Operação contra captura ilícita de bivalves com quatro detidos e dez arguidos

por Carlos Santos Neves - RTP
“Foram identificados 249 imigrantes, que foram retirados para alojamento transitório” Rui Cardoso - RTP

A operação conjunta desencadeada na margem sul do Tejo contra uma alegada rede de “captura ilícita, comércio e tráfico internacional de bivalves” e exploração laboral de imigrantes resultou em quatro detidos, dos quais três de nacionalidade portuguesa e um vietnamita, e na constituição de uma dezena de arguidos, incluindo “quatro pessoas coletivas”. O balanço é avançado esta quinta-feira pela Autoridade Marítima.

“A Unidade Central de Investigação Criminal (UCIC) da Polícia Marítima realizou ontem, 21 de junho, uma megaoperação, a nível nacional, de combate às redes criminosas associadas à captura ilícita, comércio e tráfico internacional de bivalves, tendo resultado na detenção de quatro pessoas e identificação de 249 imigrantes”, lê-se no comunicado da Autoridade Marítima Nacional.

No decurso da operação, “foram detidos três indivíduos de nacionalidade portuguesa, um de nacionalidade vietnamita e foram constituídos arguidos dez indivíduos, quatro deles pessoas coletivas”.
“Foram ainda apreendidos mais de 500 comprimidos de metanfetaminas, 15 viaturas e sete motores fora-de-bordo, um empilhador, duas armas brancas, provas documentais, equipamentos de escolha e acondicionamento de bivalves e 71 mil euros”, adianta a mesma nota.Os 249 imigrantes identificados pelas autoridades foram retirados para alojamento transitório. A investigação prossegue, segundo a Autoridade Marítima Nacional.

A operação, assinala ainda a Autoridade Marítima, “culmina mais de dois anos de investigação realizada pela Unidade Central de Investigação Criminal da Polícia Marítima, tendo resultado na execução de mais de 30 mandados de busca, apreensão e detenção em flagrante delito em Setúbal, Almada, Montijo e Samouco”.

Além da Polícia Marítima, participaram nas diligências elementos da PSP, do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, do Serviço de Informação e Segurança, da Autoridade Tributária, “da ASAE e congéneres europeias” e da Europol.

A maioria dos imigrantes identificados na operação é proveniente do sudeste asiático. Cerca de uma centena passaram a noite no pavilhão dos Bombeiros Voluntários do Montijo.
Outros ficaram no pavilhão desportivo do Samouco e houve também quem abandonasse os armazéns para passar a noite em casas de amigos.
"Outras operações haverá"

O presidente da Câmara Municipal de Alcochete veio ontem acusar o Governo de não dar resposta a este problema.
O autarca socialista Fernando Pinto sugeriu mesmo a criação de um grupo de trabalho com várias entidades, tendo em vista divisar uma solução para os imigrantes envolvidos na apanha ilegal de amêijoa.

Por sua vez, o ministro da Administração Interna afirmou que “há vários inquéritos em curso” e que cabe ao Ministério Público gerir “o tempo e o modo das investigações”.

“Ao longo dos últimos anos houve diversas investigações. Neste momento, há vários inquéritos em curso”, assinalou José Luís Carneiro, em declarações aos jornalistas à margem de uma deslocação ao Centro de Meios Aéreos de Évora.
“É o Ministério Público quem dirige o tempo e o modo das investigações” que decorrem “sob segredo de justiça”, enfatizou o governante.

Ainda de acordo com o ministro da Administração Interna, “outras operações haverá” e, “sempre que há participação de comportamentos, atitudes, práticas consideradas ilícitas, naturalmente que as diferentes forças e serviços atuam em articulação e sob a direção do Ministério Público”.
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