Proposta "cega". PSD/CDS vota contra expansão de corredores BUS na Câmara de Lisboa

A autarquia aprovou na quarta-feira uma proposta do Livre para melhorar os transportes públicos e que tem como grande bandeira aumentar a rede de corredores BUS em Lisboa de 75 para 249 quilómetros. O vice-presidente da Câmara de Lisboa considera que o programa é "absurdo" por causa da metodologia usada.

Gonçalo Costa Martins - Antena 1 /

Foto: Gonçalo Costa Martins - Antena 1

No documento que tinha sido apresentado em abril, é proposto que seja criada uma faixa BUS nos arruamentos que tenham pelo menos duas vias no mesmo sentido e onde passam carreiras que não têm corredor BUS.

O vereador em substituição do Livre, Carlos Teixeira, acredita que esta visão é "perfeitamente exequível" perante uma "cidade congestionada de carros" e em que diz ser "preciso atribuir vias prioritárias para estes transportes públicos".

"Num espaço de um mandato, poderíamos perfeitamente alcançar essa meta e os gastos andariam em torno de meio milhão de euros, que é o equivalente a dois autocarros novos", aponta na Antena 1.

Pela voz de Carlos Teixeira, o partido defende que este rumo tornaria os autocarros da Carris mais eficientes - viaturas que têm apresentado uma descida gradual da velocidade média - não deixando de dar espaço para trabalhar a proposta.

"Os serviços podem olhar para esta metodologia, adaptá-la e daí retirar uma meta", afirma o vereador na autarquia lisboeta, que ainda assim "acha difícil" existir "vontade política" para aplicar o programa.

Outros medidas incluem dar prioridade aos transportes públicos em cruzamentos, ajustando os tempos do semáforo para dar passagem mais rápida aos autocarros - algo que o presidente da Carris assumiu que estava a ser preparado numa entrevista recente que deu à agência Lusa.
Excerto das declarações de Carlos Teixeira à Antena 1
"Não podemos ter soluções cegas, isso é um absurdo"

Em reunião privada do executivo, realizada na quarta-feira, PS, PCP, BE e Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre) votaram a favor a proposta do Livre, enquanto PSD/CDS, que governam a autarquia sem maioria, votaram contra.

Em reação à Antena 1, o vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa aponta o dedo à forma como o Livre quer aumenta a rede de corredores.

"Nós não podemos ter soluções cegas, isso é um absurdo", afirma ao referir-se à ideia de acrescentar uma faixa BUS em todos os locais onde não existam e em que passam autocarros nas estradas com duas ou mais vias no mesmo sentido.


Filipe Anacoreta Correia mostra-se disponível para trabalhar a proposta, mas diz que "a esquerda tem sido ativista", recordando outra aprovada há três anos, em que era reduzida em 10 quilómetros por hora a velocidade em toda a cidade, no âmbito da iniciativa "Contra a guerra, pelo clima: proposta pela redução da dependência dos combustíveis fósseis na cidade de Lisboa".

O autarca já tinha assumido em entrevista à Antena 1 no último mês que a divisão de mobilidade da câmara está a trabalhar com a transportadora Carris em projetos de corredores BUS, mas continua a preferir não ter uma meta.

"A meta é sempre melhorar a qualidade do serviço público", responde, dando a Rua Morais Soares e a Avenida da Liberdade como exemplos de projetos a ser planeados, numa lógica de trabalhar "caso a caso".

Excerto de declarações de Filipe Anacoreta Correia à Antena 1
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