Teste conclui que golas antifumo não se inflamam mas ficam perfuradas

por Carlos Santos Neves - RTP
O relatório preliminar, a que a RTP teve acesso, concluiu que mesmo em contacto com o fogo as golas ficam perfuradas, mas a chama não se sustenta Rafael Marchante - Reuters

Um teste conduzido pelo Laboratório de Estudos sobre Incêndios Florestais concluiu que as golas distribuídas no âmbito do programa Aldeia Segura, Pessoas Seguras não se inflamam, mesmo estando em contacto com chama ou a menos de meio metro de chamas. Mas ficam perfuradas. A análise foi pedida pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil e levada a cabo pela equipa do professor Xavier Viegas.

O relatório preliminar, a que a RTP teve acesso, concluiu que mesmo em contacto com o fogo as golas ficam perfuradas, mas a chama não se sustenta.

O teste, que envolveu 28 golas, concluiu também que uma toalha de algodão, submetida às mesmas situações que as golas, não se deformou.

“Em conclusão podemos dizer que as golas testadas não se inflamaram – isto é não entraram em combustão com chama – mesmo quando sujeitas a um fluxo de calor de muito elevada intensidade, produzido por chamas cuja altura variou entre um e quatro metros, mesmo quando colocadas uma distância inferior a 0.5m das chamas, durante mais de um minuto”, lê-se no documento.

Os testes tiveram por objetivo “avaliar o comportamento das golas quando expostas a um ambiente próximo de um incêndio florestal”.

Pedro Zambujo, Miguel Teixeira - RTP

“Em concreto, avaliar se as referidas golas se inflamavam quando sujeitas a um forte fluxo radiativo, semelhante ao de uma frente de chamas como as que ocorrem em incêndios florestais, podendo colocar em perigo o seu utente, pelo facto de entrarem em combustão”, especifica o relatório preliminar.

Estes ensaios tiveram lugar no passado domingo no Laboratório de Estudos sobre Incêndios Florestais. Participaram nove especialistas e técnicos.

O Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais sublinha que este é “um relatório preliminar muito sucinto, uma vez que não foram ainda analisados muitos dos parâmetros que foram objeto de mediação e registo durante os ensaios”.
“Cidadãos podem continuar a confiar”
Em comunicado entretanto enviado às redações, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil confirma ter recebido o relatório preliminar sobre o ensaio coordenado pelo professor Domingos Xavier Viegas. E reitera o argumento de que as golas distribuídas às populações não são “equipamento de proteção individual”.

“Não obstante as golas não constituírem equipamento de proteção individual, destinando-se à proteção das vias respiratórias em situações de evacuação e de deslocação para abrigos ou refúgios, os testes realizados afastam os perigos de combustão que foram sendo erroneamente apontados”, lê-se na nota.

“Estamos seguros de que os cidadãos podem continuar a confiar na Autoridade e a utilizar as golas, tendo presente que as mesmas não consubstanciam equipamentos de proteção individual para combate a incêndios rurais”, frisa a Proteção Civil.

“Na convicção de que os resultados do ensaio poderão contribuir para a manutenção, quer da confiança da população nos Programas Aldeia Segura e Pessoas Seguras, quer do elevado empenhamento dos autarcas locais e demais agentes de proteção civil na implementação dos mesmos, a ANEPC entendeu oportuna a divulgação dos resultados do mencionado ensaio”, conclui a Autoridade.
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