Relatório aponta presença de quase 700 mil estrangeiros a viver em Portugal

por RTP
Mário Cruz - Lusa

Perto de 700 mil estrangeiros estão a residir em Portugal, de acordo com o Relatório Estatística Anual de 2022 do Observatório das Migrações. Este número representa cerca de 6,4 por cento da população a viver em território português no ano de 2020. Em alguns municípios, a população estrangeira é superior a um terço do total.

"O país atinge no final da década valores inéditos de perto de setecentos mil estrangeiros residentes, "stock" nunca antes alcançado em Portugal", pode ler-se no relatório.

A maioria de estrangeiros que chegam a Portugal vem devido a atividades ligadas aos estudos e à presença de familiares em território português. Também são muitos os reformadas a virem para Portugal viver a derradeira fase das suas vidas.

Em 2019, estas três razões representaram mais de 85 por cento do total de vistos atribuídos a estrangeiros, uma tendência que acabou por se repetir em 2020, apesar da pandemia de covid-19 (88 por cento dos vistos). Em 2021, esse valor baixou para os 82,4 por cento.

Catarina Reis Oliveira, autora do estudo, diz que Portugal vive uma situação de envelhecimento demográfico acentuado e que nem todos os perfis migratórios que chegam a Portugal ajudam a atenuar essa situação, até porque os reformados que pedem para viver em Portugal reforçam o envelhecimento demográfico português.

Em termos de percentagem de estrangeiros a viverem em Portugal, países como a Chéquia, Finlândia, Lituânia, Croácia, Hungria, Bulgária, Eslováquia ou Polónia apresentam números inferiores. O Luxemburgo é um dos países que se destaca de forma inversa, com mais de 47 por cento da população a viver no condado a ser estrangeira.
Imigrantes decisivos para alguns setores económicos
A autora do estudo diz que os estrangeiros têm um papel fundamental no mercado de trabalho português, sendo que alguns setores económicos entrariam em colapso.

Portugal é um dos países em que existe maior taxa de atividade por parte dos estrangeiros em relação aos nacionais. No entanto, os trabalhadores estrangeiros continuam a fazer muitos trabalhos de base, apesar de muitos terem qualificações mais altas.

A maioria dos trabalhadores estrangeiros está nos setores económicos de alojamento, restauração e outros similares, sendo que os salários médios são muito mais baixos do que os que os portugueses e a maioria dos vínculos laborais não são permanentes.

O relatório aponta também que existem alguns municípios em Portugal cuja predominância de estrangeiros é superior a um terço, exemplo disso, são os municípios de Vila do Bispo, Albufeira, Lagos e Odemira.
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