A AD venceu, mas ainda depende de outros partidos para garantir estabilidade governativa. Luís Montenegro sabe disso e tratou de falar para a oposição no discurso de vitória: "O povo quer este primeiro-ministro e não quer outro; o povo quer que este Governo dialogue com as oposições, mas o povo também quer que as oposições respeitem e dialoguem com este Governo e com este primeiro-ministro".
A Aliança Democrática voltou a vencer as eleições e conquistou 32,7 por cento dos votos, uma margem mais confortável do que a alcançada em março de 2024. Contas feitas são 89 deputados agora.
No entanto, a AD ainda fica longe da maioria absoluta e, apesar dos festejos, Luís Montenegro pediu responsabilidade e diálogo aos partidos da oposição.
Questionado pelos jornalistas sobre as condições de governabilidade, o líder social-democrata afiançou: "Não me parece que haja outra solução de Governo que não aquela que emana da vontade livre, democrática e convicta do povo português".
Luís Montenegro sublinhou que apenas outro Governo seria possível "do ponto de vista aritmético": uma coligação entre PS e Chega, mas não considerou que esse possa ser um "cenário crível".
É na Oposição que permanece por responder a pergunta: que partido vai ser o líder da oposição?
Isto porque o PS e o Chega somam 58 deputados cada, mas o desempate vai ser feito quando estiverem apurados os votos dos emigrantes que só acontece na próxima semana. O Chega pode ultrapassar o PS em número de mandatos, uma vez que ainda falta saber quem ganha os quatro deputados dos círculos da Europa e fora da Europa.
Portanto, a direita radical de André Ventura pode tornar-se a segunda força política em Portugal.
Antes mesmo de saber se isso vai acontecer, Ventura insiste que o próximo Governo depende apenas do Chega, mas não revela o que vai fazer no pós-eleições.
Quanto ao PS, Pedro Nuno Santos vai deixar a liderança socialista e convocar eleições internas às quais, garante, não vai ser candidato. Quanto ao lugar na Assembleia da República que conquistou, Pedro Nuno Santos ainda não decidiu se vai ou não manter-se como deputado.
Portugal virou ainda mais à direita e Luís Montenegro espera “sentido de Estado, sentido de responsabilidade, respeito pelas pessoas e espírito de convivência na diversidade mas também de convergência e salvaguarda do interesse nacional".
No entanto, a AD parece esperar que o “novo PS” deixe o próximo Executivo governar, tendo em conta que os portugueses "querem uma legislatura de quatro anos" e "exigem" que "respeitem e que honrem a sua palavra livre e democrática", sublinhou Montenegro no discurso de vitória.
Apanhado pela surpresa, pelo choque e pelo Chega, o PS, para além de decidir a data das eleições internas, terá também que escolher um de dois caminhos: apoiar ou não o novo governo da AD.
Quanto aos restantes resultados, a Iniciativa Liberal passa de oito para nove deputados e pode vir a ser muito importante, por exemplo, numa eventual revisão da Constituição.
Nos últimos 50 anos, os dois terços necessários para uma revisão constitucional estiveram nas mãos de PS e AD. Agora, com maioria à direita, IL ou Chega podem ser essenciais para alterar a primeira de todas as leis em Portugal, sem ser preciso o PS.
Sobre a estabilidade governativa, Rui Rocha, o líder dos liberais, diz que estará disponível "para as conversas dos próximos dias e para todos os contactos", mas sublinha que vai continuar a fazer o seu papel no Parlamento.
Outros resultados mostram que o Livre sobe de quatro para seis mandatos e é, de resto, a única força de esquerda que sai reforçada destas eleições.
A CDU elegeu três deputados, menos um do que em 2024 e o Bloco de Esquerda fica apenas com Mariana Mortágua no Parlamento.
Quanto a Inês Sousa Real mantém-se como deputada única do PAN e uma das novidades passa pela estreia do Juntos pelo Povo (JPP) na Assembleia da República com a eleição do deputado Filipe Sousa.
Quanto a Inês Sousa Real mantém-se como deputada única do PAN e uma das novidades passa pela estreia do Juntos pelo Povo (JPP) na Assembleia da República com a eleição do deputado Filipe Sousa.
Segue-se agora a fase que pertence ao Presidente da República que vai convocar todos os partidos com assento parlamentar.
Marcelo Rebelo de Sousa tem à partida a vida facilitada, uma vez que não deve haver outra opção que não seja indigitar Luís Montenegro como primeiro-ministro.
Marcelo Rebelo de Sousa tem à partida a vida facilitada, uma vez que não deve haver outra opção que não seja indigitar Luís Montenegro como primeiro-ministro.