"Vontade de mudar"

A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, considerou Chaves como um "símbolo da vontade de mudar", pois neste concelho fecharam neste ano lectivo 39 das 82 escolas do primeiro ciclo.

Agência LUSA /
A ministra da Educação na escola de Vila Verde da Raia Lusa

Maria de Lurdes Rodrigues deu hoje o arranque oficial às aulas na escola do primeiro ciclo de Vila Verde da Raia, localizada na fronteira com Espanha, que acolhe 39 alunos, dos quais quatro são transportados das aldeias vizinhas de Lamadarcos e Vila Frade.

Para a ministra, Chaves é um "símbolo da vontade de mudar, mesmo contra as dificuldades, tais como a escassez de recursos".

E porque considera que, em Portugal, o sistema educativo "ainda é desigual", a governante diz ser necessário diminuir as desigualdades entre as escolas, mesmo que essa escola, como é o caso da de Vila Verde da Raia, fique localizada a poucos quilómetros da fronteira com a Galiza.

Também aqui, os alunos vão ter o horário alargado até às 17:30, aulas de inglês, estudo acompanhado e actividade física.

Maria de Lurdes Rodrigues referiu que o Ministério da Educação encerrou neste novo ano lectivo 1.500 escolas, onde estudavam 10 mil alunos, num universo de um milhão e quinhentos mil que o Ministério tem a seu cargo.

"Todos os alunos têm um valor igual para nós", afirmou, acrescentando que o movimento de encerrar as escolas isoladas e sem condições vai continuar.

O futuro passa, segundo a responsável, pela aprovação e concretização das cartas educativas, sendo que, a de Chaves, vai ser "aprovada já no próximo mês".

"Espero que o próximo quadro comunitário de apoio seja um instrumento financeiro para resolver de vez o problema da rede escolar no nosso país", salientou.

O presidente da Câmara de Chaves, João Baptista, disse que está prevista a construção de dois centros escolares na cidade de Chaves, pois as escolas da zona urbana sofrem com o problema da sobrelotação.

A estimativa inicial é que estes dois centros custem cerca de 2,5 milhões de euros e tenham capacidade para acolher 500 crianças cada um.

Mas, nem em todo o país, a reabertura do ano escolar está a ser pacífica.

Em alguns concelhos como Ponte de Lima ou Freixo de Espada à Cinta, os pais contestam o encerramento das escolas do primeiro ciclo, uma contestação compreendida pela ministra Maria de Lurdes Rodrigues.

"Estes protestos revelam receios em relação à mudança. Temos que dar às famílias confiança de que as condições de transporte e alimentação estão garantidas", frisou.

A insatisfação dos pais decorre, segundo a governante, da "incerteza" quanto às condições de transporte e alimentação Quanto aos movimentos relacionados com os sentimentos colectivos de perda de escolas, a ministra considera que "não é legítimo" pedir que duas ou três crianças assumam o "cargo de salvar aldeias que já estavam condenadas à desertificação".

Vila Real é o distrito do país que viu encerrar o maior número de escolas do primeiro ciclo no novo ano lectivo, designadamente 267 das 487 que funcionaram no ano passado.

Fonte do centro de Área Educativa de Vila Real disse hoje à Lusa que mais de metade das escolas do distrito encerraram no início deste ano lectivo.

Das 487 escolas em funcionamento no ano passado, apenas reabriram 220.

Estes números ainda poderão sofrer algumas alterações, já que foi pedida a reabertura, a título excepcional, de alguns estabelecimentos de ensino, situações que ainda estão a ser analisadas pela tutela.

O concelho mais afectado pelo encerramento de escolas é Chaves, com 39 estabelecimentos encerrados.

PUB