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PSP recolhe corpos das vítimas de Legionella nos velórios

por RTP
O surto de Legionella do São Francisco Xavier já infetou pelos menos 35 pessoas. António Cotrim - Lusa

A Polícia de Segurança Pública apareceu na última noite nos velórios das duas vítimas mortais do surto de Legionella para recolher os corpos. A ordem partiu do Ministério Público que diz precisar de fazer as autópsias para seguir com a investigação. As famílias não escondem a indignação.

Os corpos tinham sido já entregues às famílias pelo hospital mas, segundo o Ministério Público, os óbitos não tinham sido comunicado à justiça. O Ministério Público foi então informado que “os corpos já haviam sido entregues às famílias” e decidiu “ordenar o encaminhamento dos corpos para o Instituto de Medicina Legal com vista à realização dos exames referidos”.

A recolha dos corpos foi efetuada na última noite, quando já decorriam os velórios. O velório de uma das vítimas – uma mulher de 70 anos – decorria na igreja do Santo Condestável, em Campo de Ourique, quando a polícia apareceu. Joana Araújo, neta da vítima, explicou à Antena 1 que não consegue entender o que se passou.

“É desumano. Pusemo-la toda bonita para o funeral e depois chegam-nos aqui com um saco na mão. Ela é lixo não é? Nós levamos é o lixo à rua com um saco, não é uma pessoa”, relata.

A família garante ainda que, por diversas vezes, questionou o Hospital de Santa Maria - onde a vítima morreu - para a necessidade de ser realizada uma autópsia.

O hospital respondeu sempre que não seria necessário. “Perguntámos dezenas de vezes se não era mesmo preciso. Disseram que não porque as razões já eram conhecidas, uma vez que tinha feito muitas análises e deu positivo para a Legionella”, explica Joana.
Ministério Público justifica

Em comunicado enviado às redações, o Ministério Público explica que decidiu “por iniciativa própria” instaurar um inquérito sobre este novo surto de legionella. “Tendo sido noticiadas mortes, entendeu-se desde logo que a realização de autópsia e de perícias médico-legais era essencial para a investigação em curso”, explica a procuradoria.

Quando se dirigiu aos locais onde ocorreram as mortes, o Ministério Público foi “informado de que os corpos já tinham sido entregues às famílias”. As autoridades decidiram por isso ordenar o encaminhamento dos corpos para o Instituto de Medicina Legal, tendo a PSP recolhido os mesmos na última noite.

Na nota enviada à comunicação social, o Ministério Público diz ainda estar “consciente da sensibilidade da situação”, lamentando o “sofrimento que daí resultou para os familiares das vítimas”

Contactado pela Antena 1, o próprio bastonário da Ordem dos Advogados diz ter dificuldades em compreender o que aconteceu. “Em situações normais isto nunca teria acontecido. Os corpos não teriam sido entregues e teria sido feito antes”, explica.

Apesar da surpresa, Guilherme Figueiredo admite que a devolução dos corpos às autoridades possa ser benéfica, pois poderá evitar uma futura exumação e os resultados da autópsia poderão ser usados em eventuais processos contra o Estado.
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