Sebastião Bugalho. Quem é "o jovem talentoso, disruptivo" nas palavras de Montenegro

por Cristina Santos - RTP
Sebastião Bugalho com Hugo Soares, líder parlamentar do PSD RTP

Sebastião Maria Reis Bugalho nasceu em novembro de 1995, tem 28 anos e é atualmente colunista do Expresso e comentador televisivo da SIC. O primeiro-ministro escolheu-o para cabeça de lista da Aliança Democrática às Europeias de 9 de junho.

Filho dos jornalistas João Bugalho e Patrícia Reis, editora da revista Egoísta, da Estoril Sol, Sebastião Bugalho recorda, na página que tem na rede social Facebook, que quando nasceu o pai tinha um programa de rádio dedicado ao jazz. É desse tempo que, garante, guarda as memórias mais antigas: 

“Sentarem-me na cadeirinha rotativa do estúdio, com os ténis de velcro suspensos nas alturas, é das memórias mais antigas que guardo. Ele anunciava um concerto qualquer e punha um disco a tocar, e eu ouvia-o, com a voz de locutor fumador, e os olhares fora da cabine insonorizada a dizerem-me: "Não faças barulho agora!". E eu lá ficava, excecionalmente caladinho, sem arruinar a gravação.”

Enquanto aluno do curso de Ciência Política, no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, em 2016 oferece-se para escrever opinião no jornal i e acabou por assinar uma coluna. Estagiou na secção de política do jornal i e, recorda Vítor Raínho, diretor daquele jornal, era "um jovem cheio de si, com uma confiança superior à de Jorge Jesus”.

Começou a afastar-se do jornalismo em 2018, chegando a afirmar “que é muito difícil ser jornalista, tenho imenso respeito a quem ainda é. Não é só dormir mal e comer as más horas, é mais do que isso – é o esforço, é uma coisa constante”, (entrevista ao Jornal Económico, em 2018). Então, segue caminho rumo ao comentário político e à política.

Numa entrevista ao Diário de Notícias, em julho de 2023, questionado sobre se "Montenegro vai assumir-se como alternativa?", Sebastião Bugalho descreveu o que faltava (ou quem faltava) ao atual primeiro-ministro (então líder da oposição). Nesta terça-feira, durante o anúncio oficial, Luís Montenegro defendeu que o Sebastião Bugalho é "um jovem talentoso, que o País conhece, aqui e ali até polémico" e garantiu: "É a expressão daquilo que nós queremos".

“O que lhe falta é uma equipa de protagonistas em que a sociedade se reveja, se reconheça e em cuja palavra confie. Um conjunto de porta-vozes, do partido e fora dele, cuja credibilidade seja quase automática aos olhos dos portugueses".
“Eu sempre tive pressa, sempre quis fazer coisas”

Entra na política, pela primeira vez, em 2019 quando tinha 23 anos. A convite de Assunção Cristas, Sebastião Bugalho foi escolhido para integrar a lista do CDS pelo círculo de Lisboa, apesar de se assumir como independente. Os resultados das legislativas deixaram-no fora do parlamento. 

No entanto, assegura que o seu “interesse na política era quase romântico, literário. Não foi um interesse premeditado, pensado. Foi quase instintivo", afirmou numa entrevista ao i. Em 2021 recusa um lugar na bancada do CDS-PP para substituir a deputada Ana Rita Bessa, justificando a recusa com “circunstâncias políticas (do CDS) e profissionais”.

Convidado por Marcelo Rebelo de Sousa para um almoço, juntamente com José Manuel Fernandes, António Carrapatoso, Duarte Schmidt e João Carlos Espada, para sentir as preocupações da direita, Sebastião Bugalho referiu que "Marcelo quis ouvir-me porque sou muito bom".
Comentário político e polémicas

Para muitos, tornou-se uma estrela no comentário político pelas suas opiniões vincadas e por vezes agressivas. Exemplo disso, podemos apontar, enquanto comentador da CNN, a discussão com a também comentadora e jornalista Anabela Neves no programa Os Quatro. Foi um exaltado Sebastião Bugalho que levantou a voz.

Ainda outro exemplo, já na SIC Notícias, com o ex-secretário de Estado e da Presidência do Conselho de Ministros, Miguel Prata Roque, no primeiro Governo de António Costa. Tudo começou pela alegada falta de uma segunda figura do Governo de Montenegro, o tom subiu e Sebastião Bugalho acabou por acusar Miguel Prata Roque de enganar quem os estava a ver: "O Miguel Prata Roque não sabe aquilo que está a dizer (...) está a enganar o telespectador. Não engane o telespectador".

Para além destas polémicas, Sebastião Bugalho viu-se envolvido em dois casos, distintos, com a Justiça. No primeiro foi acusado de violência doméstica, um caso depois arquivado por falta de provas, sem que tenha sido formulada acusação. A investigação referiu que “as testemunhas ouvidas não presenciaram agressões físicas, nem relataram factos que integrem crime de ameaça ou crime de injúrias”.

O outro caso surge no âmbito da Operação Tutti Frutti, que investiga o alegado favorecimento entre dirigentes e militantes do PS e PSD nas eleições autárquicas de 2017. 

Entre as escutas telefónicas, foi gravado um telefonema entre Carlos Reis (deputado do Partido Social-Democrata e visado no processo Tutti Frutti) e Sebastião Bugalho na qual o empresário pediu o NIB ao comentador porque tinha "uma loja para despachar". Bugalho forneceu-lhe a informação através de um SMS e adicionou ainda: "O que me pediste primo".

A 3 de janeiro de 2018 a PJ pediu a quebra do sigilo bancário da conta de Bugalho colocando a hipótese de "Carlos utilizar a conta do primo para esconder movimentos bancários". 

Depois da situação ter sido tornada pública, Sebastião Bugalho garantiu à SÁBADO que não é primo de Carlos Reis e justificou o envio do dinheiro: "No final de 2017, Carlos Eduardo Reis viajou do Norte para Lisboa, onde nos encontrámos. Conversámos como habitual sobre política (era o meu trabalho). Quando nos despedimos, já tarde, deu pela falta da sua carteira, que havia esquecido em casa, no Norte. Perante isto, fui à caixa de Multibanco mais próxima e emprestei a quantia necessária para o seu regresso a casa (gasolina, portagens, etc.). Pareceu-me, à data, o gesto mais correto e decente. Dias mais tarde, o mesmo procedeu à devolução da exata quantia por transferência e confirmou-o por SMS. Julgo que nem um nem outro tínhamos algo a esconder, sendo que ambos os movimentos podem ser confirmados pelo meu extrato bancário, cujo historial requisitei assim que fui contactado pela revista Sábado".
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