Acordo com o Chega. Montenegro diz que "é uma coisa da cabeça" de Ventura

por RTP

Foto: Tiago Petinga - Lusa

Luís Montenegro assegura que os anúncios para um eventual acordo à direita com o Chega são criações de André Ventura para se fazer notar. Em entrevista à RTP, o líder do Partido Social Democrata diz que está na corrida para ser primeiro-ministro e não líder da oposição.

As recentes afirmações de André Ventura, sobre o eventual acordo com a Aliança Democrática, deram o mote para a entrevista, com Luís Montenegro a considerar que tais alegações "não têm explicação" e que se destacam como "mais um episódio, entre muitos" que o líder do Chega "tem tentado lançar para ver se as pessoas olham para ele nesta campanha eleitoral".

Ao ouvir o que dizem os adversários políticos, como André Ventura e Pedro Nuno Santos, o candidato da AD afirma sentir "um acréscimo da responsabilidade".

"Cada vez mais sinto que há muitos eleitores, que eram potenciais eleitores quer do Chega quer do Partido Socialista, que não se reveem nesta campanha, que traz casos, que traz polémicas, em vez de trazer propostas, equipas, soluções para os seus reais problemas", explicou Montenegro.

"Sinto que aquilo que procurei fazer até agora está ainda mais vivo neste últimos dias da campanha, em que muitos eleitores poderão ter dúvidas", continuou. "E é na Aliança Democrática que vão encontrar um porto seguro para podermos ter uma mudança".

E voltando a negar qualquer acordo com o Chega, Montenegro reiterou: "É uma coisa da cabeça do doutor André Ventura, mais nada".


Sobre o tema da imigração, e no contexto das palavras de Pedro Passos Coelho recentemente, Luís Montenegro afirmou que tem tentado "olhar" como "uma das áreas que é fundamental para termos uma sociedade competitiva, uma sociedade onde haja recursos humanos para podermos ser mais capazes de criar riqueza e de a poder distribuir".

Sintetizando, o líder social-democrata considera que "devemos ter uma política que não é nem de portas escancaradas nem de portas fechadas à chave".

"Devemos regular a imigração, devemos saber (...) o tipo e o perfil de pessoas de que precisamos hoje no mercado de trabalho".

Apontando críticas à forma como "o SEF foi desmantelado", Montenegro disse que se abre "a porta para que alguns imigrantes sejam alvo de um aproveitamento inaceitável, indigno, em redes de tráfico" e expostos a cenários que podem condicionar o sentimento de insegurança.

"Nós somos um país que tem todo o interesse em atrair, em acolher, em integrar os imigrantes e em considerá-los novos portugueses. É essa a minha filosofia".

No que toca ao polémico tema do aborto, que tem estado na sombra da campanha da AD, o candidato garante que é "um compromisso de honra", se formar governo.

"Não vamos alterar nenhum enquadramento legal na questão do aborto", assegurou. "O que nós queremos é salvaguardar a saúde das mulheres portuguesas e conferir-lhe todo o acompanhamento para elas tomarem uma decisão - que tem naturalmente que se enquadrar na lei - relativamente à maternidade".

Se a 10 de março não vencer as eleições, Montenegro mantém o compromisso de "não governar".

"Mantenho todos os compromissos", declarou. "Sou candidato a primeiro-ministro e a governar Portugal. Aquilo onde eu tenho de ser claro é em dizer às pessoas o que é que eu vou fazer para aquilo a que me candidato".

"Não sou candidato a líder da oposição, sou candidato a primeiro-ministro", repetiu, acrescentando que se trata de "uma postura de responsabilidade".
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