Resposta a apagão. Proteção Civil desenrola linha do tempo de "evento inédito"

por Cristina Sambado - RTP
António Pedro Santos - Lusa

O presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil afirmou esta quarta-feira que ainda não são conhecidas “as causas” do apagão que, no início da semana, deixou a Península Ibérica às escuras. “Este evento é inédito e desconhecido”, frisou José Manuel Moura.

Em conferência de imprensa, a partir da sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (AENPC), em Carnaxide, José Manuel Moura percorreu a linha do tempo desde as 11h30 de segunda-feira, quando a rede elétrica nacional caiu, até ao fim do dia.

"Às 11h47 foi feito o primeiro contacto com a REN e com a E-Redes para avaliação do que estava a acontecer. É importante recordar que nesta fase ainda não se sabia a causa deste evento. E às 12h04 tínhamos informação da E-Redes sobre a falha de energia generalizada na Península Ibérica com possibilidade da recuperação da normalidade após 24 horas", explicou.Poucos minutos após o contacto com a REN e com a E-Redes, foram contactados o SIRESP, o INEM e bombeiros.


Perto das 12h00, a "REN informa que há uma avaria de causas desconhecidas". "Nós às 12h05 fizemos o estabelecimento de um plano de comunicações de crise a nível estratégico e um contacto com as operadoras de telecomunicações, no sentido de percebermos o que estava a acontecer".

"Mediante todos estes contactos, perante a iminência do que estávamos a viver, volvidos muito poucos minutos, tivemos de estabelecer um plano de comunicações de crise a nível estratégico".

E às 12h18 foi feita "a projeção do nosso oficial de ligação de estrutura operacional de nacional para o sistema de segurança interna. Porque até aquele momento não estava definido, estabelecido, compreendido que evento é que estávamos a viver. Se era um evento de Proteção Civil, proteção e socorro, se era de segurança interna".

O contacto com o Mecanismo Europeu de Proteção civil foi feito às 12h27. Para perceber se a nível europeu havia alguma informação operacional que pudesse ser útil. "Não obtivemos nenhuma informação significativa", indicou o responsável.Na continuação da explicação sobre a linha do tempo, José Manuel Moura afirma que a primeira nota à "comunicação social é enviada às 13h05".


Cerca de 30 entidades participaram "de uma forma ativa, permanente e disponível para se conseguir resolver, de forma muito positiva, este evento que para nós era inédito, desconhecido e que teve a resposta operacional no tempo próprio e com resultado vítimas zero, que importa referir".

A meio da tarde foi feito o levantamento das entidades que necessitavam de geradores. "E é aqui que se coloca o problema de reabastecimento de outros geradores, que num primeiro momento arrancaram, mas que depois o ponto crítico era o reabastecimento".
A preparação para o envio de um SMS à população é feita às 17h15, "com muito pouca informação do que se estava a passar".

"O balanço que fazemos deste SMS que foi programado para enviar a partir das 18h00 e até às 24h00, ou seja as comunicações com os operadores e os clientes foi seriamente afetada. Recordo que tínhamos de todos os operadores oficiais de ligação. Os dados preliminares apontam para a receção do aviso por cerca de 2.5 milhões de clientes nacionais", esclareceu.

Segundo José Manuel Moura, "não existe a confirmação que o SMS tenha chegado clientes internacionais. A taxa global de entrega terá sido inferior a 50 por cento, valores que contradizem com o que normalmente noutros eventos, que normalmente atinge os 95 por cento. O que está em causa foi a falta de cobertura de rede e a falta de energia".

"Recordo também que as mensagens de aviso não são prioritárias em relação ao restante tráfego".

Às 18h28 foi lançada nas redes sociais com um apelo à população para evitar deslocações desnecessárias e às 19h30 é lançado um alerta laranja.

"O alerta laranja teve como base os princípios da prevenção e da precaução".

A resposta operacional "foi garantida e correspondeu ao número de ações de socorro mediana relativamente ao que acontece no dia-a-dia. Não houve um incremento de ocorrências devido ao apagão".

"Às 23h15 houve um briefing do que se estava a passar que contou com a participação da ministra da Administração Interna".

"Repito, é uma ocorrência inédita, inopinada, que a todos desafiou, mas que o resultado final é uma ocorrência que tem zero vítimas, e não posso deixar de o referir", rematou.
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