"O Governo usa a imigração como arma de arremesso contra o PS"

Eurico Brilhante Dias, futuro líder parlamentar do PS, acusa o Governo de estar a usar a imigração como "arma de arremesso, não apenas contra o PS, mas contra os próprios imigrantes".

Antena 1 /
Em entrevista ao podcast da Antena 1 “Política com Assinatura”, o futuro líder parlamentar do PS considera isso “muito perigoso”. 

Eurico Brilhante Dias acusa a extrema-direita de colocar portugueses contra estrangeiros e diz que o Governo “com a forma como tem falado de imigração, tem gerado lastro para que às vezes apareça o partido de extrema-direita a dizer: finalmente o Governo vem na nossa direção”.
Há uma capitulação ideológica do governo ao Chega? 
Brilhante Dias não vai tão longe, mas reconhece que há questões nos diplomas da imigração que o Governo quer aprovar na Assembleia da República que suscitam dúvidas.

Fala de uma “divergência grosseira” com a Constituição e em medidas que “não vejo como um social-democrata pode concordar”.
Eurico Brilhante Dias admite que o voto contra o voto de confiança do governo de Montenegro foi um erro estratégico.

Há decisões que nós tomámos, que nos penalizaram”, admite o futuro líder da bancada socialista e dá como exemplo o voto contra do PS na moção de confiança que destronou o Governo e ditou eleições legislativas antecipadas.

Aos olhos da maioria dos militantes do partido socialista um voto diferente no dia da moção de confiança podia ter alongado ou prolongado a legislatura anterior”, no entanto acrescenta que “não sei se o Secretário-Geral do Partido Socialista, em função do quadro construído, podia ter tomado outra decisão”. 

Brilhante Dias deixa o reconhecimento: Pedro Nuno Santos “foi um homem corajoso”.
É um partido que vive do descontentamento”, é como Eurico Brilhante Dias avalia a progressão do Chega no sistema político.

Para o futuro líder parlamentar do PS existe uma frustração de uma franja da sociedade portuguesa que leva ao voto no Chega, “é um voto de protesto” diz.

PS e PSD não têm dado resposta nos últimos anos”, admite Brilhante Dias. Existe, acrescenta, que há “um certo inconseguimento do sistema democrático” em encontrar soluções para quem está a passar por dificuldades sociais e económicas.
Primeiro as Autárquicas e só depois olhar para as Presidenciais
Eurico Brilhante Dias defende que o PS deve primeiro tratar do combate autárquico, avaliar os resultados dessas eleições, e só depois “em comissão nacional devemos deliberar” sobre o candidato do PS à Presidência da República.

O futuro responsavel pela bancada parlamentar socialista relembra que o leque de candidatos a Belém ainda não está fechado. “Nós não conhecemos o leque. O que devemos fazer? Respeitar profundamente a iniciativa individual de cada um e o partido deve tomar uma posição no momento próprio”, ou seja, após as autárquicas.
Sobre a candidatura de António José Seguro às Presidenciais, Eurico Brilhante Dias acredita que entre Seguro e o PS já não existem feridas abertas.

E o socialista concorda com Pedro Nuno Santos: “o Partido Socialista não devia chegar a estas eleições sem apoiar um candidato”. Se esse candidato deve ser António José Seguro, Brilhante Dias só responde após as autárquicas.
Pedro Nuno Santos versus José Luís Carneiro
Um merece ter um lugar na Assembleia da República, o outro deve ser Primeiro-Ministro.

Na opinião de Eurico Brilhante Dias “se há deputado que merece o lugar que tem na Assembleia da República é o Doutor Pedro Nuno Santos", defende. 

Quanto a José Luís Carneiro é, na sua ideia, o melhor líder para o PS neste momento e mais: “é aquele que eu gostaria que viesse a ser o próximo primeiro-ministro".
Reforma do Estado?Então passamos a ter um ministro do Simplex aditivado?”, a pergunta de Eurico Brilhante Dias sobre o novo Ministro Adjunto e da Reforma do Estado. 

O presidente do grupo parlamentar do PS não acredita que vá haver uma verdadeira reforma do Estado sem cortes de funcionários públicos.
 O Governo não informou o PS sobre a operação norte-americana na Base das Lajes, nos Açores. Eurico Brilhante Dias assegura mesmo que o partido não sabia do bombardeamento ao Irão por parte dos Estados Unidos.

Pede por isso ao Governo que tenha isso em atenção e garante que o PS não fará “oposição de forma puramente destrutiva em áreas de soberania que são centrais para a vida coletiva”.
Entrevista conduzida por Natália Carvalho, editora de política da Antena 1.
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