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AD sai vencedora, Chega apanha PS e Livre é o único a subir à esquerda

por Joana Raposo Santos, Mariana Ribeiro Soares, Andreia Martins, Inês Moreira Santos - RTP
Foto: Violeta Santos Moura - Reuters

Numa noite eleitoral com várias surpresas, a Aliança Democrática venceu as eleições e conseguiu reforçar a percentagem de votos e o número de deputados no Parlamento. O segundo lugar permanece uma incógnita até que sejam apurados os resultados do estrangeiro, com Partido Socialista e Chega num braço-de-ferro pelo maior número de mandatos. A aproximação do partido de André Ventura levou Pedro Nuno Santos a apresentar a demissão da liderança do PS. O Livre subiu a quinta força política, enquanto o Bloco de Esquerda foi superado pela CDU. Há ainda um novo partido com representação parlamentar: o Juntos Pelo Povo.

Com 32,10 por cento dos votos e 86 deputados, a Aliança Democrática conquistou a vitória nas legislativas deste domingo. A este resultado juntam-se os 0,62 por cento (três mandatos) da AD na Madeira, que nessa região inclui o Partido Popular Monárquico (PPM).

"O povo quer este Governo e não quer outro. O povo quer este primeiro-ministro e não quer outro", destacou. "Espera-se sentido de Estado, sentido de responsabilidade, respeito pelas pessoas e espírito de convivência na diversidade mas também de convergência e salvaguarda do interesse nacional".

Questionado pelos jornalistas sobre as condições de governabilidade, o líder social-democrata afiançou: "Não me parece que haja outra solução de Governo que não aquela que dimana da vontade livre, democrática e convicta do povo português".

Luís Montenegro foi ainda questionado sobre o caso Spinumviva, sublinhando que a "razão objetiva" que conduziu às eleições "foi a rejeição de uma moção de confiança" na Assembleia da República.

Após esta eleição, "a moção de confiança que o povo endereçou hoje ao Governo é suficiente para que todos assumam as respetivas responsabilidades", assinalou Montenegro, exigindo ainda "maturidade" das forças políticas.


Perante o empate entre PS e Chega em número de deputados, só se ficará a saber quem irá liderar a oposição quando forem conhecidos os resultados do estrangeiro. Em jogo estão ainda quatro assentos: cada um tem agora 58 mandatos, com o PS a arrecadar 23,38 por cento dos votos e o Chega 22,56 por cento.

Confrontado com esta vitória para o Chega e derrota para o PS, o socialista Pedro Nuno Santos apresentou a demissão e anunciou eleições internas no partido.

“Pedirei eleições internas às quais não serei candidato”, declarou o secretário-geral socialista no seu discurso ao final da noite. “Mas como disse Mário Soares, só é vencido quem desiste de lutar e eu não desistirei de lutar. Até breve, obrigado a todos”.

Questionado pelos jornalistas sobre o que correu mal, Pedro Nuno considerou ser cedo para avaliações, mas concluiu que os "partidos que provocaram a instabilidade foram premiados".

"Nós fizemos o nosso melhor, denunciámos aquilo que estava mal na governação (...). Não foi suficiente"
, afirmou, acrescentando não ser "a pessoa certa para fazer juízos".Chega declara fim do bipartidarismo
André Ventura disse ter feito história esta noite ao tornar o Chega "o segundo maior partido" nas eleições legislativas. "Podemos declarar oficialmente, e com segurança, que acabou o bipartidarismo", vincou.

Sobre futuros cenários de governabilidade, o líder do Chega afirmou que o próximo Governo "depende do Chega e só do Chega", mas não esclareceu se viabilizará o programa do próximo Executivo no Parlamento.

“Podemos assegurar ao país algo que não acontecia desde 25 de Abril de 1974”, declarou.

“O Chega superou o partido de Mário Soares, de António Guterres. O Chega matou o partido de Álvaro Cunhal. O Chega varreu do mapa o Bloco de Esquerda”.
IL mantém, Livre e CDU sobem, Bloco desce
Em quarto lugar, tal como no ano passado, ficou a Iniciativa Liberal. O partido de Rui Rocha passou a nove deputados, mais um do que em 2024, conquistando 5,53 por cento dos votos.

"Não foi possível crescer mais, assumo esse ponto. Mas olhando para trás, para esta legislatura, para a campanha que fizemos, eu não teria feito nada diferente", afirmou, dizendo estar disponível "para as conversas dos próximos dias e para todos os contactos".

O Livre foi uma das surpresas desta noite eleitoral, pulando para quinta força política com 4,20 por cento dos votos e seis deputados (mais dois do que já tinha conquistado)."Nós vamos dinamizar um grande movimento democrático e progressista no nosso país, porque este é o início da reviravolta", garantiu Rui Tavares.

"Nós não nos conformamos, nós não baixamos os braços, e nós não achamos que seja normal ter um país em que a direita se radicalizou e está num crescendo muito grande, com a extrema-direita com tantos deputados", acrescentou.

Já a CDU perdeu um mandato, ficando agora com apenas três (depois de obter 3,03 por cento dos votos), mas conseguiu passar à frente do Bloco de Esquerda. Paulo Raimundo prometeu que o partido enfrentará com "muita coragem" a direita e a extrema-direita.

O porta-voz da CDU saudou, "de forma particular, a juventude" que deu a "esta campanha eleitoral uma expressão de grande dinâmica, de grande audácia, uma expressão eleitoral que teve frutos no presente e vai ter frutos no futuro".

O Bloco de Esquerda foi um dos derrotados da noite, ficando-se pelos dois por cento de votos (menos de metade em relação ao ano passado) e elegendo apenas a deputada Mariana Mortágua.

A perda de quatro deputados foi reconhecida pela coordenadora do BE como uma derrota. “Assumir essa derrota é o primeiro passo para fazermos em conjunto a reflexão que temos de fazer", considerou, aproveitando para garantir "a toda a esquerda em Portugal" que "o Bloco de Esquerda está aqui"."Temos muito trabalho pela frente para construir a esquerda e alargá-la, e para enfrentar a extrema-direita", acrescentou Mortágua.

O PAN conseguiu, por sua vez, manter a deputada única Inês Sousa Real, apesar de ter decrescido em número de votos: alcançou 1,36 por cento. "Gostaríamos de ter elegido um grupo parlamentar", admitiu a porta-voz, acrescentando que "o voto útil acabou por prejudicar mais uma vez a pluralidade democrática".

"Hoje é um dia triste do ponto de vista democrático para vários partidos e não apenas o PAN", frisou Inês Sousa Real, referindo-se ao crescimento da direita.

Por fim, com 0,34 por cento dos votos, o Juntos Pelo Povo alcançou representação parlamentar, elegendo um deputado. Filipe Sousa considerou preocupante o crescimento do Chega nestas eleições.

"Quando os governos falham, os extremismos aumentam. E a verdade é que o crescimento do Chega é preocupante", declarou aos jornalistas.
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