Violência no namoro. Autoridades registam número mais alto de denúncias em cinco anos

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Sydney Sims - Unsplash

O ano passado, a PSP e a GNR receberam 2.860 denúncias de violência no namoro, o que dá uma média de oito queixas por dia. Este é o número mais alto de queixas em cinco anos. A maioria das vítimas tem até 24 anos.

A Guarda Nacional Republicana registou 1.497 crimes de violência no namoro em todas as faixas etárias em 2023, mais 76 do que no ano anterior.

Em comunicado para assinalar o dia dos namorados, a GNR explica que do total de queixas, 244 (27 por cento) são de vítimas até aos 24 anos.
Inês Martins - Antena 1

A PSP, por sua vez, registou 1.363 denúncias de violência no namoro em 2023.
“Das vítimas identificadas, 78% é do sexo feminino (1.063). Destas, 55% encontram-se na faixa etária entre os 25 e os 44 anos, 28% tem menos de 25 anos e 17 por cento tem mais de 45 anos”, especificou a PSP. Em conjunto, PSP e GNR receberam, no ano passado, 2.860 denúncias de violência no namoro - o máximo registado em cinco anos. Em média, foram apresentadas oito queixas por dia em Portugal.

Os dados vão ao encontro dos números revelados esta quarta-feira pela União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), que assegura que em 2023 63 por cento dos jovens inquiridos num estudo sofreram algum tipo de violência no relacionamento. Num universo de quatro mil, foram quase 2.500 os que assumiram ter sofrido violência física ou psicológica no namoro.

Segundo o responsável pela área da violência doméstica na Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, Daniel Cotrim, a chantagem emocional e cyberbullying são formas usadas nas redes socias pelos jovens para exercer violência no namoro.
Antena 1GNR e PSP fazem campanhas contra a violência no namoro
A GNR está a desenvolver até domingo uma campanha de prevenção “com o objetivo de sensibilizar para a eliminação da violência e todas as formas de agressão existentes em relações de namoro, especialmente entre os jovens, onde estes comportamentos são precoces e mais facilmente evitados no futuro”.

“É importante alertar os jovens para a importância das relações saudáveis, baseadas em princípios e valores tais como a autoestima, o respeito e a tolerância, que são pilares das relações de namoro, promovendo uma cultura anti-violência através de uma maior consciencialização”, refere a GNR em comunicado.
A PSP também inicia esta quinta-feira uma campanha em escolas de todo o país contra a violência no namoro.

A campanha “No Namoro Não Há Guerra”, desenvolvida por polícias afetos ao programa Escola Segura, decorre até 23 de fevereiro e destina-se principalmente a alunos do 3.º ciclo do ensino básico e do ensino secundário, na faixa etária entre os 13 e os 18 anos.

Numa nota divulgada no Dia de São Valentim, a polícia defendeu a necessidade de intervenção precoce e especializada nestes casos de violência, apelando às vítimas e às pessoas que lhes são mais próximas que estejam “atentas a sinais” e que apresentem queixa nas esquadras, junto das Equipas da Escola Segura (em contexto escolar) ou das Equipas de Proteção e Apoio à Vítima.

“A violência não é tolerável, nem desculpável, mas quem agride precisa de ser ajudado”, sublinhou.

c/ Lusa
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