Mário Crespo foi referido como “um problema, que teria de ter solução” pelo primeiro-ministro e pelos ministros da Presidência e dos Assuntos Parlamentares.
O jornalista nota que "começa a haver demasiados problemas resolvidos em Portugal", numa alusão aos afastamentos da jornalista Manuela Moura Guedes, do antigo director de informação da TVI José Eduardo Moniz e com o do ex-director do "Público", José Manuel Fernandes.
"É altura de nos consciencializarmos das soluções que estão a ser aplicadas e não as mistificarmos com nada", afirmou Mário Crespo, defendendo a recusa de qualquer "agenda política".
O membro do conselho regulador, Luís Gonçalves da Silva, solicitou o debate deste caso pela ERC com "carácter de urgência". A ERC tem "o dever de apurar a matéria em causa" mesmo sem receber qualquer queixa.
"Trata-se de uma área claramente da intervenção da ERC" e "havendo conhecimento público destes dados, porque foram noticiados, a ERC tem o dever de apurar a factualidade", disse o conselheiro.
Medina Carreira também era "um problema a solucionar"
O comentador de economia Medina Carreira "também foi" considerado "um problema a solucionar" pelos membros do Governo José Sócrates, Pedro Silva Pereira e Jorge Lacão, durante um almoço num restaurante, afirmou o jornalista Mário Crespo.
"Um elemento que foi referido é que era preciso solucionar o problema Mário Crespo e o problema Medina Carreira. Os dois em conjunto, não o sabíamos, mas sabemos constituímos um problema", disse o jornalista durante a sua intervenção, que acabou por estar centrada na alegada conversa entre o primeiro-ministro e dois ministros.
O director de programas da SIC, Nuno Santos, estava no mesmo restaurante, acrescentou o jornalista. Tratou-se de uma "conversa muito rápida, muito colérica e muito intensa. Inevitável ouvir-se por uma mesa que estava ao pé", acrescentou Mário Crespo.
O fiscalista Medina Carreira, ex-ministro das Finanças socialista e recentemente bastante crítico das decisões do Executivo de José Sócrates para as áreas da economia e finanças públicas, será o autor do prefácio do livro de Mário Crespo a apresentar quinta-feira.
Jornalista desconhece forma de publicação de texto no site do Instituto Sá Carneiro
"Eu quando soube da reprodução da crónica foi pela ‘net', no site do "Público" porque me chamaram a atenção que estava com a minha foto. Já uma clonagem do que aparentemente tinha aparecido no site do PSD (referindo-se à página do Instituto Sá Carneiro). Não faço ideia nenhuma", afirmou Mário Crespo.
O texto de opinião do jornalista da SIC não foi, ao contrário do habitual, publicado na edição de segunda-feira do JN. O jornalista enviou o artigo, conforme os procedimentos dos últimos dois anos e meio, para as duas direcções electrónicas do diário. No domingo à noite, Mário Crespo foi contactado pelo director do jornal que entendia que o artigo não era "um simples texto de opinião", de acordo com a Nota da Direcção disponível no site do jornal.
O director do JN alertava Mário Crespo que o artigo referia factos que teriam de ser confirmados, envolvendo o direito ao contraditório pelos visados José Sócrates, Pedro Silva Pereira e Jorge Lacão. Por outro lado, notava que "a informação chegara a Mário Crespo por um processo que o JN normalmente rejeita como prática noticiosa, isto é, o texto era construído a partir de informações que lhe tinham sido fornecidas por alguém que escutara uma conversa num restaurante", lê-se na Nota da Direcção do JN.
Ainda nesta conversa ficou decidido que o texto não seria publicado e a colaboração havia terminado. Mário Crespo garante que "procedeu jornalisticamente" confirmando que o almoço entre José Sócrates, Pedro Silva Pereira e Jorge Lacão "tinha tido lugar, quais as pessoas que tinham lá estado" e que "cruzou informação".
A "primeira iniciativa" de Mário Crespo para a publicação do artigo foi telefonar na manhã de segunda-feira para a editora da Altheia, Zita Seabra, que possui "um mecanismo aparentemente moderno que consegue produzir livros com enorme rapidez".
O livro, de título "A Última Crónica", sairá na próxima quinta-feira.