Linha SNS reencaminhou mais de metade das grávidas para as urgências
Mais de metade das grávidas atendidas ontem nas urgências da grande Lisboa foram reencaminhadas pela linha SNS Grávida. Em três dos maiores hospitais que aderiram ao projeto-piloto, 64 por cento das grávidas fizeram a triagem por telefone.
Diogo Ayres de Campos revela que no início existiram algumas “dificuldades na ligação para a linha SNS24, que foram prontamente resolvidas durante a manhã”.
“Nestes dias iniciais temos sempre algumas pessoas que não sabem que é necessário fazer esta chamada. E, como tal, é necessário limar algumas arestas”, acrescentou.
No entanto, segundo Diogo Ayres de Campos, “de uma forma geral, a opinião dos diretores de obstetrícia e ginecologia da região metropolitana de Lisboa é que permitiu uma redução, é claro que são números preliminares, de cerca de 50 por cento das urgências”.
“Isso é algo que é importante. De facto, as equipas têm de se dedicar mais às situações verdadeiramente urgentes, e não a situações que podem ser vistas em outros locais”, realçou.
A partir de agora é necessário ligar para a linha SNS Grávida antes de ir às urgências de obstetrícia e ginecologia
O projeto-piloto está em vigor em vários hospitais da região de Lisboa, e noutras zonas do país. Nos próximos meses deverá ser alargado a outras unidades hospitalares.
Pré-triagem já deveria ter sido aplicada há muitos anosA ministra da Saúde afirma que a pré-triagem de grávidas, no acesso às urgências, já deveria ter sido implementada há muitos anos.
Uma prática que de acordo com a ministra Ana Paula Martins será alargada a outras especialidades no futuro. Em entrevista à TVI, a governante enumerou as vantagens desta alteração. Ana Paula voltou a sair em defesa desta pré-triagem telefónica para grávidas, que tem merecido duras críticas por parte dos sindicatos dos médicos.
Ainda é cedo para fazer um balanço Nuno Clode, presidente da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Medicina Materno-Fetal, revelou esta manhã à RTP, que ainda é cedo para fazer um balanço, uma vez que o projeto-piloto ainda só está a funcionar há 24 horas.
“Não é possível fazer uma avaliação, sem haver mais tempo para perceber o que é que acontece. Eu acho que esta ideia, parece ser bem pensada para resolver esta situação da carência e da dificuldade de acesso das grávidas às urgências do Serviço Nacional de Saúde. Se irá funcionar ou não? Só o tempo nos dirá”, frisou.
Nuno Clode recorda que um dos problemas apontados no primeiro dia de funcionamento do projeto-piloto foi “a necessidade de ter uma boa resposta do outro lado da linha, para estar permanentemente disponível às grávidas. Só isso pode transmitir, de facto, a real segurança deste sistema para tirar as dúvidas e poder, de alguma forma, encaminhar estas mulheres”.
O presidente da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Medicina Materno-Fetal explicou ainda como funciona o processo. “A grávida tem o problema, acha que deve ir à urgência, telefona, e do outro lado respondem, sim, se é para ir, Ou se, espera até amanhã por uma consulta para a qual é direcionada. É esta a ideia”.
“Isto é uma forma de tentar organizar e disciplinar a ida à urgência, que em Portugal se utiliza de uma maneira muito leviana. Qualquer problema, vou primeiro à urgência e depois tento que alguém me esclareça o que se passa. E muitas vezes, estas situações são de importância menor, e, de facto, não justifica”.