Revisores da CP cumprem greve de 24 horas contra "desigualdade salarial"

por Carlos Santos Neves - RTP
A greve dos revisores pode provocar perturbações na circulação dos comboios Estela Silva - Lusa

Os revisores da CP – Comboios de Portugal cumprem esta quarta-feira uma paralisação de 24 horas com serviços mínimos definidos, ação de luta promovida pelo SFRCI - Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante. Estes profissionais consideram estar a ser discriminados relativamente a outros trabalhadores. O bloco do SNTSF - Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Setor Ferroviário e da Fectrans deu um passo atrás no protesto.

Inicialmente, esta greve abarcava os trabalhadores representados pelo SNTSF/Fectrans. Todavia, a estrutura decidiu desmarcar a paralisação na tarde de terça-feira, depois de uma reunião com o secretário de Estado das Infraestruturas, Frederico Francisco.

A organização sindical que decidiu manter a paralisação, o SFRCI, entende que o acordo firmado entre a administração da CP e o sindicato dos maquinistas acarreta “desigualdade salarial”, o que acabará por impedir a paz social na empresa.O Tribunal Arbitral definiu serviços mínimos de cerca de 30 por cento nos serviços urbanos e regionais e de 25 por cento no longo curso. A CP advertiu para “fortes perturbações” na circulação ferroviária até 1 de junho e o SFRCI calcula a adesão em 100 por cento.

Entrevistado na edição desta quarta-feira do Bom Dia Portugal, Luís Bravo, dirigente do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante, assinalou que "o aumento complementar dos salários estipulados pelo Governo para a Função Pública e sector empresarial do Estado foi equitativo para todos os trabalhadores". Por contraste, "na CP isso não aconteceu".

"A administração da CP, por necessidade de fechar um acordo com outra organização sindical, absorveu parte das verbas que estavam destinadas aos restantes trabalhadores e, neste momento, está a condicionar a aplicação do aumento intercalar", denunciou o sindicalista, para acrescentar que o dinheiro "foi para os maquinistas".

"O SFRCI é o sindicato com maior amplitude dentro da empresa. Os trabalhadores afetados, os revisores, os trabalhadores das bilheteiras, as chefias diretas, as pessoas que, no fundo, põem os comboios a circular, à exceção dos senhores maquinistas, são representados por nós e são esses os mais afetados. Nesse sentido, não foi ultrapassada esta desigualdade salarial que a empresa está a aplicar", insistiu.
Questionado sobre as atualizações salariais propostas pela empresa, Luís Bravo assinalou que "o aumento no salário de base é de 12,50 euros". A aplicação dos demais prémios "não é diária".

"É a estes trabalhadores, aos revisores, que a empresa está a colocar postos de trabalho em causa, por via da redução de regras de segurança na circulação de comboios", acentuou o dirigente sindical, apontado riscos da ausência de "um agente de acompanhamento" nas composições, além do maquinista.

A greve tem estado a provocar grandes constrangimentos.
Ao início da manhã, haviam já sido suprimidos 57 por cento dos 251 comboios programados, de acordo com números da CP.

Por sua vez, José Manuel Oliveira, da Fectrans - Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações, quis apontar o que considerou ser um conjunto de garantias por parte do secretário de Estado das Infraestruturas e um acordo com a própria CP, para assinalar que as partes vão prosseguir as negociações.
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A Fectrans adianta que vão ser marcadas reuniões para discutir, por exemplo, a segurança na circulação.O acordo traduz-se num aumento intercalar de 50 euros por mês, indicou o dirigente da Fectrans.


O SINFA - Sindicato Independente dos Trabalhadores Ferroviários, das Infraestruturas e Afins acompanhou a posição da Fectrans e do SNTSF.
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António Salvado, do SINFA, aplaude a subida salarial.

c/ Lusa
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