Viticultura. PJ detém oito pessoas por suspeitas de corrupção no Minho

Em causa estão suspeitas de adulteração de vinho verde com denominação de origem.

Joana Raposo Santos - RTP /
Nuno Patrício - RTP

A Polícia Judiciária deteve esta quarta-feira oito pessoas por suspeitas de corrupção no Minho no âmbito da operação "Puro Verde". Entre os detidos figuram elementos da comissão de viticultura da região dos vinhos verdes e empresários.

Em causa suspeitas relacionadas com a adulteração de vinho verde com denominação de origem. A investigação acredita que os empresários iriam recolher uvas a outras regiões, mais baratas, alegando depois que eram de denominação de origem.

“A Polícia Judiciária levou a cabo uma operação, na zona norte do país, na qual foram detidas oito pessoas, suspeitas da autoria dos crimes de corrupção ativa e passiva, falsificação de documentos e abuso de poder e realizadas 21 buscas domiciliárias e não domiciliárias, incluindo na sede da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV)”, lê-se num comunicado da PJ. No decurso da operação “Puro Verde” foram constituídos arguidos 17 pessoas singulares e coletivas e apreendidos bens em espécie e numerário.

A investigação, iniciada em agosto, “teve origem numa denúncia sobre um alegado esquema de conluio entre funcionários da Comissão e empresários do setor vinícola, com vista ao favorecimento destes, designadamente, mediante a omissão dos deveres de fiscalização da origem e trânsito das uvas e seu depósito em adegas e produtores durante a vindima de 2025”.

A Judiciária refere ainda que CVRVV tem funções de controlo da produção e comércio e de certificação dos produtos vinícolas com direito a atribuição de DO (Denominação de Origem) e à IG (Indicação Geográfica), bem como a empresas relacionadas com a produção e comercialização de vinhos.

“Através desta conduta é colocado em risco o processo de certificação da qualidade do vinho com DO, que confere e atesta a sua origem, as castas utilizadas, os processos de tratamento da vinha, vinificação e estágios, que caracterizam os vinhos de uma determinada DO e os distinguem dos restantes”, explicam as autoridades.

O objetivo seria, de acordo com a PJ, beneficiar certos operadores económicos através da oferta e aceitação de vantagens, tanto em bens como em dinheiro.

Os detidos são quatro membros da Divisão de Fiscalização e Controlo da CVRVV e quatro empresários do setor de produção e distribuição de vinhos verdes.

“A investigação, dirigida pela Diretoria do Norte da PJ, visou detetar e recolher provas sobre o esquema referido, confirmar se houve violação das regras da certificação e impedimento do reforço da fiscalização, vindo as práticas detetadas a mostrar-se complexas e de muito difícil deteção não obstante os esforços da Direção da Comissão e de operações especiais de fiscalização conduzidas pela GNR e ASAE”, adianta o comunicado.

Os detidos serão agora presentes à competente autoridade judiciária no Tribunal de Instrução Criminal do Porto para primeiro interrogatório judicial de arguido detido e aplicação de medidas de coação.
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