Foto: Ivan Aleksic - Unspash
Existem escolas que estão a encobrir casos de maus-tratos a crianças e que não denunciam as situações. Por desconhecimento dos passos a tomar ou por indiferença, há diretores escolares que desvalorizam o que lhes é dito por outros profissionais nas escolas.
"Os profissionais que trabalham na escola sinalizam, vão ter com a direção do agrupamento ou da escola, e a direção diz-lhes 'não, não vão sinalizar, não se metam nisso, isso gera problemas à escola, a família é muito boa, e vamos ligar para a família'", diz Fátima Duarte, da Comissão de Proteção das Crianças e Jovens (CPCJ).
Sobre a ideia de ligar às famílias perante as suspeitas de maus-tratos, Fátima fala de um risco, porque "pode colocar este jovem num perigo tremendo ou desaparecer".
O crime mais vezes escondido é o abuso sexual. "As pessoas não se sentem confiantes" em denunciá-lo, descreve Fátima Duarte, apontando que existem diretores a suspeitar que as crianças "até podem estar a mentir" e que receiam processos das famílias.
A formadora afirma existirem casos denunciados ao Ministério Público e processos de denegação da justiça contra responsáveis das escolas - isto é, situações em que são acusados de atrasar ou esconder informações.
Escolas devem denunciar
A formadora da CPCJ Fátima Duarte recorda que as escolas devem denunciar os casos de maus tratos que recebem.
Consciente disso, o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas diz que "a boa prática e obrigação de quem conhece este tipo de situações é denunciar". No entanto, Filinto Lima desconhece casos concretos.
"Somos em Portugal 811 agrupamentos. Eu presumo que estão a fazê-lo (a denunciar), mas desconheço o que estão a fazer os 811 agrupamentos", afirma.
Já a presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) sublinha a importância de promover a segurança e a confiança nas escolas e reage com surpresa sobre os relatos de encobrimento de casos de maus tratos, pelas direções das escolas.
A líder da confederação, Mariana Carvalho, diz à Antena 1 que o problema não foi sinalizado junto das associações de pais.
"Podemos tentar averiguar e perceber como estão as situações nos municípios e a nível naciomal. Contudo, não tivemos nenhum reporte a este nível, nem temos tido situações relativas à CPCJ a chegar à Confap", diz Mariana Carvalho na Antena 1.
Para a porta-voz da Confap, apesar de tudo, é preciso garantir que não se quebra a confiança nas escolas.