Urgências fechadas. Constrangimentos preocupam hospitais, sindicatos e oposição

por RTP
A ministra da Saúde vai reunir esta tarde com a Ordem dos Médicos e sindicatos do setor. Pedro A. Pina - RTP

A falta de médicos está a provocar fortes constrangimentos nas urgências hospitalares. No fim de semana houve mesmo serviços encerrados, como foi o caso da urgência da maternidade do Hospital de Loures e de Braga. A situação é também problemática nos serviços de obstetrícia de outros hospitais, como o de Setúbal ou de Santarém. Os sindicatos do setor reúnem de urgência esta segunda-feira com o Governo, numa altura em que chovem críticas à sua atuação.

No Amadora-Sintra a situação mais complicada durante o último fim de semana foi na urgência de cirurgia geral, mas o problema deverá ficar resolvido durante já esta segunda-feira. Na Guarda não houve urgência de ortopedia e em Portimão falhou a pediatria.

No Hospital de Santa Maria, em Lisboa, o diretor do serviço de obstetrícia admite ter recebido mais de 100 grávidas, o dobro do habitual. Esta pressão levou a que tivessem de ser assumidos alguns riscos, como a realização de partos em plena enfermaria.

O serviço de urgência de ginecologia e obstetrícia do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, reabriu apenas às 20h00 de domingo. Até lá, os "constrangimentos pontuais" foram "supridos por outras unidades da região”, informou a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT).

A ARSLVT agradeceu aos profissionais de saúde que asseguraram a prestação de cuidados pelo esforço adicional e apelou à compreensão dos utentes, "lamentando, desde já, o constrangimento que, apesar de todos os meios disponibilizados, não foi possível ultrapassar".
Marcelo justifica constrangimentos com feriados e cansaço dos médicos
A ministra da Saúde vai reunir esta tarde com a Ordem dos Médicos, o Sindicato Independente dos Médicos e a Federação Nacional dos Médicos no Ministério da Saúde, em Lisboa, para debater os constrangimentos que se têm registado nas urgências hospitalares devido à falta de profissionais de saúde.

Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, disse à RTP que a expectativa para a reunião desta tarde com a ministra é "positiva". "Acho que nós temos de ter sempre esperança de que é possível resolvermos os casos mais agudos com algumas medidas que sejam eficazes e rápidas de aplicar", defendeu.

Já o presidente da República entende que é preciso prevenir situações como as que se estão a verificar no Serviço Nacional de Saúde. “É importante prevenir que não suceda durante o verão o que sucedeu agora neste fim de semana longo quanto às estruturas de saúde", disse.

Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou, no entanto, que as dificuldades no preenchimento das escalas têm a ver com o fim de semana prolongado e com o cansaço dos profissionais de saúde, depois de terem enfrentado uma pandemia.

“Houve um esforço muito grande do Serviço Nacional de Saúde nestes anos de pandemia" de covid-19 e agora vive-se "uma normalização" que "tem momentos como este", afirmou.

"Há questões que têm a ver com a formação de especialistas, têm a ver com o funcionamento das estruturas, com o cansaço e a fadiga dos profissionais e as baixas que meteram", apontou o chefe de Estado.
Partidos condenam atuação do Governo
Os constrangimentos no Serviço Nacional de Saúde deram aos partidos a oportunidade de renovarem os apelos ao Governo e de lançarem críticas à sua atuação.

O PCP exigiu que o Governo atue com urgência para evitar novos constrangimentos no funcionamento de serviços hospitalares de ginecologia e obstetrícia e perguntou que medidas vão ser tomadas pelo Ministério da Saúde.

Os comunistas reivindicam medidas que "fixem os profissionais no Serviço Nacional de Saúde impedindo a sua saída para o privado ou para o estrangeiro" e sustentam que isso "só se consegue com carreiras atrativas, valorização salarial, dedicação exclusiva, com mais equipamentos e investimento no SNS".

Já o presidente do Chega, André Ventura, diz que o partido vai querer ouvir a ministra da Saúde no Parlamento já esta semana sobre os casos da falta de médicos em obstetrícia, admitindo que a audição ocorra sexta-feira.

A Iniciativa Liberal acusa, por sua vez, o Governo de incompetência na gestão do Serviço Nacional de Saúde. João Cotrim de Figueiredo garante que a ministra da Saúde é a responsável pelo que está a acontecer no setor.
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