Natal e fim de ano. Atividade no SNS "é mais do que se faz aos fins de semana"

A avaliação é do diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde. A atividade em contexto de tolerâncias de ponto, por causa da época festiva, "é mais do que aquilo que habitualmente se faz aos fins de semana".

Carlos Santos Neves - RTP /
Filipe Silva - RTP

O diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde, Álvaro Almeida, quis esta quarta-feira garantir que, neste época de Natal e fim de ano, marcada pela concessão de tolerâncias de ponto, o sistema terá mais atividade acautelada "do que aquilo que habitualmente se faz aos fins de semana".Álvaro Almeida falava aos jornalistas no decurso de uma visita ao Hospital Santos Silva, em Vila Nova de Gaia.

"Há metade dos profissionais que fazem tolerância no dia 26 e outra metade no outro dia e, dessa forma, asseguram alguma atividade normal, alguma atividade de consultas, cirurgias mais prioritárias, consultas agudas", sustentou o responsável.

"Estamos a responder para assegurar que não tenhamos um período muito longo, que seriam cinco dias, se fosse assim, para não termos cinco dias seguidos sem atividade para além da atividade de urgência. O SNS respondeu dessa forma e as unidades estão a assegurar esses níveis mínimos de funcionamento", prosseguiu.
"Cinco dias de tolerância de ponto"
Em matéria de redução das cirurgias, nesta fase do ano, o diretor executivo do SNS separou "a redução da atividade que resulta de termos cinco dias de tolerância de ponto, feriados e fim de semana" do facto de "haver unidades, nomeadamente aquelas que já estão no nível três dos planos de contingência, onde os seus planos de contingência nesse nível pressupõem a suspensão da atividade cirúrgica, primeiro da atividade cirúrgica adicional e depois mesmo a atividade cirúrgica base".### 1706169###Jornal da Tarde | 24 de dezembro de 2025

De acordo com Álvaro Almeida, no primeiro caso, a primeira a ser reduzida "é a atividade programada não prioritária", verificando-se "uma série de cirurgias não prioritárias que não vão ser realizadas", dado que "a maior parte das unidades já não tinham programado cirurgias para o dia 26, porque é uma época em que as pessoas não gostam de ter cirurgias".

Álvaro Almeida mencionou dez hospitais em nível três de contingência , nomeadamente a ULS Tâmega e Sousa, Entre Douro e Vouga, Braga ou Amadora-Sintra. Os planos "pressupõem a suspensão da atividade cirúrgica, primeiro da atividade cirúrgica adicional e depois mesmo a atividade cirúrgica base"."Isso acontece por quê? Porque o problema principal do acesso às urgências é a dificuldade de internar todas as pessoas que necessitam. E, portanto, para libertar camas, para internar as pessoas que entram pela urgência, suspende-se a atividade cirúrgica, porque assim temos mais camas disponíveis para responder à procura proveniente da urgência".

Questionado sobre os tempos de espera em hospitais como o Amadora-Sintra, Álvaro Almeida admitiu que, "infelizmente, isso é uma realidade que não é só de hoje, dia de tolerância de ponto, é uma realidade habitual". Trata-se, nas suas palavras, de uma ULS "que tem uma grande percentagem da população, cerca de um terço, sem médico de família, o que significa que não tem uma resposta nos cuidados primários".

"Aqui acresce, nas últimas semanas, um período epidémico de gripe que vem aumentar a procura em todo o país e, portanto, nessas unidades onde a capacidade de resposta já é menor, nota-se mais este problema", argumentou.
Tempos de espera
Os doentes com a classificação de urgente debatiam-se, na manhã desta quarta-feira, no Hospital Amadora-Sintra, com tempos de espera de aproximadamente sete horas para a primeira observação, segundo o portal do Serviço Nacional de Saúde.

No Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, os urgentes enfrentavam uma espera de três horas e 29 minutos, ao passo que no Hospital Garcia de Orta a espera para a primeira observação dos doentes urgentes era de duas horas.

No Hospital de Santo António, do Porto, os tempos de espera na urgência geral aproximavam-se de uma hora e 23 minutos para os doentes urgentes.

Esta quarta-feira estão encerradas as urgências de obstetrícia e ginecologia dos hospitais de Santarém, São Bernardo, em Setúbal, e Portimão e as pediátricas do Hospital de Torres Vedras. As autoridades apelam às populações para que contactem a Linha SNS24 (808 24 24 24) antes de se dirigirem a serviços de urgência.

c/ Lusa

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