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Reservas de sangue em baixo levam ao adiamento de cirurgias no Hospital Santa Maria
Os baixos níveis das reservas de sangue estão a provocar o adiamento de algumas cirurgias no Hospital de Santa Maria, em Lisboa. A unidade de saúde está a apelar à dádiva de sangue para evitar o agravamento da situação.
“Tem mais de 50 quilos? Tem entre 18 e 65 anos? É saudável? Do que está à espera? Dê sangue! A sua dádiva pode ajudar a salvar vidas. O limite para a primeira dádiva são os 60 anos” - assim apela o Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) na rede social Facebook.
Também o Hospital de Santa Maria, em Lisboa está a fazer o mesmo apelo. Precisa de dadores de sangue urgentemente face às reservas de sangue estarem em baixo.
"As reservas de sangue estão baixas, como estão em todos os hospitais em Portugal. Isto é um problema do país. Aliás, o IPST [Instituto Português do Sangue e Transplantação] está a trazer sangue dos Açores e da Madeira, porque estamos, de facto, numa situação difícil", disse à agência Lusa o diretor do Serviço de Imuno-Hemoterapia da Unidade Local de Saúde Santa Maria, Álvaro Beleza.
Garantir sangue para situações mais emergentes: "temos que gerir cirurgias"
O responsável hospitalar acrescenta que é frequente nesta época do ano os níveis de sangue baixarem mais ainda por falta de dadores que vão de férias. Por isso, Santa Maria apela aos dadores para, antes de irem para férias, doarem sangue.
"Infelizmente os doentes" e os problemas de saúde "não fazem férias", acentua Álvaro Beleza.
O diretor do Serviço de Imuno-Hemoterapia sublinha que a situação está a piorar cada ano que passa porque há um défice de dadores em Portugal e a nível europeu. Álvaro Beleza aponta mesmo que existe um défice de dois milhões de dádivas.
"O mais importante é apelar às pessoas para doarem sangue, porque, obviamente, temos que gerir as cirurgias. Ninguém fica sem sangue nas situações mais emergentes e graves - as cirurgias mais complexas -, mas estão a adiar-se algumas que se podem adiar para precisamente termos sangue para aquelas situações mais emergentes", explica Álvaro Beleza.
No Hospital Santa Maria, os principais dadores são jovens estudantes de medicina, de enfermagem, das áreas da saúde, da Universidade de Lisboa, entre outros, mas, disse, "estamos, de facto, com dificuldades" e "as pessoas têm que perceber que há um problema".
"As pessoas, infelizmente, cada vez doam menos (...) e os dadores regulares, as associações de dadores, são gerações que estão a envelhecer, que já não podem dar sangue a partir dos 65 anos e, portanto, isto é uma luta diária para que os mais jovens venham a doar sangue", lamentou.
Momento crítico: grupos A positivo e negativo e 0 positivo e negativo
Perante a possibilidade de o cenário poder piorar durante o verão, Álvaro Beleza estimou, segundo a experiência e a troca de informações entre hospitais, que "o pior" será até ao fim deste mês de julho.
Lembrou que o IPST está a fazer "uma grande campanha com as federações e as associações de dadores" e que em agosto "até poderá melhorar" disse Álvaro Beleza.
Maria Antónia Escoval, presidente do IPST, também confirmou que, a partir de 15 de julho, há sempre "uma situação de maior carência de sangue" por deslocação dos dadores regulares para férias.
O IPST está a publicar semanalmente, à segunda-feira, a avaliação das reservas em www.dador.pt para que os dadores regulares e os dadores de primeira vez possam inteirar-se da situação e realizar a sua dádiva de sangue. Neste portal também se pode consultar os locais fixos de colheitas de sangue, em Lisboa, Porto e Coimbra, e todos os hospitais com serviço de colheita.
Neste momento, Lisboa e Vale do Tejo é região que necessita mais no que se refere ao tipo de sangue 0+.
O Algarve "é uma região que necessita, durante todo o ano, de um reforço nas dádivas de sangue", explicou a presidente.
De acordo com a responsável, o IPST regista alguma carência em alguns grupos sanguíneos. Quanto à situação nos hospitais, Maria Antónia Escoval reporta que, neste momento, ainda se encontra de algum modo controlada.
"De qualquer maneira, precisamos do reforço na dádiva de sangue e pedimos a todas as pessoas, especialmente dos grupos A positivo e negativo e 0 positivo e negativo que efetuem a sua dádiva de sangue", porque todos os dias há cerca de 1.100 doentes nos hospitais portugueses que necessitam de sangue", reforça.
c/Lusa