Notícia sobre recibos duvidosos é ataque "lamentável" e "grosseiro" ao CDS
O secretário-geral do CDS-PP considerou "lamentável" e "ataque grosseiro" ao partido a notícia publicada hoje na imprensa sobre milhares de recibos de pessoas que fizeram doações em 2004 e cujos documentos só foram passados em 2005.
Em declarações à Agência Lusa, João Almeida reagia nomeadamente à manchete do Jornal de Notícias (JN) de hoje, segundo a qual os comprovativos de quatro mil donativos obtidos em Dezembro de 2004 só foram passados em finais de Janeiro de 2005.
O jornal adianta ainda que a maioria dos nomes que surgem nos recibos - preenchidos nos meses seguintes por dois funcionários do CDS que estão entre os 14 arguidos no inquérito-crime "Portucale" - não permitiram à PJ identificar os alegados doadores.
Além dos nomes que lançam suspeitas de não serem verdadeiros - citando, como exemplo, Jacinto Leite Capelo Rego - o jornal acrescenta que a maioria dos recibos não tem escrito qualquer número de contribuinte, "inviabilizando o apuramento da identidade dos mecenas".
O JN escreve que a PJ suspeita que a verba de um milhão de euros seja uma contrapartida do GES ao despacho com que três ministros do Governo anterior - Costa Neves (PSD), Nobre Guedes e Telmo Correia (CDS) viabilizaram o empreendimento "Portucale", a quatro dias das eleições legislativas de 20 de Fevereiro de 2005.
O Expresso aborda também o assunto, afirmando que "o CDS/PP terá falsificado nomes nos recibos do partido para justificar a entrada de um milhão de euros nas suas contas. A conclusão vem expressa no relatório da Polícia Judiciária sobre o processo Portucale, que investiga suspeitas de tráfico de influências na aprovação de um empreendimento turístico do Grupo Espírito Santo em Benavente"
À Lusa, o secretário-geral do CDS-PP garantiu que "não é ilegal receber dinheiro e passar o recibo mais tarde, até no ano seguinte", um procedimento que "acontece regularmente em muitas empresas".
Relativamente aos nomes duvidosos existentes nos recibos, João Almeida admitiu que Jacinto Leite Capelo Rego "é um nome fora do comum", mas que o CDS "não tem culpa se um doador decide não escrever o seu verdadeiro nome nos recibos".
Quanto ao desaparecimento das listagens de nomes, que a PJ procurou, em vão, na sede do CDS e na residência e escritório de Nobre Guedes, o dirigente centrista explicou que "foram destruídas por já não serem necessárias, já que os documentos oficiais existem".
João Almdeia considerou que esta e outras notícias sobre o caso "são mais um ataque grosseiro ao CDS e aos seus dirigentes" e também "mais uma lamentável suposta violação do segredo de justiça".
O relatório da investigação do caso "Portucale" - que surgiu do despacho que declarou a utilidade pública de um grande empreendimento turístico do GES, em Benavente, e autorizou o abate de 2605 sobreiros - foi remetido há uma semana ao Departamento Central de Investigação e Acção Penal.
Luís Nobre Guedes foi um dos arguidos no processo, mas um despacho intercalar dos procuradores Rosário Teixeira e Auristela Hermengarda arquivou as suspeitas sobre o dirigente do CDS.