Preço dos combustíveis volta a subir esta segunda-feira

por Mário Aleixo - RTP
Preço dos combustíveis volta a subir esta segunda-feira D.R.

O preço dos combustíveis volta a aumentar esta segunda-feira. A subida vai abranger a gasolina e o gasóleo e rondará cerca de um cêntimo por litro.

O novo aumento é justificado com o aumento do preço dos produtos refinados nos mercados internacionais.

O aumento praticamente anula a descida do imposto anunciada pelo Governo. O descontentamento dos consumidores é generalizado.


Os combustíveis estão a um valor recorde nos postos de abastecimento em Portugal. Na última semana a gasolina ultrapassou, pela primeira vez, os dois euros por litro em algumas postos do país.

Em média, hoje gasta-se mais 15 euros do que há um ano para abastecer o automóvel.

São muitos os portugueses que rumam a Espanha para ter combustíveis mais baratos.

Os preços dos combustíveis pode ser consultado no site criado para o efeito pela Direção-Geral da Energia e Geologia.
Setor do táxi denuncia aumento "muito penalizante"

Em declarações ao Bom Dia Portugal, o presidente da Antral, Florêncio Almeida, sublinha que o aumento do preço dos combustíveis é "muito penalizante" para o setor do táxi, tendo em conta a ausência de aumentos neste setor em nove anos.

O responsável adianta que o Governo "tem andado a adiar uma atualização do sistema tarifário", mas que agora nem essa medida vai compensar as perdas com o aumento dos combustíveis.

Argumenta ainda que o Governo tem aumentado os impostos para não perder receitas e exige ao Executivo uma redução pelo menos de 10 cêntimos, até porque o aumento de combustíveis vai levar ao aumento generalizado dos preços de bens e produtos. O peso destes aumentos "vai cair na carteira de todos os portugueses, não só de quem usa o automóvel", alerta.
ANTRAM. Empresas estão "no limiar da sobrevivência"

Também em declarações ao Bom Dia Portugal, André Matias de Almeida, porta-voz da ANTRAM, destaca que o setor de transporte de mercadorias registou recentemente "o maior aumento salarial da história desde o 25 de Abril". "Se a essa folha salarial somarmos aumento dos preços dos combustíveis", que de acordo com o responsável representam 30 a 40 por cento das despesas destas empresas, a única solução para a sua sobrevivência é aumentar o preço junto dos clientes.

O responsável salienta, no entanto, que esse aumento dos preços junto dos clientes não tem sido possível devido aos contratos que já estavam celebrados, mas também à situação de pandemia.

Alerta que as empresas do setor de transportes rodoviários estão "no limite" e "no limiar da sobrevivência", com risco iminente de despedimentos coletivos.

André Matias de Almeida destaca que estes aumentos constantes dos preços dos combustíveis trazem "disrupção" ao setor de entregas de mercadorias e fazem com que Portugal perca a sua competitividade por comparação com Espanha.

O responsável da ANTRAM saúda a redução do IST por parte do Governo, mas considera que não é suficiente e que tem "um impacto muito reduzido, porventura nulo". Exige ainda ação por parte das gasolineiras e da APETRO de forma a diminuir as consequências destes aumentos de combustíveis.
APETRO desmente aumento de lucros no setor
António Comprido, secretário-geral da APETRO, explica que o aumento crescente dos preços dos combustíveis se deve a uma recuperação dos preços nos mercados internacionais após descida significativa durante o período pandémico.

"O início da recuperação económica fez pressionar a procura de energia", explica o responsável da Associação Portuguesa De Empresas Petroliferas

Em declarações ao Bom Dia Portugal, o responsável refere que os preços dos combustíveis estão elevados, mesmo com o preço mais reduzido do barril, não só devido ao aumento da cotação dos produtos petrolíferos nos mercados internacionais, mas também por outros motivos.

António Comprido elencou as diferenças em relação a anos anteriores, em que o barril estava mais caro mas os combustíveis não chegavam a estes preços: desde logo a atual desvalorização do euro em relação ao dólar, a variação da carga fiscal em relação a anos anteriores e ainda o peso descarbonização dos transportes à custa de biocombustíveis.

Questionado sobre os lucros nos postos de combustíveis, o responsável adianta o setor não tem registado lucros, até porque o ano de 2020 foi "extremamente fraco em termos de volume" e com "quebras abruptas".

"Em termos brutos, quando retiramos a cotação dos produtos, aquilo que se paga à saída da refinaria, mais impostos, mais sobrecusto de incorporação do biocombustível, estamos a falar em qualquer coisa na casa entre os 13 e os 15 cêntimos brutos que servem para pagar todas as despesas desde a saída do armazém até à entrega no depósito", argumenta.
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