Proteção Civil está a "correr atrás do prejuízo", critica a Liga dos Bombeiros

O presidente da Liga dos Bombeiros endereça críticas à estratégia que a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil tem estado a usar no combate aos fogos. António Nunes diz que a Liga dos Bombeiros discorda da estratégia e diz que "estamos-nos a atrasar a mobilização de bombeiros".

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Foto: RTP

António Nunes argumenta que os meios existentes, mesmo os aéreos, são suficientes “se forem pré-posicionados de acordo com aquilo que conhecemos”. “Não foram”, admite, em entrevista à RTP, no Bom Dia. Diz mesmo que “se quiserem fazer uma auditoria tudo isto, a maior parte dos bombeiros foram chamados após o incêndio”, lembrando que muitas vezes ainda enfrentam várias horas até chegar ao teatro de operações.

Refere que a “A25 é uma linha divisória” nos incêndios e que se devem concentrar os meios naquela região. Temos de criar condições para lá estarem”, até porque há “informação científica” que dá indicações de risco. Isto para que a atuação seja “imediata”. E coloca a tónica na disponibilidade de informação de risco fidedigna que deve ser utilizada para nortear a estratégia de combate.

O presidente da Liga dos Bombeiros diz que a os meios aéreos de ajuda deviam ter sido pedidos “na primeira semana”, já que se vivem semanas muito complicadas do ponto de vista das alterações climáticas. “Os incêndios são mais complicados, têm mais velocidade, mais intensidade. Temos de os combater de forma diferente. Estamos a usar pensamentos de há 20 anos atrás e temos de nos modernizar”.

Por outro lado, questiona porque é que os cerca de 3000 sapadores florestais não fazem vigilância, pelo menos nos parques naturais, libertando assim os bombeiros para o combate.

António Nunes admite que a floresta não está limpa, que a prevenção tem vindo a falhar apesar dos fortes investimentos e que não se consegue alterar a mentalidade das pessoas nem a floresta no prazo de 4 a 5 anos.

Apesar de não querer fazer comentários sobre atitudes políticas em dado momento, o responsável diz que “gostaria enquanto cidadão que alguém do governo fosse visitar a Liga dos Bombeiros Portugueses”.
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